A Justiça do Ceará condenou o policial militar Rodson Levi Feitosa Matos a 36 anos, nove meses e 15 dias de prisão pelos crimes de extorsão, tráfico de drogas e integrar organização criminosa no Ceará. A decisão foi proferida por meio da Vara de Delitos de Organizações Criminosas e publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) .
Conforme a decisão, o condenado evidenciou integrar e exercer função de extrema relevância em uma organização criminosa composta por policiais militares, sendo o Rodson uma peça importante na engrenagem da organização criminosa e um dos principais informantes.
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As investigações que levaram à condenação do policial foram realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) por meio da operação ‘Genesis’. Os agentes interceptaram comunicações telefônicas e captaram diálogos com conteúdo criminoso dos policiais e se estruturaram para realizar os crimes.
Segundo o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), onde o Gaeco atua, as funções dos membros da organização criminosa independente eram bem delineadas, sendo o grupo policial responsável por “prestar apoio e executar as ações pesquisadas pelos associados”.
Entre os objetivos, era a identificação de alvos envolvidos em crimes, onde implementavam a abordagem e extorsão contra estes indivíduos. Em seguida, revendiam os materiais ilícitos apreendidos, como drogas e armas. Os investigados partilhavam os lucros das ações criminosas numa espécie de consórcio criminoso.
Conforme a decisão da Justiça Estadual, o réu deve cumprir a pena em regime inicialmente fechado. No entanto, a decisão permitiu que o condenado tenha o direito de recorrer em liberdade. O policial está solto desde novembro de 2023.
De acordo com o Ministério Público, a “Operação Gênesis” teve início a partir de uma investigação em 2016. À época, o objetivo era apurar a ação de grupos ligados a organizações criminosas, responsáveis pelo tráfico de drogas e armas, assaltos e homicídios na capital cearense e Região Metropolitana de Fortaleza. A investigação do MPCE contou com o apoio da Coordenadoria de Inteligência da SSPDS. Ao longo dos trabalhos, foi possível identificar o envolvimento de traficantes com policiais, que se estruturaram de forma organizada para realizar vários crimes.
Segundo o Minitério Público, a organização criminosa era integrada, em sua maioria, por agentes e ex-agentes de segurança pública do Estado, além de pequenos e médios traficantes locais. Juntos, eles praticaram uma série de infrações penais, notadamente os crimes de extorsão, organização criminosa, comércio ilegal de arma de fogo e outras condutas correlatas.
Os alvos dos policiais eram cuidadosamente escolhidos entre traficantes com considerável poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela polícia, o que facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das vantagens almejadas pelo grupo. Os agentes públicos tinham acesso ao sistema de informações da Polícia para selecionar as “vítimas” e planejar as ações.
Na primeira fase da Operação Gênesis, deflagrada em setembro de 2020, foram cumpridos 17 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Maracanaú. Do total de alvos, nove eram policiais militares da ativa, três eram policiais civis da ativa e cinco eram civis (sendo quatro homens suspeitos de atuarem como traficantes e um policial civil aposentado, apontado como o líder da organização criminosa).