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Início das obras de revitalização da Lagoa da Maraponga depende de diagnóstico ambiental
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Início das obras de revitalização da Lagoa da Maraponga depende de diagnóstico ambiental

Segundo moradores, o parque e a Lagoa estão depredados e servem como ponto de despejo ilegal de lixo e abandono de animais
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 Moradores denunciam abandono de animais e demora na revitalização da Lagoa da Maraponga (Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO)
Foto: Lorena Louise/Especial para O POVO Moradores denunciam abandono de animais e demora na revitalização da Lagoa da Maraponga

Apenas um parecer ambiental feito pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) separa a concretização da retomada das obras de melhoramento da Lagoa da Maraponga. Conforme João Vicente Leitão, titular da Seuma, o levantamento deverá ser entregue, no máximo, entre duas semanas por biólogos e geólogos. A Lagoa recebeu a terceira visita técnica nesta quarta-feira, 5, para analisar a situação.

O documento é aguardado pela Regional 10 para que os demais órgãos possam continuar o trabalho. Segundo Márcio Martins, titular da Regional, a limpeza e a iluminação — exigida pela construtora para prosseguir, de acordo com a Secretária Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) —, além da poda das árvores, dependem deste aprimoramento. 

Feito isso, a Superintendência de Obras Públicas (SOP) entrará em ação para executar, de fato, a obra. O trabalho será integrado entre Estado, responsável pela obra em si, e o Município, que fará a infraestrutura.

Para Márcio, a meta inicial seria depois do fim do Carnaval com a implementação de tapumes, no intuito de fechar e começar a execução com o propósito de finalizar ainda neste ano de 2025.

Ainda conforme a Regional 10, o polo gastronômico instalado na área será mantido, mas os trabalhadores deverão receber a cobrança para legalização. A revitalização também contará com o aprimoramento estético, informa o secretário.

No entanto, a localização exata pode ser ao lado da atual, separando do estacionamento. Esta escolha será discutida com os engenheiros. Além disso, a Polícia Militar e a Polícia do Meio Ambiente deverão promover a segurança do local.

Ademais, a Seuma deverá identificar a fauna e a flora, apontar os locais que podem ser limpos, os que devem ser revitalizados e os que não podem. "Não será retirada nenhuma árvore. Nosso objetivo é respeitar o meio ambiente", garante João Vicente Leitão. 

A Secretária de Proteção Animal, ciente da situação de abandono de animais domésticos e silvestres, afirmou que fará o manejo correto de animais abandonados no lugar por meio da Captura, Esterilização e Devolução (CED) como estratégia de controle populacional.

Segundo Apollo Vicz, secretário da pasta, haverá implementação de casas e colmeias para cães e gatos. Uma das propostas de Apollo será a veiculação de um VetMóvel em pontos de abandono na Lagoa. O prazo apresentado para a concretização, inclusive com serviços de castração, será decorrido da conclusão da obra.

Moradores denunciam descaso e abandono de animais na Lagoa da Maraponga

Nascida e criada no Parque Estadual da Lagoa da Maraponga, Francisca Raimunda, 75, apelidada carinhosamente de Dona Santinha, relembra da época que a lagoa e o parque eram bem cuidados e não haviam sido abandonados pelo poder público.

"Meu pai trabalhou aqui desde 1945. [Isso] aqui era um sítio lindo e maravilhoso. Era uma fazenda e aqui faziam cajuína na fábrica. Tinham muitos frutos que saíam pro Mercado dos Pinhões, era uma riqueza muito grande e acabou desse jeito", afirma apontando para o matagal repleto de lixo.

A aposentada conta que no final da década de 1970 e início dos anos 1980, o parque foi "se acabando". "Parece que ele [o dono] hipotecou ou vendeu, ninguém sabe, ele não disse nada a ninguém", comenta.

"O Parque da Maraponga é um parque lindo, todo aberto, todo cheio de árvores. Mas não tinha quem ligasse, né? [Está] tudo abandonado. Já vieram três vezes para fazer essas benfeitorias, mas não termina. Quando era um sítio, era mais bem cuidado", a idosa lamenta.

Dona Santinha denuncia da falta de conhecimento dos profissionais que realizam o aparo das árvores. "O pessoal que a Prefeitura manda pra cá para fazer a limpeza das árvores, não sabe podar as mangueiras. Eles tiram os galhos bons das mangueiras, que botam fruta e deixam os ruins", explica.

A ativista e protetora animal, Stephani Rodrigues, 44, relata ao que além de local do despejo ilegal de lixo, o Parque também é lar de vários gatos abandonados.

"Nós estamos cansados de sempre existirem essas obras e os mas sempre ser sofrerem, né? Então, dessa vez vai ser diferente. Nós vamos fiscalizar agora as obras do estado e do município para que não haja nenhum tipo de crime ambiental cometido com os animais", afirma.

A protetora relata que o Parque é um ponto de abandono e segundo ela, existem dezenas de animais abandonados no local.

Stephani continua: "Por mais que existam secretarias e fiscais, às vezes eles se silenciam por conta das dores dos animais, mas nós não. Vamos fazer com que exista um entendimento comum entre as secretarias municipal e estadual, para que a coordenadoria do município, que foi convidada para poder trabalhar na parte de proteção animal, refaça o remanejamento de todos os animais".

Além das espécies domesticadas, há animais silvestres no local, como o macaco sagui — popularmente conhecido como "soin", teiú — ou "tejo", carcará, urubu e outros.

"Em relação ao manuseamento dos animais silvestres, seria interessante a presença do Ibama, porque eles já têm um conhecimento técnico e sabem como fazer o manejo para que, como eu falei, que a gente não vai aceitar que derrubem árvores, nós não vamos aceitar desmatamento, não vamos aceitar nada. Queremos que o poder público entenda nossa necessidade de ativismo", finaliza.

Quiosques estão abandonados desde 2022

O também protetor animal Geymen Santiago, 28, relata o abandono de quiosques, que estão presentes na frente do parque. Segundo ele, os quiosques estão incluídos no projeto da SOP. "A ideia é fazer com que as pessoas façam seu empreendimento acontecer e movimentar a economia local. [Mas] não tem ninguém utilizando", afirma.

De acordo com ele, a obra encontra-se abandonada e depredada desde 2022. "Já levaram portões, telhas e madeira. Foram gastos mais de três milhões e a gente vê o muito que foi gasto e o pouco que foi feito pelo Governo do Estado do Ceará", lamenta.

Segundo Geymen, o desejo da população é que a Lagoa e o Parque "se tornem vida". "[Queremos que] se torne uma área preservada que o poder público e a atual gestão cuidem bem, tanto da natureza, e que preservem isso aqui", finaliza.

 

 

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