Carros, imóveis de luxo e duas pousadas foram apreendidos em uma operação contra a divulgação de jogos de azar conhecidos como “jogo do tigrinho” no Ceará. De acordo com a Polícia Civil do Ceará (PC-CE), os bens pertenciam a um casal de influenciadores cearenses que somam mais de 200 mil seguidores nas redes sociais. Conforme a Polícia, os alvos movimentaram R$ 130 milhões em dois anos com a divulgação de cassinos online.
A investigação começou a partir de denúncias de consumidores prejudicados pelas plataformas de apostas. Além disso, a movimentação de grandes valores em um curto período de tempo chamou atenção da Delegacia de Combate à Lavagem de Dinheiro (DCLD), da Polícia Civil do Ceará.
“Eles compraram um bloco de apartamento, compraram ruas planejadas com diversas casas, compraram pousadas e também os imóveis em condomínios de luxo em Aquiraz e no Eusébio”, relata o delegado da DCLD, Jailton Rodrigues.
Na primeira fase da operação Jackpot - nome que remete aos prêmios de cassinos - foram bloqueadas contas bancárias com valores até R$ 117 milhões. Houve ainda o sequestro de 15 carros e motos de luxo, 28 imóveis e duas pousadas na Praia da Caponga, em Cascavel.
“É um casal jovem que começou a utilizar as redes sociais como entretenimento e, conforme foram crescendo o número de seguidores, foram enveredando para a divulgação desses tipos de jogos, demonstrando simulações de ganhos altíssimos, ostentando patrimônio grande nas redes sociais, tudo para induzir as pessoas a jogarem”, diz Jailton.
Os dois estão sendo acusados de estelionato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, crime contra a economia popular e contra o consumidor, conforme o delegado. As penas podem chegar a 30 anos de reclusão.
Além dos perfis no Instagram, o casal mantinha grupos no Telegram e no Whatsapp para divulgar jogos, cassinos e plataformas irregulares. “Isso faz com que a pessoa venha a jogar, na ânsia de ter algum lucro, mas vai sempre ter um prejuízo”, afirma Jailton.
As empresas nacionais e internacionais donas das plataformas de azar oferecem contratos que prevêem lucros para os influenciadores a partir da quantidade de novos cadastros que conseguem atrair, mas também porcentagens do dinheiro perdido pelos clientes. “O percentual auferido por eles através do que os clientes estão perdendo, do que os apostadores estão perdendo, é gigantesco”, diz.
Apesar das acusações, o casal não foi preso. A investigação continua para colher mais dados das atividades ilegais dos influenciadores. “Também foi solicitado ao Poder Judiciário e acatado, nós acreditamos que nas próximas horas as redes sociais utilizadas por essas pessoas serão tiradas do ar”, afirma o delegado.
Para quem foi lesado pelas plataformas que prometem ganho rápido com apostas, o delegado encoraja o registro de um Boletim de Ocorrência (BO). “Existe a previsão legal de retorno do patrimônio auferido de forma ilícita”, explica. São utilizadas medidas cautelares de restrição patrimonial para recuperar os ativos. A denúncia também ajuda a combater novos crimes.
“É importante que as pessoas que tenham sido vítimas registrem o BO e pormenorizem todos os detalhes daquela plataforma, daqueles perfis de redes sociais, exatamente no intuito de que haja um combate efetivo e também o possível ressarcimento do prejuízo”, diz Jailton.