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Aumento da temperatura no CE não está relacionada a onda de calor
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Aumento da temperatura no CE não está relacionada a onda de calor

Temperaturas no Ceará podem aumentar até 4°C até hoje (18). De acordo com o meteorologista da Funceme, Vinícius Oliveira, as altas temperaturas no Ceará não podem ser consideradas anomalias, já que este é o clima comum do Estado.
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FORTALEZENSES têm sentido o aumento da temperatura (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal FORTALEZENSES têm sentido o aumento da temperatura

O Ceará tende a apresentar temperaturas até 4°C mais elevadas durante o início desta semana, conforme previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com o órgão, o crescimento tem sido registrado desde domingo passado, 16, e deve se estender até esta terça-feira, 18.

Os dados foram apresentados em aviso meteorológico, emitido pelo Inmet na última sexta-feira, 14. Conforme aviso, o aumento das temperaturas começou já no domingo, 16, mais ao sul do Estado. Nesta segunda, 17, o calor chega a todo o Ceará, com maior incidência na região do Sertão Central e Inhamuns, de onde segue à sudeste para a Paraíba.

Além dos informes oficiais, o calor pôde ser sentido por moradores das cidades cearenses. Luan Victor, 25, relata que tem sentido o aumento da temperatura nos últimos dias, principalmente durante o início das tardes.

“Tenho usado ventilador e muito mais banhos em casa. A gente toma banho, aproveita o ventilador também e tenta balançar na rede para driblar o calor, [porque] quando dá meio-dia dá pra fritar até um ovo na calçada”, conta o gerente.

Naturalmente, as temperaturas tendem a subir durante os momentos de maior incidência solar, como destacado por Luan. Entretanto, nem só nos período da manhã e tarde o calor tem incomodado a população aqui no Estado.

O calor também tem tornado as noites cada vez mais difíceis até em áreas litorâneas, como Fortaleza. Para a moradora da Capital, Luiza Lima, as temperaturas mais altas prejudicam até o sono, já que são necessários alguns banhos durante a madrugada para driblar a sensação térmica elevada.

“É no banho até de madrugada. Pelo menos eu, que sou calorenta, levanto [para tomar banho]. Ontem foi um dos dias em que estava muito quente”, conta a técnica de enfermagem.

O incômodo sentido por Luiza pode ser visto também em números, já que segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os termômetros na Capital tiveram picos de 29.7°C durante a noite, com registros acima dos 27° mesmo durante a madrugada.

Alta na temperatura não está relacionada com onda de calor que atinge o País

Ao contrário do que tem acontecido em outras regiões do País, o crescimento das temperaturas aqui no Ceará não está relacionado com a onda de calor gerada por uma massa de ar quente e seco, atuante em áreas do Sudeste, Sul e Nordeste.

De acordo com o meteorologista da Funceme, Vinícius Oliveira, as altas temperaturas no Ceará não podem ser consideradas anomalias, já que este é o clima comum do Estado.

“Em primeiro momento, se tu for pensar, essas temperaturas em regiões do Centro Sul do Estado e até mesmo do Litoral Norte são comuns. Todos os dias bate a casa dos 37°C, 38°C e até mesmo 39°C”, explica o meteorologista.

Essa alta de temperatura que tem ocorrido no Ceará também não se enquadra nos quesitos para classificação de onda de calor, já que conforme a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), o termo se refere a locais que tiveram índices pelo menos 5°C acima da média mensal durante cinco dias seguidos.

Conforme Vinícius, é difícil que ocorra uma onda de calor no Ceará durante o primeiro semestre, já que tamanho aumento das temperaturas costuma ocorrer em períodos sem chuvas, e durante os meses de fevereiro a maio, a Terra da Luz se encontra em quadra chuvosa.

“As temperaturas mais altas tendem a ocorrer no segundo semestre, por vários fatores, o principal deles a ausência de chuvas, que gera mais radiação e temperaturas elevadas. O primeiro semestre é marcado pela nossa quadra chuvosa, ou seja, o aumento da nebulosidade. Consequentemente, menos radiação chega na superfície”, conclui Oliveira.

Quais os cuidados necessários durante períodos de altas temperaturas?

Momentos como este, de grandes picos de calor, oferecem diversos riscos à saúde, desde a pele até os vasos sanguíneos. Pensando nisso, O POVO separou algumas dicas de especialistas sobre quais os cuidados necessários para evitar problemas durante as altas temperaturas. Confira:

Cuidados com a pele:

A exposição ao sol pode gerar problemas como manchas e queimaduras, principalmente em pessoas com predisposição clínica a esses quadros. Entre as recomendações principais está o uso do filtro solar de pelo menos 30 FPS, que deve ser reforçado a cada duas horas.

Em muitos lugares do país, a orientação é evitar o sol entre as 10 e as 16 horas, entretanto, devido à maior incidência de raios ultravioleta no Estado, esse horário de risco começa mais cedo, logo às 8h.

“Aqui, a partir de 8h-9h da manhã nós temos uma incidência muito alta, que normalmente não se tem em regiões como o Sudeste. O sol de 8 horas da manhã daqui não é igual ao de lá. Então, esse horário não seria mais de 10 às 16h. Se essa exposição puder ser evitada depois das 8h até às 16h seria o ideal”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Ceará (SBD-CE), Guilherme Holanda.

Cuidados com o coração:

O coração é um dos órgãos mais afetados pelas altas temperaturas. Com a maior sensação de calor, o corpo começa a suar em demasia, o que pode gerar quedas de pressão arterial, resultando em tonturas e falta de disposição.

Em alguns casos, a perda de água do corpo para o ambiente pode acarretar também em uma viscosidade maior do sangue, cenário favorável a infartos. Os exercícios físicos também são um ponto de alerta, já que podem exigir demais do coração e resultar em problemas por desgaste, somados ao calor.

“O ideal é que ok, faz super bem para a saúde fazer exercício físico. O que não dá é para fazer esse exercício em locais muito quentes, porque isso pode predispor arritmias e quedas de pressão com sintomas de tonturas, dor de cabeça, mau estar e até vômitos e desmaios”, pontua a cardiologista Bianca Lopes.

Em caso de emergências cardiovasculares, a profissional recomenda que, ao menor sinal de indisposição repentina ou fraqueza estranha no corpo, a pessoa pare de fazer o exercício e busque identificar o que está sentindo. Logo após, ficar em repouso por alguns minutos pode ajudar a normalizar o corpo, bem como ingerir água, isotônicos e líquidos nutritivos ao corpo.

Cuidados com as crianças

Por fim, as crianças também tendem a ser afetadas pela alta das temperaturas. Com energia de sobra, os pequenos tendem a estar sempre em movimento, o que em dias muito quentes, pode resultar em suor excessivo e desidratação. Nesses casos, a principal recomendação é reforçar a presença de líquidos e frutas na alimentação, a fim de recompor a água perdida pelo corpo para o ambiente.

No caso das crianças, a atividade física continua sendo recomendada, mesmo em dias mais quentes, devido aos benefícios que os exercícios trazem para o desenvolvimento. Entretanto, estes devem sempre ser monitorados por um responsável e acompanhados de muito consumo de água, para manter níveis satisfatórios de hidratação.

Quem também pode ajudar são os banhos, tanto para aliviar o calor, quanto para hidratar. Neste momento é importante o uso de produtos que auxiliem no cuidado da pele das crianças, já que o sol também resseca a derme.

“Dependendo se a criança ficar suada, a gente pode sim dar mais banhos para a criança ficar mais tranquila e refrescada. Sempre lembrando de usar os produtos adequados para a faixa etária das crianças e hidratar bem a pele após o banho, porque o calor resseca muito a pele”, orienta a pediatra Isa Schmitt.

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