Equipes do serviço de Psicologia e Terapia Ocupacional do Hospital Geral Doutor César Cals (HGCC), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), promoveram um “Café com Saúde Mental”, voltado aos pacientes e familiares atendidos pela unidade. A ação, realizada na manhã desta terça-feira, 14, em Fortaleza, faz parte do projeto “Cuide da sua saúde mental: dê mais movimento e cor à sua vida”.
As atividades do projeto de acolhimento no equipamento de saúde ocorrem entre os dias 14 e 24 de janeiro. De acordo com o HGCC, as ações são diárias, mas foram intensificadas durante o primeiro mês do ano em alusão à campanha do Janeiro Branco, mobilização nacional dedicada à promoção da saúde mental e emocional.
Na programação, as atividades propostas vão desde a atenção psicológica e social, aos programas de atenção integrada como a Assistência Multiprofissional Ambulatorial (AMA). Além disso, há também o acolhimento de gestantes de risco e o acompanhamento das mães com filhos internados no Centro de Neonatologia.
Moradora de Pacoti, a auxiliar de serviços gerais e mãe do recém-nascido Francisco Herick, Paula Roberta, 41, conta que há três meses que acompanha seu filho na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HGCC. Apesar dos momentos de angústia, ela confessa que está feliz pela rotina de cuidados oferecida pelos profissionais do hospital.
“O acolhimento para mim é o que eu não tenho em casa. Eu recebo um abraço, eu recebo um carinho, eu recebo um sorriso. Elas acolhem a gente muito bem. Depois dessas palestras, a minha rotina e a minha mente mudaram muito. Essas palestras que a gente tem aqui são maravilhosas para a mãe de um prematuro. Eu só tenho a agradecer”, destaca.
A psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do HGCC, Eleonora Pereira, ressalta que as atividades têm como principal objetivo promover uma melhoria na saúde mental individual e coletiva dos participantes, construindo uma rede de apoio para esse grupo.
Ela destaca que, constantemente, a equipe busca aprimorar estratégias terapêuticas voltadas aos pacientes e familiares que precisam enfrentar longos períodos de internações.
“Pequenas ações no dia-a-dia para melhorar o bom humor; o nosso bem-estar, trazem repercussões não só mentalmente, mas também fisicamente, na nossa saúde de um modo geral”, pontua.
A psicóloga acredita que o efeito positivo das ações é imediato, mas que o objetivo é que os participantes possam usufruir dos aprendizados e da rede de apoio durante outros momentos difíceis da vida.
“Na hora que a ação vem sendo desenvolvida, a gente já espera que tenha uma melhora do humor já imediata. Mas, a gente quer também que, a longo prazo, essas pequenas ações acabem encontrando terreno fértil dentro de cada uma dessas pessoas para que, no dia-a-dia, num momento de desafio, elas possam resgatar esse conhecimento e utilizar essas estratégias”, revela.
Embalado ao som do violão na sala de acolhimento do HGCC, o porteiro Adailton Sousa de Oliveira, 42, confessa que vai sentir falta quando chegar a hora de se despedir das atividades de promoção à saúde mental oferecidas pelo hospital.
Natural de Camocim, o porteiro conta que, há 16 dias, acompanha a interação da filha no hospital. Prontamente, ele garante que só tem agradecimentos à equipe de profissionais responsável pelas atividades de integração. “Os profissionais que acolhem a gente aqui são muito atenciosos. Para mim, é igual uma mãe, muito maravilhoso mesmo”, destaca.
Pai de primeira viagem e sem costume de se envolver em atividades ligadas aos cuidados com a saúde mental, Adailton conta que a experiência de se sentir acolhido é uma novidade. “Isso aí é o especial, é tudo na hora certa. Eu acho que já engordei foi uns quilos depois que eu comecei a vir ao hospital, porque o acolhimento aqui é top demais. Tô sendo muito bem tratado; já tô ficando é maltratado, na verdade, já tô ficando é muito gordo”, brinca.
Aos 51 anos, o comerciante Geovane Duarte também enaltece a importância de atividades voltadas à atenção psicossocial. Pai de dois filhos, ele conta que já esteve no hospital 21 anos atrás, mas que muita coisa mudou de lá para cá.
“Hoje eu vejo a diferença. Da outra vez, eu fiquei três dias aqui e fui para casa logo. Aqui eu já tô há oito dias com a minha filha. É uma coisa que o acolhimento tá apoiando muito a gente, mesmo”, agradece.
Assim como Adailton, o comerciante acredita que as vivências com outras pessoas na mesma situação e o apoio dos profissionais de psicologia despertam um sentimento de acolhimento. “Isso aqui renova muito a gente, renova muito a nossa mente. Música traz tudo. A letra renova o coração da gente, porque a gente chegava aqui e ia só ver a criança e não tinha resultado de nada; mas, com a letra da música, aumenta a autoestima da pessoa”, agradece.
Para Cláudia Hemerita, terapeuta ocupacional do HGCC, há uma preocupação de todo o hospital em favorecer o cuidado mental. “Buscamos proporcionar um cuidado com conforto e qualidade. (...) Tudo pensado para desviar um pouco o foco da hospitalização, daquela preocupação. Isso vem ao encontro para também favorecer a saúde mental”, finaliza.