Os 508 guardas municipais que foram nomeados em dezembro de 2024 em Fortaleza vão ser convocados em duas etapas. Conforme informações divulgadas ontem, 4, pelo prefeito Evandro Leitão (PT) em visita ao O POVO, 254 servidores serão chamados "imediatamente" e 254 serão convocados no início de 2026.
Na manhã de ontem o gestor concedeu entrevista ao programa O POVO no Rádio, na O POVO CBN, onde chegou a informar a possibilidade de reduzir o chamamento, antes previsto para ocorrer em três fases. Pela tarde ele realizou uma reunião no Paço Municipal e definiu o novo cronograma.
Participaram do momento, entre outros, a inspetora Cristiane Fernandes, diretora-geral da Guarda Municipal de Fortaleza, e o coronel da Polícia Militar Márcio Oliveira, que chefia a Secretaria Municipal de Segurança Cidadã.
"Estamos reduzindo o prazo de convocação de três para duas turmas, com a convocação imediata de 254 agentes. A convocação da segunda turma, prevista para o início de 2026, chamará outros 254 guardas, totalizando os 508 restantes do certame. Contem conosco para fazermos de Fortaleza uma cidade cada vez mais protegida", frisou em comunicado nas redes sociais.
Os servidores foram nomeados em dezembro do ano passado ainda na gestão de José Sarto (PDT). Porém, ao ocupar o cargo, Evandro desfez o ato alegando que o chamamento não foi realizado de forma adequada. Ele chegou a remanejar convocações para três etapas, com a primeira contemplando 160 profissionais e prevista para o dia 1° de fevereiro, mas em nova avaliação resolveu reduzir as fases e acelerar o processo.
Além dos profissionais, a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) vai ganhar pelotões, implantados nas 12 regionais da Capital, iniciativa que foi uma das promessas do gestor municipal durante as eleições. Em entrevista à rádio O POVO CBN na manhã dessa terça-feira, 4, Evandro informou que instalações devem acontecer no período entre 90 a 120 dias.
"Nós temos um plano onde iremos implantar entre 90 a 120 dias. Estamos fazendo parceiras para aquisição de veículos e armas, para que a gente possa implantar os 12 pelotões da Guarda Municipal nas regionais", disse.
Reforço da atuação da guarda municipal integra uma série de ações para minimizar os efeitos do cenário da violência em Fortaleza, que em 2024 registrou aumento de 13% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). Índice soma casos de homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.
Ainda durante entrevista à rádio O POVO CBN na manhã de ontem, o gestor fez uma leitura desse cenário e disse acreditar que "não tem ninguém satisfeito com a segurança" na Cidade. Para o gestor, o Governo Federal deve criar e implantar um novo plano de segurança pública para o País. "Tem que liderar um grande movimento e alinhado com governos do estaduais e municipais", afirmou.
Evandro citou também a insatisfação do governador Elmano de Freitas (PT) com a segurança pública do Estado. Durante abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), na segunda-feira passada, 3, Elmano afirmou que o balanço é "muito positivo", embora ainda tenha "desafios muito importantes". "Um deles é o da segurança pública, que eu ainda estou muito insatisfeito com os resultados que nós alcançamos", concluiu Elmano. (Colaboraram Beatriz Cavalcante e Mirla Nobre)
Evandro condena violência no futebol, pede trabalho conjunto de segurança e cobra punições
O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), avaliou como "extremamente preocupante" o cenário de violência dentro e fora dos estádios de futebol, em entrevista exclusiva ao O POVO, ontem. O chefe do executivo municipal, que foi presidente do Ceará Sporting Club, destacou que é necessário um trabalho conjunto dos órgãos de segurança para punir os envolvidos e colocou a Guarda Municipal à disposição para compor equipes em equipamentos públicos.
Nos últimos dias 25 e 26 de janeiro, duas partidas do Campeonato Cearense tiveram casos de brigas entre torcidas de um mesmo clube: no estádio Domingão, em Horizonte, tricolores entraram em conflito durante o jogo Horizonte x Fortaleza; no Presidente Vargas, na Capital, os alvinegros protagonizaram confusão no duelo Ferroviário x Ceará. Já no sábado passado, 1º, no Recife (PE), torcedores de Santa Cruz e Sport promoveram cenas de guerra em vários pontos da cidade.
"É muito preocupante, muito preocupante. Isso está demonstrando a incapacidade nossa de dar resultados para a população. É extremamente preocupante você ver as cenas que nós vimos nos últimos 15 dias, em Horizonte, Fortaleza e Recife, chegando ao nível de a gente voltar à barbárie, situações inaceitáveis", avaliou Evandro Leitão, que fez extensa análise sobre o tema.
"O primeiro ponto é a questão da impunidade. As pessoas não têm mais medo de serem presas, porque sabem que serão soltas no dia seguinte. O segundo é a gente ter um controle maior não só dentro dos equipamentos esportivos, que são importantes, mas a grande violência — e eu digo isso com conhecimento de causa — não está dentro dos equipamentos esportivos. A grande violência está fora dos equipamentos esportivos, na ida e na volta dos eventos esportivos, porque não se tem o controle, não se tem o acompanhamento", pontuou.
Tantos os casos em solo cearense quanto em Pernambuco tiveram consequências. No cenário local, as torcidas organizadas envolvidas nas brigas foram suspensas, e os clubes tiveram de expor faixas com mensagens de paz nas arquibancadas. No Recife, o Governo do Estado chegou a decretar jogos sem presença de público, mas a Justiça concedeu liminar autorizando a presença dos torcedores do time mandante.
"É muito importante que a gente possa ter o acompanhamento dentro do estádio, apesar de que eu tenho convicção — e pode pegar os números — de que o problema maior não está dentro dos estádios, mas é importante que se faça o controle, com identificação facial, para que se a pessoa estiver tendo que cumprir alguma pena e não esteja por algum motivo, ela seja apreendida para cumprir; para ter o controle, ver quem está dentro do equipamento esportivo. [...] Mas não pode é do jeito que está hoje: a pessoa não é identificada. De cada 100, você pega 10% ou menos para efetivamente fazer algo. E fora do estádio, aí eu acho que é pior. Muito pior, mas muito pior. Não se compara", afirmou o prefeito, que determinou a implantação de reconhecimento facial no PV.
Evandro Leitão ressaltou que os agente de segurança podem monitorar as atividades das torcidas organizadas para detectar eventuais brigas previamente marcadas em pontos da cidade e que o poder público precisa agir de maneira firme para coibir novos episódios.
"Fora do estádio, que você não tem o controle, aí, sim, tem que ter um alinhamento muito grande entre Polícia Militar e Polícia Civil. A Polícia Civil fazendo um trabalho de inteligência, de investigação e dá para fazer esse trabalho. Muitos deles se combinam por internet, rede social, a grande maioria. Nós estamos acompanhando pela mídia que, lá em Recife, a Polícia Militar já tinha conhecimento do que ia acontecer. E por que não tomou nenhuma providência? Nós temos que fazer esse enfrentamento, nós não podemos deixar de fazer esse enfrentamento", alertou.
O prefeito de Fortaleza afirmou ainda que pode disponibilizar a Guarda Municipal para atuar junto com Polícia Militar e Polícia Civil em dias de jogos, para fazer a segurança de espaços públicos, e afirmou não ter "coragem" de frequentar as partidas e nem levar familiares em razão da violência.
No próximo sábado, 8, Ceará e Fortaleza disputarão o primeiro Clássico-Rei 2025, às 16h30min, na Arena Castelão, pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Cearense.
"Esse é um problema sério que nós temos que nos alinhar, e a Guarda Municipal está completamente à disposição para fazer esse alinhamento, principalmente nos espaços públicos do Município, praças, areninhas, para que a gente possa, junto com Polícia Militar e Polícia Civil, estar minimizando, fazendo com que as famílias voltem às praças esportivas. Eu mesmo vou completar três anos sem ir para estádio. E eu não tenho coragem de levar um filho meu, não tenho coragem de levar o meu neto para o estádio. Para que? Para ver as cenas que a gente tem visto?", finalizou Evandro.