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Crio aguarda pagamento de R$ 7,8 milhões da Prefeitura em recursos destinados ao tratamento contra o câncer
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Crio aguarda pagamento de R$ 7,8 milhões da Prefeitura em recursos destinados ao tratamento contra o câncer

Unidade ainda não recebeu os repasses municipais dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2024
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O Crio é referência no tratamento do câncer  (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA O Crio é referência no tratamento do câncer

O Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), referência no tratamento de pacientes com câncer na Capital, aguarda pelo pagamento de R$ 7,8 milhões por parte da Prefeitura de Fortaleza. A unidade ainda não recebeu os repasses municipais dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2024, referentes à gestão anterior. 

No ofício enviado à nova gestão da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ao qual O POVO teve acesso, os servidores solicitaram a regularização de pagamentos de 2024 que não foram cumpridos. Segundo Crio, o Município devia os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro do ano passado. 

O repasse a ser pago somava um valor que superava R$ 9 milhões. Contudo, nesta quarta-feira, 15, o Município realizou o pagamento do mês de setembro, fazendo a dívida cair para cerca de R$ 7,8 milhões. 

A titular da SMS, Socorro Martins, confirmou o pagamento da parcela de setembro à instituição e classificou a situação referente ao atraso como “muito preocupante”.

“Eles já estão recebendo, já fizemos o pagamento do Crio; do Sopai (Hospital Infantil Filantrópico), que são instituições de grande importância para o serviço público. Esta é uma questão muito preocupante, porque a gente recebeu com quatro meses de atraso. Muito triste”, ressaltou.

A SMS e os funcionários do Crio confirmaram que estão em negociações e, sem citar prazos, a gestora da pasta confirmou que as dívidas serão quitadas.

“Vamos fazer os pagamentos já na nossa gestão. Isso que foi atrasado, a gente vai estar conversando com todos eles, para que a gente possa fazer toda uma prestação. Vamos tentar ver o que for melhor para a instituição também, porque é muito grave”, garante.

Interrupção dos repasses preocupa Prefeitura, funcionários e pacientes

Referência no tratamento do câncer no Ceará há 50 anos, o equipamento atende aproximadamente 20 mil pessoas por mês. Segundo o Crio, a interrupção do repasse de recursos compromete diretamente o tratamento dos pacientes, já que os valores devidos são utilizados para o pagamento de funcionários e fornecedores.

Moradora de Crateús, Maria do Socorro Teixeira, 49, conta que, desde 2021, vem a Fortaleza realizar seu tratamento contra o câncer de útero. Atendida no Crio, a agricultora conta que recebeu alta no mês passado e agradece aos profissionais do centro pelos cuidados.

“É um hospital muito bom, os funcionários tratam a gente muito bem. (...) Eu acho que se o Crio parasse de funcionar, afetaria muita gente. Vai ficar uma situação muito triste para muita gente, porque eu sei a dificuldade de todo mundo que passa por essa doença”, avalia.

Socorro Martins destacou que a gravidade da situação decorre de um grande acúmulo de dívidas sobre recursos que deveriam ser aplicados em procedimentos que afetam diretamente a população.

“Eu poderia muito bem ter muitas dívidas de construção, ter muitas dívidas de investimento, mas isso não foi o que a gente encontrou. A gente encontrou muitas dívidas na entrega do procedimento para o usuário, o cidadão de Fortaleza”.

Denúncias sobre paralisação dos repasses ao Crio são antigas

Em 2023, o Centro Regional Integrado de Oncologia denunciou que precisou reduzir em 30% os atendimentos intermediados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na instituição. A redução seria resultado de um corte de 20% do teto orçamentário mensal feito pela Secretaria da Saúde de Fortaleza (SMS).

À época, a antiga gestão da Prefeitura alegou que a insuficiência de repasses decorria de um cenário de carência orçamentária dos repasses do próprio Ministério da Saúde.

Na ocasião, a SMS teria informado que, anualmente, recebia cerca de R$ 21 milhões em repasses de recursos federais. Contudo, a pasta também afirmou a existência de um déficit de R$ 45 milhões com os estabelecimentos de saúde da Capital.

 Colaborou Grabriela Almeida

Histórico

Em 2023, o Crio denunciou que precisou reduzir em 30% os atendimentos intermediados pelo SUS na instituição, por causa do corte de 20% do teto orçamentário mensal feito pela SMS

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