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Busto em homenagem a Fran Martins deve ser instalado na UFC até o fim do ano
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Busto em homenagem a Fran Martins deve ser instalado na UFC até o fim do ano

Bloco didático e busto em homenagem ao jurista devem ser inaugurados até o fim do ano
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PRAÇA Fran Martins necessita de manutenção e de limpeza  (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE PRAÇA Fran Martins necessita de manutenção e de limpeza

O jurista, advogado e escritor cearense, Fran Martins, será homenageado com a instalação de um busto na Faculdade de Direito (Fadir), da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza. A informação foi confirmada pelo diretor da Fadir, Gustavo Cabral, em entrevista ao O POVO, nessa segunda-feira, 17. Além da escultura, um dos blocos didáticos também deve galardoar o bacharel. A expectativa é que as entregas sejam feitas até o fim do ano.

No início de fevereiro, professores do Departamento de Direito Privado, da Fadir-UFC, encaminharam um abaixo assinado à Prefeitura de Fortaleza, solicitando a transferência de um outro busto em homenagem ao jurista Fran Martins para a universidade. Atualmente, a escultura integra o cenário da praça localizada entre a avenida Pontes Vieira e as ruas Lívio Barreto e Osvaldo Cruz, no bairro Dionísio Torres, na Capital.

O diretor da Fadir, Gustavo Cabral, detalhou que a demanda da transferência chegou a ser conversada com o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), mas que a família do advogado havia se prontificado a doar um novo busto para a UFC.

“A família achou por bem, na realidade, não realizar mais a transferência do busto; considerando que ele se encontra em um logradouro público e, de fato, mais importante que fazer apenas a transferência, seria que houvesse uma homenagem nos dois espaços”, explica.

O caminho das homenagens, portanto, tomou um rumo diferente. Segundo o diretor, os familiares do professor Fran Martins se ofereceram a confeccionar um outro busto para ser alocado na Faculdade de Direito da UFC, como parte de uma série de homenagens que será feita ao jurista na instituição.

Sobre as homenagens a Fran Martins, Gustavo Cabral ressalta a importância do bacharel e de sua família para a cultura cearense, além de suas contribuições para o Direito, especialmente o Direito Comercial, e à Literatura: “Homenagear essas figuras faz parte de um reconhecimento que a Universidade Federal do Ceará tem, que é efetivamente ajudar a construir o Ceará que nós conhecemos. A Faculdade de Direito, historicamente, tem um papel central nesse processo, ao longo do século XX”.

Praça em homenagem ao jurista apresenta sinais de abandono

Comércio de portas fechadas, lixo acumulado, piso acidentado e bancos quebrados, esse é o cenário encontrado por transeuntes que frequentam a Praça Profº Fran Martins, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza. Em visita ao local nessa terça-feira, 18, O POVO constatou a situação de abandono do equipamento público, que afasta moradores e dificulta o acesso ao local.

No centro da praça, o busto do homenageado também não escapou da depreciação. Sem identificação, a escultura atrai olhares curiosos pela coloração azulada que denuncia a falta de manutenção ao longo dos anos. Sentado sozinho em um dos bancos quebrados, Pedro Henrique Galvão, 39, aguardava a esposa sair de uma entrevista de emprego enquanto dividia sua atenção casualmente entre o telefone e a escultura. A obra o atraiu mais pelo estado de degradação que pelos feitos do homenageado.

Questionado se conhecia o jurista, Pedro é direto: “não, que não tem nenhuma placa. Pelo que eu estou vendo daqui, havia uma identificação aqui da placa, que deve ter sido furtada, principalmente porque as placas são feitas de cobre e o pessoal carrega, né?”.

 

A situação da praça também não escapou das observações de Pedro Henrique. “Está bem degradada, pelo estado que você dá para verificar. Até o próprio banco aqui tá bem acabado. O calçamento também tá bem defeituoso, né? Acessível não é não, pelas alturas aqui, você pode ver que os degraus são altos”, comenta.

A Secretaria Executiva Regional (SER) 2 informou ao O POVO que enviará equipe técnica nesta semana à Praça Prof. Fran Martins, no bairro Dionísio Torres, para identificar os serviços necessários e, em seguida, iniciar os reparos no equipamento. O órgão acrescenta que para registrar solicitações de serviços públicos, os fortalezenses podem ligar para o telefone 156 ou por meio das Centrais de Acolhimento das Secretarias Regionais.

Quem foi Fran Martins?

Em 1913, Antônio Martins de Jesus e de Antônia Leite Martins davam à luz ao advogado, jurista e escritor Francisco Martins. Natural de Iguatu, município cearense localizado a 388,82 km de Fortaleza, o célebre membro da Academia Cearense de Letras foi orientado pelo irmão, Antônio Martins Filho, entusiasta e primeiro reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), a encurtar o nome. Ficou então conhecido como Fran Martins, epíteto que assina o busto em sua homenagem, localizado na praça fortalezense de mesmo nome.

Durante os tempos de colégio, frequentou o Ginásio do Crato, Liceu Maranhense e Colégio Cearense dos Irmãos Maristas, na Capital. A vida acadêmica o levou a Pernambuco, onde ingressou na Faculdade de Medicina de Recife. A falta de recursos financeiros para custear a formação o trouxe de volta ao Ceará.

Tendo desenvolvido gosto pela literatura desde muito jovem, fez da Faculdade de Direito do Ceará, que mais tarde deu origem à Faculdade de Direito da UFC, seu novo destino. Bacharelou-se e fez carreira na área, tendo atuado como jurisconsulto e professor, catedrático de Direito Comercial da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará e da Faculdade de Direito da UFC.

Entusiasta da vida associativa e cultura nos áureos tempos universitários, tornou-se um dos idealizadores e fundadores do grupo Clã, iniciativa que consolidou o Modernismo no Ceará. Sua atuação enquanto jornalista e crítico literário também foi destaque, especialmente na condição de redator dos jornais “A Esquerda”, “Pátria Nova”, “A Nação”, “A Rua” e “O Estado”.

Em seu extenso currículo, abriu-se espaço para notificar outros respeitáveis desempenhos, incluindo seu posto na Associação Cearense de Escritos, onde assumiu a cadeira nº 5, que tem como patrono o escritor Pápi Júnior. Além disso, foi membro da Associação Cearense de Imprensa (ACI), do Rotary Clube de Fortaleza, da Academia Cearense de Letras (ACL) e do Instituto do Ceará.

Entre suas obras, destacam-se: Manipueira (1934); Ponta de Rua (1937); Poço de Paus (1938); Mundo Perdido (1940); Estrela do Pastor (1942); Noite Feliz (1946); Mar Oceano (1948); Romance e Folclore (ensaio, com Dolor Barreira, 1948); O Cruzeiro tem 5 Estrelas (1950); O Amigo de Infância (1959); José de Alencar Jurista (1960); A Rua e o Mundo (1962); Dois de Ouros (1966). Das Sociedades por Quotas no Direito Brasileiro (1955); Das Sociedades de responsabilidade Limitada no Direito Estrangeiro (1956); Curso de Direito Comercial (1957, com várias reedições).

Sua trajetória, notável pela significativa contribuição à literatura e ao Direito, foi resgatada nas 160 páginas dedicadas a sua história, no livro "Fran Martins, o escritor e o mundo", da jornalista Ângela Barros Leal. A obra fez parte das celebrações pelo centenário de seu nascimento, em 2013, que, assim como seu legado, entrou para a história do Ceará.

Quem foi Fran Martins?

Em 1913, Antônio Martins de Jesus e de Antônia Leite Martins davam à luz ao advogado, jurista e escritor Francisco Martins. O célebre membro da Academia Cearense de Letras (ACL) foi orientado pelo irmão, Antônio Martins Filho, entusiasta e primeiro reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), a encurtar o nome. Ficou, então, conhecido como Fran Martins.

Tendo desenvolvido gosto pela literatura desde muito jovem, fez da Faculdade de Direito do Ceará, que mais tarde deu origem à Faculdade de Direito da UFC, seu novo destino. Bacharelou-se e fez carreira na área, tendo atuado como jurisconsulto e professor, catedrático de Direito Comercial da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará e da Faculdade de Direito da UFC.

Tornou-se um dos idealizadores e fundadores do grupo Clã, iniciativa que consolidou o Modernismo no Ceará. Sua atuação enquanto jornalista e crítico literário também foi destaque, especialmente na condição de redator dos jornais "A Esquerda", "Pátria Nova", "A Nação", "A Rua" e "O Estado". Foi membro da Associação Cearense de Imprensa (ACI), do Rotary Clube de Fortaleza e do Instituto do Ceará.

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