Um dia de sol pede um passeio na praia. E foi na Praia de Iracema, em Fortaleza, que um grupo de 10 jovens com deficiência, de Quixadá, distante 169,61 km da Capital, se reuniu para aproveitar um banho de mar com acessibilidade. A ação, promovida na manhã desta sexta-feira, 28, possibilitou um momento de lazer com segurança e independência para os participantes.
A visita é uma iniciativa do projeto "Juventude: um mar de Acessibilidade", da Prefeitura de Quixadá, e conta com a parceria do projeto Praia Acessível, da Prefeitura de Fortaleza. Cidade reconhecida pelos monólitos, Ricardo Silveira, prefeito de Quixadá, destacou a importância do evento para a inclusão e bem-estar dessas pessoas em vivências fora do cotidiano, como uma visita à praia.
“Muitos deles nunca tiveram a oportunidade. Nós estamos lá no Sertão Central, onde tem uma outra geografia. Trazer esses jovens para vir para uma praia é um momento super especial. Eu fiz questão de estar aqui com eles participando desse momento inesquecível da vida deles, que também vai ser inesquecível na nossa vida”, pontuou.
E felicidade foi o que não faltou ao grupo. Realizado por estar acompanhado dos amigos na aventura marítima, o estudante e influenciador digital Rafael Rodrigues, de 17 anos, confessa que as expectativas para o passeio eram as mais radicais possíveis. “A expectativa é adrenalina a mil. É uma experiência única. Eu vou poder dizer que vim a Fortaleza quebrar mais um tabu; mais uma limitação”, anuncia.
E o mergulho foi garantido com auxílio da cadeira anfíbia. O equipamento flutuante, adequado para que os usuários entrem no mar de maneira segura e confortável no mar, possui cinto de segurança regulável, encosto, assento, apoio cervical para a cabeça e apoio para os pés em tecido emborrachado, removível e lavável.
Dentro da água, o medo ficou de lado. Ousado, Rafaelzinho do Quixadá, como prefere ser chamado, arriscou sair do assento e imergir sozinho. A aventura foi acompanhada de perto pelos salva-vidas, mas a emoção da liberdade foi inesquecível.
Já em terra firme, o jovem voltou à companhia da cadeira de rodas motorizada, com a qual garante estar sempre acompanhado.
“Eu nunca tinha entrado. Eu vim dizendo que vinha mais pra conhecer pessoas mesmo, mas não tem como resistir a um negócio desses não. São 100% profissionais, 100% dedicados. Além de profissionais, são resenheiros com a gente. O banho estava tranquilo, deu pra sair da plataforma, porque a minha deficiência permite, aí eu dei um mergulho ali. Foi surreal”, confessa.
Com deficiência física nos membros inferiores, mas com um sorriso de quem poderia até voar, Rafael reforça a importância de iniciativas como essa para a promoção do bem estar às pessoas com deficiência (PcD). “A gente veio aqui hoje para mostrar que tudo a gente pode. A nossa limitação não limita a gente a nada. Eu costumo dizer que o que limita o ser humano é a cabeça; se você limitar sua cabeça, você tá limitado a tudo”, aconselha.
O coordenador do projeto Praia Acessível, Gregory Ferreira, reforça que a iniciativa é gratuita e aberta ao público. Ele explica ainda que o nível de autonomia do participante dentro do mar varia de acordo com a disponibilidade dele. Contudo, a segurança é garantida pelos profissionais que acompanham o serviço.
“A gente entra com a cadeira, mas há pessoas que querem sair da cadeira, porque ela é boa, mas você pele a pele no mar é bem melhor. E tem certas pessoas que têm disposição para ir, e tem coragem. Então, a gente tira elas da cadeira e bota elas do lado; dentro do mar. Bota ela no flutuador, na boia que a gente tem aqui, e a pessoa fica no mar com a gente do lado, fora da cadeira’, garante.
Segundo o secretário de Esporte de Quixadá, Davi Pordeus, a iniciativa busca romper barreiras e garantir que a mobilidade reduzida não seja um obstáculo. “É importante propiciar a esses jovens que têm mobilidade reduzida as mesmas oportunidades de pessoas que não têm. Para que eles também possam ter a oportunidade de usufruir dos mesmos espaços. A gente considera muito importante esse projeto para que coisas tão simples, como um banho de mar, sejam realidade na vida desses jovens”, destaca.
Recém-formado no Ensino Médio, José Arthur, de 18 anos, conta que costuma visitar Fortaleza para exames médicos e consultas. Contudo, a agenda do dia foi fora do habitual. Dessa vez, a visita à Capital foi para um banho de mar acessível.
Diagnosticado com paralisia cerebral ainda com apenas um ano de vida, o jovem volta de uma rotina de cirurgias, quatro delas realizadas no ano passado. Pela primeira vez em uma praia acessível, ele conta que a iniciativa é uma ótima oportunidade para incluir crianças com deficiência em novas experiências.
“A sociedade tem muito preconceito e eu acho que é muita discriminação isso. Eu sou aquele tipo de pessoa que, [quando na praia], só olho mesmo. Geralmente eu não entro no mar. (...) Eu estava ansioso, estava esperando muito esse momento. Agora que eu cheguei aqui, já estou muito bem ambientado e pronto para encarar esse novo desafio”, anuncia antes de entrar na água.
E a emoção foi a mil também no coração de mãe da professora Érica Maria, 47. Acompanhando apreensiva a primeira experiência do filho em cima de uma cadeira anfíbia, ela conta que a visita ao projeto Praia Acessível foi um momento muito esperado por toda a família. “Pra mim tá sendo uma experiência única, eu estou com o coração na mão, mas vou estar com ele, do lado dele, ajudando e passando confiança”, assegura.
Para além do banho de mar, a professora conta ainda que se surpreendeu positivamente com o ambiente. Para ela, o encontro foi um momento muito acolhedor. “Hoje tá sendo o máximo. Tô achando muito interessante porque é um ambiente propício para eles, de acordo com cada deficiência. Eu tô achando um ambiente muito acolhedor, surpreendeu minhas expectativas”.
Também presente no evento, a secretária da Juventude do Ceará, Adelita Monteiro, destacou a importância da parceria entre a prefeitura de Quixadá, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado do Ceará para promover iniciativas inclusivas para a juventude.
“Para garantir que essa juventude tenha acesso ao mar, o que parece tão simples, principalmente para quem é de uma cidade litorânea. Na verdade, é uma oportunidade para esses jovens, que têm alguma deficiência, mas que nós sabemos que merecem desfrutar de tudo que a vida pode oferecer, inclusive um banho de mar”, ressaltou.
Serviço
O Praia Acessível funciona de terça-feira a sábado, das 9h às 12h, na avenida Beira Mar. Agendamentos: acessibilidade@setfor.fortaleza.ce.gov.br
Aventura em família
Diagnosticado com paralisia cerebral ainda com apenas um ano de vida, José Arthur, 18, volta de uma rotina de cirurgias, quatro delas realizadas no ano passado. Pela primeira vez em uma praia acessível, ele conta que a iniciativa é uma ótima oportunidade para incluir crianças com deficiência em novas experiências.
"A sociedade tem muito preconceito. Estava ansioso, esperando muito por este momento", conta antes de entrar na água.
A emoção foi a mil também no coração de mãe da professora Érica Maria, 47. Acompanhando apreensiva a primeira experiência do filho em cima de uma cadeira anfíbia, ela conta que a visita ao projeto Praia Acessível foi um momento muito esperado por toda a família: "Pra mim está sendo uma experiência única, estou com o coração na mão, mas vou estar com ele, passando confiança".
Para além do banho de mar, a professora conta ainda que se surpreendeu positivamente com o ambiente acolhedor.
Também presente no evento, a secretária da Juventude do Ceará, Adelita Monteiro, destacou a parceria entre a Prefeitura de Quixadá, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado do Ceará para promover iniciativas inclusivas para a juventude: "Para garantir que essa juventude tenha acesso ao mar, o que parece tão simples, principalmente para quem é de uma cidade litorânea. Na verdade, é uma oportunidade para esses jovens, que têm alguma deficiência, mas que nós sabemos que merecem desfrutar de tudo que a vida pode oferecer, inclusive um banho de mar".