Logo O POVO+
Fortaleza registra queda de 61,8% nos assaltos a ônibus em dois meses, em meio a sensação de insegurança
CIDADES

Fortaleza registra queda de 61,8% nos assaltos a ônibus em dois meses, em meio a sensação de insegurança

Apesar da queda, passageiros relatam medidas de segurança durante as viagens para evitar assaltos ou furtos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
POPULAÇÃO sofre com assaltos em ônibus na Cidade (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE POPULAÇÃO sofre com assaltos em ônibus na Cidade

Fortaleza registrou queda de 61,8% nos assaltos a ônibus nos dois primeiros meses deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Foram 155 ocorrências, contra 406 em 2024.

Os números foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ao O POVO, nessa quinta-feira, 27. Apesar da redução significativa, a sensação de insegurança entre os passageiros ainda persiste tanto nos coletivos como nas paradas de ônibus.

O balanço também revela que, em 2024, Fortaleza registrou 1.818 roubos a ônibus, um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Em 2023, foram registrados 1.702 casos, enquanto em 2022 o número foi de 2.411. Já em 2021, o total foi de 2.611 ocorrências, e em 2020, 2.983.

O estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), Santiago Mendes, 20, relata que perdeu o celular durante um assalto a ônibus enquanto voltava do trabalho para casa.

“Um sentou do meu lado e o outro sentou atrás de mim, perguntaram do meu bairro, o que me assustou mais. Aí depois eles anunciaram assalto, mesmo sem estarem armados. Pediram para ninguém reagir e para o motorista continuar”, lembra.

Santiago explica que a experiência gerou uma sensação de medo e insegurança, fazendo com que ele adotasse novos cuidados ao usar o transporte público. Entre eles, o estudante cita que, agora, evita mexer no celular e deixar seus pertences, como bolsas ou mochilas mais próximo do corpo e sempre no campo de visão. “Hoje eu fico mais alerta”, afirma.

A sensação de insegurança nos ônibus também é destacado pela estudante de Fonoaudiologia Ana Caroline dos Santos, 20. Embora ela nunca tenha sido vítima ou testemunha de assaltos nos coletivos, relata que sua mãe foi roubada pelo menos três vezes. "Levaram bolsa, celular, chaves, dinheiro… O que mais pedem é dinheiro, e, se a pessoa não tiver, o perigo aumenta", comenta a estudante.

Independentemente do horário, a jovem afirma que, atualmente, os cuidados dentro dos coletivos são redobrados. “Toda hora é hora pra eles”, diz. O também estudante de Biomedicina Wesley Evangelista, 21, diz que utiliza o transporte público para se deslocar entre a faculdade e a sua casa.

Embora nunca tenha presenciado assaltos dentro dos coletivos, Wesley comenta que tem conhecimento de ocorrências nas paradas de ônibus e compartilha suas precauções, como evitar o uso do celular dentro dos coletivos. "Quando o ônibus está cheio, não há tanto perigo assim, mas quando está vazio acho que há mais risco de ser assaltado", acredita.

A sensação de estar sempre em alerta dentro dos coletivos foi gerada pelo professor Pedro Reis, 26, após o furto de um celular. “Não senti quando pegaram, só percebi depois. Hoje, fico conferindo a todo momento para evitar a frustração de perder um bem”, disse.

A SSPDS afirma que uma das medidas para garantir a sensação de segurança é por meio do monitoramento policial nos períodos de maior movimentação nesses espaços públicos por meio do Programa Segurança no Ponto.

“Com o emprego de ciclopatrulhamento, moto patrulhamento e policiamento em viaturas. Os locais definidos para receber o reforço foram definidos de acordo com as estatísticas apresentadas pela Supesp”, detalha o órgão.

Outro trabalho desenvolvido para coibir os crimes em transportes coletivos é a Operação Passageiro Seguro. A pasta explica que a medida consiste em intensificar as ações ostensivas de abordagens a ônibus e micro-ônibus a partir das análises de dados criminais, que “apontam dias, horários e locais, onde são registrados crimes em transportes públicos”.

“Além disso, são implementadas estratégias de intensificação e qualificação das abordagens, como patrulhamento no entorno e nos pontos de ônibus, em horários e vias específicas, com ações em várias modalidades de patrulhamento: a pé, em viaturas, em motocicletas e em bicicletas”, afirma a SSPDS.

Confira o balanço das ocorrências nos coletivos:

2020 – 2.983 ocorrências
2021 – 2.611
2022 – 2.411
2023 – 1.702
2024 – 1.818
2025 – 155 (Janeiro e Fevereiro)

Fonte: SSPDS

Em todo o ano de 2024, foram contabilizados 1.818 roubos em ônibus na Capital. Em 2023, este número foi de 1.702 e, em 2022, 2.411 casos. Já no ano de 2021, foram 2.611 registros e, em 2020, 2.983 ocorrências.

O POVO questionou à SSPDS se o balanço inclui os roubos em topiques, fretamento, transporte interurbano e interestadual e nas paradas de ônibus. A pasta disse que não há detalhamento das ocorrências e que os casos tratam-se de roubos em transporte público

Fortaleza registra média de pelo menos sete assaltos por mês, aponta Sindicato

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) revela que Fortaleza registrou uma média de pelo menos sete assaltos por mês nos coletivos associados à empresa nos três primeiros meses do ano.

Nos dois primeiros meses deste ano, foram 19 casos, sendo 11 casos em janeiro, oito em fevereiro e até o dia 17 de março. Os casos envolvem crimes contra passageiros, motoristas e ao próprio veículo.

Os dados ainda revelam uma queda de 86,55% neste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, quando houve 119 ocorrências em janeiro e fevereiro. O balanço de março ainda não foi fechado.

Em janeiro, a Capital registrou 71 e 48 em fevereiro. Ao longo de 2024, foram contabilizados 374 assaltos a coletivos, com uma redução, passando de 71 registros em janeiro para 19 em dezembro, o que representa uma queda de aproximadamente 73% no ano.

Conforme a entidade, as ocorrências abrangem exclusivamente os ônibus das empresas associadas ao Sindiônibus, não sendo registrados casos que envolvem cooperativas, topiques, fretamento, transporte interurbano e interestadual, assim como assaltos em paradas de ônibus, o que responde a diferença dos dados coletados pela SSPDS.

O que você achou desse conteúdo?