A Pele de Tilápia Liofilizada, pesquisa criada inicialmente para tratar queimaduras, agora, deve chegar à população de forma geral. Na última segunda-feira, 13, a Universidade Federal do Ceará (UFC) divulgou edital para licenciar a patente da pesquisa, permitindo que uma empresa produza e use a pele de tilápia liofilizada para criar kits curativos biológicos em escala comercial.
A empresa selecionada receberá uma Licença Exclusiva. De acordo com a UFC, a ideia é que a empresa produza curativos destinados ao tratamento de lesões em humanos e animais. A seleção, aberta até 14 de fevereiro, será baseada na proposta mais vantajosa.
A patente, que garante direitos exclusivos sobre a invenção, foi concedida no final de 2024. Até o momento, os produtos com pele de tilápia liofilizada são produzidos exclusivamente para estudos de pesquisa.
Segundo Edmar Maciel, pesquisador e coordenador geral da pesquisa, a liberação do uso da patente beneficiará principalmente a população mais carente que depende do sistema público de saúde.
“A empresa selecionada será responsável pelo registro do produto na Anvisa, construir o parque de produção, fabricar os curativos e comercializá-los. A nossa expectativa é que o SUS adquira e distribua os kits na rede pública, priorizando pacientes de baixa renda, cerca de 97% dos pacientes que sofrem queimaduras”, explica.
Edmar Maciel explica que, atualmente, os hospitais da rede pública utilizam cremes e pomadas para tratar queimaduras. Apesar de baratos, precisam ser reaplicados diariamente, causando dor e desconforto aos pacientes.
“Com a pele de tilápia liofilizada, será possível oferecer uma cobertura de longa duração para as feridas, reduzindo a necessidade de trocas diárias, minimizando a dor dos pacientes, diminuindo o trabalho da equipe médica e reduzindo os custos gerais do tratamento”, aponta.
A expectativa é que a empresa responsável seja definida até o meio de 2025. Além do Brasil, espera-se que a comercialização atenda também atenda países da América Latina, África e Ásia. De acordo com o coordenador geral da pesquisa, a expectativa é que a empresa seja definida até o meio do ano.
Conforme José de Paula Barros Neto, pró-reitor adjunto de Inovação e Relações Interinstitucionais da UFC, a seleção é voltada para empresas da área de saúde, mas também pode incluir empresas que atuam com bioativos.
“O que será licenciado é o produto, e não a propriedade intelectual da pesquisa. A universidade e os pesquisadores mantêm os direitos sobre o conhecimento e a patente, mas vai licenciar o uso do produto. Isso significa que a universidade receberá royalties toda vez que o produto for comercializado”, esclarece.
Os royalties da patente são divididos da seguinte forma: 50% para a UFC, 43% para o pesquisador Edmar Maciel Lima Jr. e 7% para Marcelo Borges. A negociação será conduzida por uma comissão, incluindo os inventores, e o acordo será proporcional às cotas de cada um.
A empresa selecionada poderá usar a patente por 20 anos, ou seja, até o fim de sua validade. Após esse prazo, a renovação dependerá do acordo entre os cotitulares da patente e a empresa.
Prestes a completar 10 anos, os estudos sobre o uso da pele de tilápia na medicina regenerativa começaram em fevereiro de 2015, liderados por pesquisadores da UFC e pelo médico Edmar Maciel Lima Júnior, do Instituto Dr. José Frota (IJF). O foco era tratar queimaduras de segundo grau e feridas. Até então, não havia coberturas cutâneas temporárias de origem animal no Brasil. Já nos EUA se utiliza pele de porco, mas sua importação não era viável.
Os estudos identificaram alto teor de colágeno tipo I na pele da tilápia, que acelera a cicatrização e repara a matriz dérmica. A pele adere à lesão, evitando perda de líquidos, bloqueando bactérias e aliviando a dor.
A tilápia-do-nilo, o peixe mais consumido no Brasil, é de fácil reprodução e sua pele é normalmente descartada. Além disso, a pele da tilápia é clinicamente mais segura, pois animais aquáticos transmitem menos doenças que os terrestres.
Ao longo de uma década, os avanços de outras abordagens ampliaram as possibilidades de uso da pele de tilápia, como no tratamento de feridas, úlceras varicosas, sindactilia (dedos das mãos juntos), agenesia vaginal (mulheres que nascem sem vagina), reconstrução do canal vaginal, redesignação sexual, feridas em animais de pequeno e grande porte e na odontologia.
Patente
A ideia é que a empresa produza curativos destinados ao tratamento de lesões em humanos e animais. A licença será válida por 20 anos
Pele de tilápia Liofilizada
Prestes a completar 10 anos, os estudos sobre o uso da pele de tilápia na medicina regenerativa começaram em fevereiro de 2015, liderados por pesquisadores da UFC e pelo médico Edmar Maciel Lima Júnior, do Instituto Dr. José Frota (IJF). O foco era tratar queimaduras de segundo grau e feridas. Até então, não havia coberturas cutâneas temporárias de origem animal no Brasil. Já nos EUA se utiliza pele de porco, mas sua importação não era viável.
Os estudos identificaram alto teor de colágeno tipo I na pele da tilápia, que acelera a cicatrização e repara a matriz dérmica. A pele adere à lesão, evitando perda de líquidos, bloqueando bactérias e aliviando a dor.
A tilápia-do-nilo, o peixe mais consumido no País, é de fácil reprodução e sua pele é normalmente descartada. Além disso, animais aquáticos transmitem menos doenças que os terrestres.
Ao longo de uma década, os avanços de outras abordagens ampliaram as possibilidades de uso da pele de tilápia, como no tratamento de feridas, úlceras varicosas, sindactilia (dedos das mãos juntos), agenesia vaginal (mulheres que nascem sem vagina), reconstrução do canal vaginal, redesignação sexual, feridas em animais de pequeno e grande porte e na odontologia.