Aguapés cobrem a Lagoa da Parangaba, em Fortaleza, como uma espécie de “tapete verde” sobre o maior espelho d'água da Cidade. A causa é o excesso de poluentes, que induzem o crescimento das plantas. O entorno da lagoa também exibe condições precárias de manutenção.
O píer do local, construído em concreto e madeira, em 2019, está tomado por matagal. Há estruturas quebradas ou rachadas, além de lixo acumulado nos canais da Lagoa.
Os moradores da Parangaba já estão acostumados com o cenário, conforme Muniz Filho, 52, que mora no bairro há mais de 20 anos. “Esses aguapés são uma tristeza muito grande. É uma pena a falta de manutenção frequente. Eu acho a nossa lagoa tão bonita, que poderia ser até um polo turístico”, diz.
Ele destaca o projeto de revitalização feito no local, em 2019, quando foram implementados playground, pista de skate, quadras de areia, quadra poliesportiva, rampas de acessibilidade e uma ciclofaixa. “Mas a Lagoa é tão mal cuidada. Fizeram esse calçamento aqui bonito, mas se você andar por aí, vai ver que tem muita coisa quebrada. É até perigoso você correr, caminhar e escorregar”, comenta Muniz.
O vendedor ambulante Assis Nascimento Rodrigues, 51, diz que trabalha na avenida Américo Barreira - em frente à Lagoa da Parangaba - há cerca de 40 anos, e reclama do mau cheiro, do lixo e da falta de manutenção de limpeza frequente no local.
“É um cheiro ruim, porque vai todo tipo de esgoto para dentro da Lagoa. Não limpam, aí não tem como tomar banho. O cara que toma banho aí larga o couro. Aí tem pescador, mas é por necessidade. Quem não tem o que comer tem que vir pegar os peixinhos para comer”, afirma.
Quem passa pelas avenidas Américo Barreira e Carneiro de Mendonça visualiza bem o conjunto de jacinto-de-água (eichhornia crassipes) - conhecido como aguapés.
A proliferação dos aguapés está relacionada com a eutrofização, que ocorre quando um corpo d'água recebe grande quantidade de rejeitos com matéria orgânica rica em minerais e nutrientes.
"A questão dos aguapés na Lagoa da Parangaba é para nós um indicador muito claro da poluição da Lagoa. E nós percebemos isso não só na da Parangaba, mas também em várias lagoas da Cidade”, pontua Maria Inês Escobar, engenheira agrônoma e professora de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ela detalha que o esgoto jogado nas lagoas cria um ambiente enriquecido de nutrientes, principalmente de nitrogênio e fósforo, que vão gerar crescimento dos aguapés. "Com esse crescimento desordenado, essas plantas vão tomando o espelho d'água, vão diminuindo o oxigênio na água, acarretando na morte de diferentes espécies dentro daquele ambiente aquático”, detalha.
De acordo com a engenheira, a poluição gera um custo alto para o setor público, uma vez que "a remoção dessas plantas tem um valor muito alto para a Prefeitura”. Como exemplo, cita a despesa no valor de R$ 1 milhão para realizar a limpeza dos aguapés do Açude Santo Anastácio, situado na UFC, no bairro Pici, que é, comparativamente, menor que a Lagoa da Parangaba.
Em volume hídrico, a Lagoa da Parangaba é a maior da Capital, e possui um espelho d’água de aproximadamente 470 mil m². Já o Açude Santo Anastácio tem aproximadamente 143.400 m2.
O Defesa Civil de Fortaleza informou que executa, desde o dia 6 de março, a limpeza na Lagoa da Parangaba. Inicialmente, destaca a pasta, a ação é mecânica, com uso de máquina retroescavadeira. E depois haverá equipes realizando a limpeza manual.
"Importante reforçar que, por ser a maior lagoa da Cidade, a ação de limpeza tem duração média de três meses", cita a nota. Prefeitura destaca também que iniciou, desde janeiro, mutirão de limpeza nos recursos hídricos da Cidade, que teria chegado a 114 canais limpos e 11 em andamento, com o objetivo de minimizar os transtornos decorrentes da quadra chuvosa.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, cinco lagoas foram limpas e outras seis estão com serviços. As localidades não foram informadas.
O POVO questionou ainda a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) sobre ações para melhoria da qualidade da água e para conscientização ambiental da população.
Sobre o controle da qualidade da água da Lagoa, a Seuma respondeu, por nota, que “realiza o monitoramento dos recursos hídricos da cidade de Fortaleza, por meio de análises bimestrais dos parâmetros físicos, químicos e biológicos, com base na legislação (Resolução CONAMA nº 357/2005)”.
Acerca da limpeza dos resíduos no perímetro da Lagoa, a SCSP comunicou, também por nota, que iniciou serviços de limpeza no entorno da Lagoa da Parangaba no último dia 5 de fevereiro. E justificou que “a previsão do serviço é para depois do período chuvoso, para garantir a segurança dos trabalhadores e do maquinário utilizado nesse tipo de trabalho”.
A SCSP também ressaltou que “o sangradouro da Lagoa da Parangaba já recebeu limpeza no último mês de janeiro, dentro da programação do mutirão de limpeza de canais e outros recursos hídricos, como prevenção para a quadra chuvosa”. Sobre os outros tópicos acerca do planejamento para a preservação da Lagoa, não houve resposta.
Tamanho
Em volume hídrico, a Lagoa da Parangaba é a maior da Capital, e possui um espelho d'água de aproximadamente 470 mil m²
Prefeitura afirma ter iniciado limpeza
A Defesa Civil de Fortaleza informou que executa, desde o dia 6 de março, a limpeza na Lagoa da Parangaba. Inicialmente, a ação é mecânica, com uso de máquina retroescavadeira. E, depois, haverá equipes realizando a limpeza manual.
"Importante reforçar que, por ser a maior lagoa da Cidade, a ação de limpeza tem duração média de três meses", cita a nota. A Prefeitura destaca que iniciou, em janeiro, mutirão de limpeza nos recursos hídricos da Cidade, que teria chegado a 114 canais limpos e 11 em andamento, com o objetivo de minimizar os transtornos decorrentes da quadra chuvosa.
O POVO questionou a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) sobre ações para melhoria da qualidade da água e para conscientização ambiental da população.
A Seuma respondeu, por nota, que "realiza o monitoramento dos recursos hídricos da cidade de Fortaleza, por meio de análises bimestrais dos parâmetros físicos, químicos e biológicos, com base na legislação (Resolução Conama nº 357/2005)".
Acerca da limpeza dos resíduos no perímetro da Lagoa, a SCSP comunicou, também por nota, que iniciou serviços de limpeza no entorno da Lagoa da Parangaba no dia 5 de fevereiro. E justificou que "a previsão do serviço é para depois do período chuvoso, para garantir a segurança dos trabalhadores e do maquinário utilizado nesse tipo de trabalho".
A SCSP também ressaltou que "o sangradouro da Lagoa da Parangaba já recebeu limpeza em janeiro, dentro da programação do mutirão de limpeza de canais e outros recursos hídricos, como prevenção para a quadra chuvosa". Sobre o planejamento para a preservação da Lagoa, não houve resposta.