Um homem de 20 anos foi preso em flagrante por feminicídio no município de Maracanaú, localizado a 25,49 km de Fortaleza na madrugada de ontem, 29/3. O corpo da vítima foi encontrado com sinais de violência dentro de um veículo parado em uma via pública.
Conforme O POVO apurou, ela foi enforcada com o cinto de segurança do carro do criminoso. O suspeito, ex-companheiro da mulher, também teria tentando atear fogo no carro com a vítima dentro. Ambos atuavam como influenciadores digitais.
O assassino confesso foi identificado como Antônio Lício Morais da Costa. Recentemente, vídeos de brigas do então casal repercutiram nas redes sociais. A vítima é Beatriz dos Anjos Miranda, de 24 anos.
A Polícia Militar do Ceará localizou o corpo de Beatriz dos Anjos após investigações e informações de familiares e populares. Como o carro apresentava um princípio de incêndio, uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar foi acionada e controlou o fogo.
Antônio Lício foi autuado por feminicídio. O ex-companheiro da influenciadora Beatriz dos Anjos, que possuía mais de 1,4 milhão de seguidores, confessou o crime à mãe. Na delegacia, o homem de 20 anos disse que teria "agido por impulso".
Ao perceber que a vítima estaria morta, o acusado colocou o veículo em um loteamento e tentou incendiá-lo. Ele negou que a ação seria para esconder o crime, mas não justificou a motivação da ação.
Ainda segundo o depoimento do Antônio Lício, o crime aconteceu quando ele voltava para casa ao lado da influenciadora, que teria passado a ameaçá-lo, informando que "faria algo" contra ele.
Diante do cenário, Antônio Lício passou a interrogar a vítima, sufocando-a. Foi quando teria usado o cinto de segurança. A influenciadora desmaiou em seguida. O assassino confesso informou que tentou reanimá-lá, mas constatou que Beatriz estava morta.
Antônio Lício possui passagens por crime contra a administração pública, desacato e resistência.
Machismo. No começo deste mês, no dia 13/3,2025, O POVO publicou reportagem mostrando que "Ceará registra maior índice de violência contra a mulher dos últimos 5 anos".
A repórter Gabriela Almeida mostrou que, ano passado, a cada dois dias uma mulher sofreu algum tipo de violência no Ceará. Foram 207 casos do tipo registrados ao longo do ano, maior número observado no Estado desde 2020.
Os dados fazem parte do boletim "Elas Vivem: um caminho de luta", divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança.
Considerando todas as regiões monitoradas, foram registradas 4.181 mulheres vitimadas, representando um aumento de 12,4% em relação a 2023. Dentre os crimes, 531 foram classificados como feminicídios, o que significa dizer que, a cada 17 horas, uma mulher morreu em razão do gênero.
No ranking entre estados, o Ceará fica em último. Casos registrados pela unidade federativa anualmente foram: 199 (2020), 160 (2021), 161 (2022), 171 (2023) e 207 em 2024. Entre o ano passado e o anterior o crescimento foi de 21,05%.
Entre os tipos de violência, os mais registrados foram homicídios (46) e feminicídios (45). Já parceiros e ex-parceiros cometeram 56 das violências. Houve ainda um caso de transfeminicídio observado no Ceará. (colaborou Mirla Nobre).