Logo O POVO+
Velório de criança morta na comunidade da Rosalina é marcado por protesto pedindo paz
CIDADES

Velório de criança morta na comunidade da Rosalina é marcado por protesto pedindo paz

O menino Kaleb foi morto com seis tiros ainda vestindo a farda escolar
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Crianças usaram cartazes e balões brancos durante o velório de Kaleb Rodrigues  (Foto: Jéssika Sisnando )
Foto: Jéssika Sisnando Crianças usaram cartazes e balões brancos durante o velório de Kaleb Rodrigues

O entra e sai na Associação dos Moradores da Rosalina, no bairro Parque Dois Irmãos, começou na tarde desta terça-feira, 11. Muitas crianças e adolescentes permaneciam sentados em cadeiras de plástico de cor branca. Uma das coordenadoras da associação esquentou um café para os presentes, todos estavam sem acreditar: o menino Kaleb Rodrigues da Silva, de 11 anos de idade, voltava para casa dentro um carro funerário após ser vítima de seis disparos de arma de fogo. 

A criança não sobreviveu em meio à guerra entre facções na comunidade da Rosalina. Agora deixa memórias e amigos com histórias para contar.  Na segunda-feira, 10,  três pessoas foram mortas na comunidade, sendo dois adultos e a criança. Outras duas pessoas saíram baleados. Suspeitos do crime foram presos e armas apreendidas. 

Do lado de fora da associação, uma menina de cabelos claros se aproximou e comentou: "Ele era meu amigo. Estudava na minha sala, no infantil, na quarta e na quinta série. E agora na 6ª série, mas agora ele está morto. Quando vi na televisão chorei muito. É muito triste perder as pessoas. Eu perdi minha mãe, meu pai e agora moro com minha avó". Ela segurava um balão branco nas mãos. 

No momento da chegada do carro funerário, a menina correu para perto do carro como quem fosse dar um abraço no amigo. Dezenas de crianças seguravam cartazes amarelos pedindo paz na Rosalina. Desenhos de corações quebrados dividiam espaço com frases de luto. Encostados naquele veículo fúnebre, todos de olho no pequeno caixão, muitas crianças esperavam o momento do menino ser levado o velório.  Houve uma queima de fogos e, no momento que as pessoas seguraram o caixão, todos aplaudiram o menino Kaleb enquanto os balões branco seguiam em direção ao céu. 

A mãe de Kaleb recebia abraços e os irmãos choravam. Durante entrevista ao O POVO, a mulher de nome preservado, informou que trabalha com reciclagem. A rotina dela começava cedo e se dividia entre os cuidados com a casa, os três filhos que moravam com ela e o emprego. 

"Meu filho era muito carinhoso comigo, quando eu chegava do trabalho ele levantava e pegava a minha bolsa, me colocava para dentro, me beijava. Toda vez que eu espirrava ele era o único que dizia - saúde, mãe! Eu não estou mais completa", lamenta. 

A mãe ainda descreve que já passou por momentos de aflição envolvendo a guerra das facções dentro de um ônibus em razão da disputa de facções. Ela havia ido a um evento particular para trabalhar e levou o filho mais velho, no entanto, quando voltavam dentro do ônibus, indivíduos de um bairro onde predomina uma facção rival arrebataram o garoto. A mulher diz que o filho só não foi morto, pois o motorista ligou para a Polícia.

A diretora da escola onde Kaleb estudou na 5ª série e as professoras dele estavam presentes no velório. Com lágrimas nos olhos elas também o descreveram como um menino prestativo e que participava de todas as atividades em sala. O garoto também praticava esportes na associação do bairro e soltava raia pelas ruas da Rosalina, que agora perde um menino querido.

Sepultamento no Bom Jardim 

O velório de Kaleb ocorreu na Associação dos Moradores da Rosalina, bairro Parque Dois Irmãos. O sepultamento na manhã desta quarta-feira, 12, no Cemitério Bom Jardim. Os próprios moradores se reuniram para pagar os gastos com funeral e um ônibus para o translado de familiares e amigos. 

O governador Elmano de Freitas (PT) utilizou as redes sociais para comentar o caso e informar que os autores do crime foram presos. 


Despedida

O sepultamento de Kaleb está marcado para a manhã de hoje, 12, no Cemitério Bom Jardim. Moradores se reuniram para pagar os gastos com funeral e um ônibus para o translado de familiares e amigos

O que você achou desse conteúdo?