Fortaleza já soma 11 casos confirmados de leptospirose este ano. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), não houve registro de óbitos em 2025. Em 2024, contudo, foram notificados 38 casos da doença e quatro mortes.
A doença infecciosa ocorre principalmente pelo contato com a urina de animais infectados pela bactéria Leptospira, especialmente roedores. Animais domésticos também podem contrair a doença e atuar como transmissores.
LEIA MAIS | Ceará teve mais de 400 casos e 56 óbitos por leptospirose nos últimos 6 anos
O combate à leptospirose em Fortaleza é realizado pela Célula de Vigilância Ambiental (Cevam), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
As fiscalizações em imóveis, conforme a pasta, ocorrem durante todo o ano, mas são intensificadas no período chuvoso, especialmente nas áreas com maior incidência de casos. “No período chuvoso, a água da chuva se mistura com o esgoto e carrega a bactéria para todo lado. Nessa época, também aumentam os casos de outras doenças, como as viroses. Então, a pessoa pode achar que está com algo simples, mas pode ser leptospirose, que é uma doença grave e pode levar à morte”, explica Joaquim Neto, gerente da célula da vigilância ambiental e riscos biológicos.
Conforme o gerente, já foram realizadas cerca de 25 mil inspeções em imóveis e pontos da Capital onde foram observados sinais de infestação por roedores.
Na manhã dessa quarta-feira, 23, agentes de combate às endemias realizaram vistorias em imóveis do bairro Mondubim com foco especial na prevenção da leptospirose.
Os agentes verificam nos imóveis sinais da presença de roedores, como fezes e tocas. Também é observado a presença de possíveis esconderijos para roedores, como quintais abandonados, entulho acumulado e objetos como bacias, potes e móveis velhos.
Os profissionais orientaram os moradores sobre o descarte correto de lixo e restos de alimentos e, quando necessário, aplicaram raticidas para controlar a infestação de roedores.
Segundo Francisco Antônio, morador há mais de 20 anos do bairro, a prevenção deve ser uma ação coletiva. “Sempre coloco o lixo na calçada no dia que o caminhão passa. Na semana, tento manter meu quintal limpo para não atrair esses bichos que passam doenças pra gente. O ideal é que todo mundo fizesse isso também, mas tem muitas pessoas que não ligam para isso”, comenta.
Moradores que identificarem a presença de ratos podem acionar a Vigilância Ambiental pelo número 156 e solicitar uma vistoria. A equipe agenda a visita para avaliação e, se necessário, controle da infestação.
De acordo com a médica infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lisandra Damasceno, a leptospirose é uma infecção febril aguda que pode evoluir para quadros graves se não for tratada precocemente.
“Em geral, as pessoas, quando têm exposição com a bactéria que fica no ambiente, adoecem em até duas semanas”, explica.
A especialista alerta que a busca por atendimento médico deve ocorrer logo no início dos sintomas, especialmente se houver histórico de exposição em áreas alagadas ou com presença de roedores.
“Quanto mais cedo o paciente for atendido e o caso for suspeitado, mais rápido começa o tratamento com antibiótico, o que reduz as chances de evolução para formas graves da doença”, diz.
Principais sintomas da leptospirose:
A prevenção da leptospirose envolve, principalmente, evitar contato com água contaminada. Em situações inevitáveis, como durante enchentes, use botas impermeáveis. Também mantenha o lixo bem acondicionado para afastar roedores e não consuma água ou alimentos sem higienização adequada.
(Contribuiu Isabella Pascoal - Especial para O POVO)