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Apontado como chefe de facção seria sócio de empresa de internet
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Apontado como chefe de facção seria sócio de empresa de internet

|INVESTIGAÇÃO| Homem ainda é apontado como mandante de assassinatos e de expulsão de moradores
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DRACO foi a unidade da Polícia Civil responsável pela investigação (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação DRACO foi a unidade da Polícia Civil responsável pela investigação

Um homem apontado como tendo cargo de comando na facção criminosa Comando Vermelho (CV) seria sócio de uma empresa de internet e ainda agiria sabotando concorrentes em uma região que engloba os bairros Bonsucesso, João XXIII e Granja Portugal, em Fortaleza.

Luciano Costa da Silva, de 39 anos, mais conhecido como Farmácia, ainda é acusado de homicídios, expulsão de moradores e tráfico de drogas, conforme denúncia ofertada pelo Ministério Público Estadual na terça-feira passada, 22.

Luciano foi preso em 19 de março de 2025 pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Conforme um depoimento colhido pelos policiais, usuários de internet relataram aos funcionários de uma provedora que, nos meses de junho e julho de 2024, estavam sendo coagidos a contratar os serviços de uma única empresa.

"Segundo os usuários, os ameaçadores que iam às suas casas diziam que era ordem do 'FARMÁCIA'", consta em trecho do depoimento. "Nesse contexto, chegaram a perder em torno de quarenta clientes que deixaram sua empresa por medo das referidas empresas".

Em um Boletim de Ocorrência (BO), um outro prestador de serviço narrou que uma equipe foi ameaçada por integrantes do CV no momento em que iriam consertar cabos de internet que haviam sido cortados. A empresa que seria ligada a Farmácia, porém, passou incólume pelo vandalismo.

Uma testemunha, cuja identidade foi mantida em sigilo, afirmou à Polícia Civil que Luciano havia se tornado sócio dessa empresa. Além disso, Luciano ainda teria tomado uma vila de casas localizada na rua Luzia Moreira, no Bonsucesso.

"(...) por meio de ações violentas, (Luciano) assumiu o controle do conjunto habitacional, utilizando-o para a cobrança de aluguéis, o que implicou em enriquecimento ilícito e na instalação de membros da facção, com o intuito de fortalecer o grupo na região", afirma na denúncia o MPCE, que acrescenta que o acusado ainda tinha a intenção de inaugurar um restaurante no local, "visando a lavagem de dinheiro proveniente do comércio ilegal de entorpecentes".

A investigação ainda identificou que Luciano estava construindo um imóvel de "alto padrão" na Praia de Canoa Quebrada, em Aracati (Litoral Leste do Estado). Ele ainda dirigia de "forma exclusiva" um veículo Jeep Compass, cujo registro está em nome de terceiro. A Justiça decretou, de forma liminar, o sequestro do veículo para uso da Polícia.

"Por fim, as investigações de campo concluíram que LUCIANO COSTA DA SILVA é membro da organização Comando Vermelho - CV, exercendo papel de chefia e comando, com poder decisório para ordenar ataques e homicídios de rivais ou desafetos", afirma a denúncia, assinada pelos integrantes das Promotorias de Justiça de Combate às Organizações Criminosas. "Segundo os levantamentos, trata-se de um traficante com grande influência dentro da facção, sendo reconhecido como 'patrão' no meio criminoso".

A denúncia também descreve que Farmácia tem uma longa trajetória criminosa, já tendo sido investigado pelo assassinato do policial militar Marcondes Sampaio de Menezes em 2010. Ele também é réu pelo assassinato de Luis Adaliton da Silva, crime ocorrido em 2020 no Bonsucesso.

A Justiça ainda avalia se recebe ou não a denúncia. O POVO não localizou a defesa de Luciano. A reportagem também não cita o nome da empresa da qual ele seria sócio pois a confirmação da informação prestada pela testemunha ainda é apurada. Em consulta aos bancos de dados da Receita Federal, não consta o nome do Luciano na sociedade.

 

Ações são anteriores à recente onda de ataques

As coações a clientes que teriam sido realizadas por Luciano Costa da Silva, o Farmácia, são anteriores até mesmo à recente onda de ataques a equipamentos de provedoras de internet realizada pelo Comando Vermelho (CV) em Fortaleza, Caucaia e Caridade (Sertão de Canindé) e São Gonçalo do Amarante (Região Metropolitano de Fortaleza).

Ataques a carros e equipamentos das provedoras se intensificaram neste ano. Em 3 de fevereiro, por exemplo, dois veículos de uma empresa foram atacados no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Como O POVO mostrou em 2 de abril, ao menos, 19 bairros de Fortaleza e Caucaia registraram atentados. Alguns dos bairros que mais sofreram com as ações são Sapiranga, Grande Pirambu e Conjunto Metropolitano (Caucaia). O CV se destaca nas ações criminosas, havendo, até mesmo, a informação, obtida pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE), que as ordens para os atos criminosos partiram de faccionados refugiados no Rio de Janeiro. Entretanto, já foram registrados em que os achaques foram praticados pelas facções Massa Carcerária e Guardiões do Estado (GDE). O objetivo é fazer com que as empresas paguem "pedágios" às organizações criminosas, o que inclui até mesmo taxas por cada cliente que as provedoras tenham nos territórios onde agem as facções.

Na mais recente atualização disponibilizada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em 15 de abril, 51 pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos ataques. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) segue investigando as ações.

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