A encenação da Paixão de Cristo no município cearense de Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza, causou transtorno aos espectadores na Sexta-Feira Santa e à celebração da missa do Sábado de Aleluia. Durante o espetáculo, por causa de uma dezorganização no acesso de espectadores, houve confusão e pessoas passaram mal em meio à multidão que foi conferir a peça teatral ao ar livre.
A Paixão de Cristo, em Pacatuba, localizada a 34,2 km de Fortaleza, atrai todos os anos uma multidão à cidade cenográfica. O alvoroço teria começado ainda na formação das filas que davam acesso ao espetáculo.
Espectadores afirmaram que precisaram esperar mais de uma hora até a liberação dos portões, quando teria começado um tumulto entre os visitantes para conseguir entrar.
“O evento estava muito bonito e a encenação, impecável. Porém, faltou um plano para conter a multidão que, inclusive, já se esperava, considerando o marketing que foi feito durante o pré-evento”, contou uma espectadora, que preferiu não se identificar.
O POVO entrou em contato com a Prefeitura de Pacatuba para comentar sobre os relatos de aglomerações e as medidas adotadas para as sessões de ontem, mas até a publicação desta matéria, não houve retorno da assessoria de imprensa.
Uma aglomeração de pessoas se formou na entrada das arquibancadas e muitas passaram mal e precisaram de atendimento médico, incluindo mulheres grávidas, crianças, idosos e pessoas com deficiência.
Ainda segundo relatos, os bombeiros teriam demorado a socorrer quem havia desmaiado, ou mesmo não conseguiram chegar a tempo. Uma espectadora revela que desistiu de assistir ao espetáculo por causa do acesso caótico.
“Não consegui assistir. Passei mais de uma hora na fila, era gente passando mal, crianças chorando, foi um verdadeiro caos. E quando liberaram os portões era um empurra empurra, até que desisti e fui embora. Nunca vi isso aqui em Pacatuba”, detalha.
Com elenco composto por 240 atores, incluindo os artistas Henri Castelli e Adriana Birolli, como Jesus e Maria, respectivamente, o espetáculo tinha apresentações agendadas em duas sessões na Sexta-Feira Santa, 18, e uma no Sábado de Aleluia.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que equipes de segurança pública e do Corpo de Bombeiros tentam controlar a multidão.
“Claramente a cidade não tem estrutura, aí fizeram um super espetáculo sabendo que ia atrair muita gente sabendo que não tinha condição”, contou uma espectadora, que também preferiu não se identificar.
O padre Maciel de Sousa, da paróquia de Pacatuba, também criticou a organização do espetáculo. Ao O POVO, ele lamentou a realização de mais uma sessão da encenação neste sábado por acontecer no mesmo horário da missa.
A Praça da Paixão, em Pacatuba, fica de frente para matriz da cidade e o som alto interfere na celebração religiosa. "A Santa Missa será às 19h e é a Santa Missa mais importante para todos os católicos, pois é a Santa Missa da Vigília Pascal, a qual Santo Agostinho intitula como "a Mãe de todas as Santas Missas", explicou o religioso.
Ele ressalta ainda que não é contra o espetáculo, mas cobra respeito das autoridades que realizam a encenação para que não atrapalhe "as pessoas de rezar na igreja".
"Tem sido dias que exigem de nós ainda mais oração diante das atitudes que demonstram falta de respeito ao que é essencial desta semana. Afinal, não estamos em uma semana qualquer, mas na Semana Santa", exclamou.
A sessão que acontece justamente no horário da missa e que é alvo das críticas do padre Maciel foi anunciada pela Prefeitura de Pacatuba ontem, 18, após a confusão com os espectadores da encenação.
Nas redes sociais, o Município informou que uma nova sessão da encenação foi incluída neste sábado, 19, após o “grande sucesso de público nessa sexta-feira”.