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Grupo criminoso mantinha laboratório para falsificar documentos para golpes virtuais
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Grupo criminoso mantinha laboratório para falsificar documentos para golpes virtuais

Organização chegou a movimentar mais de R$ 5 milhões em dois anos. Pelo menos sete pessoas foram presas na primeira fase da operação ‘Spectre
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SETE pessoas foram presas na primeira fase da operação 'Spectre', da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). (Foto: Divulgação/PC-CE)
Foto: Divulgação/PC-CE SETE pessoas foram presas na primeira fase da operação 'Spectre', da Polícia Civil do Ceará (PC-CE).

Um grupo criminoso especializado em fraudes bancárias e estelionatos eletrônicos foi desarticulado pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) durante a primeira fase da operação ‘Spectre’. As investigações revelaram que os criminosos falsificavam certidões de nascimento e identidades em um laboratório clandestino localizado no município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

A primeira fase, deflagrada nessa segunda-feira, 28, prendeu sete pessoas, sendo cinco prisões realizadas em Fortaleza, uma no Eusébio, e uma em Belém do Pará (PA).

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Além disso, foi realizado o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão, no qual quatro veículos foram apreendidos. As ações foram realizadas por meio dos agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).

Como grupo fazia falsificações 

O laboratório funcionava dentro da residência de um dos alvos que foi preso e contava com material próprio para a fabricação de documentos falsos. Entre os itens identificados pelos agentes, havia impressoras, papel específico para impressão de documentos e documentos já falsificados em terceira pessoa.

Além do laboratório, as investigações apontam que o grupo operava desde 2021 com diversas metodologias fraudulentas a partir do tipo de golpe operado pela organização.

Entre as práticas investigadas, estão os empréstimos fraudulentos feitos em nome das vítimas, saques indevidos do FGTS e a abertura de contas bancárias que burlavam a biometria facial.

Além disso, os criminosos utilizavam a técnica de spoofing, um golpe eletrônico em que o número telefônico dos criminosos era disfarçado como sendo de instituições bancárias. Com isso, as vítimas eram induzidas a liberar o acesso indevido a seus aplicativos bancários, resultando em prejuízos financeiros.

De acordo com o delegado titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos, Alan Araújo, todas as metodologias dos golpes funcionavam de forma virtual e aconteciam de acordo com o tipo de crime que seria aplicado às vítimas.

O delegado cita que, em alguns casos, os criminosos se passavam por central bancária e conseguiam que as vítimas fornecessem o acesso ao aplicativo do banco para realizar transferências.

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Outros casos estavam ligados ao uso indevido do nome da vítima no sistema de FGTS para saque do valor e, em alguns golpes, não havia a necessidade do contato com a vítima, apenas a captação dos dados para os outros tipos de golpes. Um deles estava ligado à burla da biometria facial para acessar contas bancárias.

“Com esse conhecimento do documento da pessoa, o RG, eles utilizavam um sistema de modificação da face para conseguir fazer o cadastro da conta. Eles conseguiram burlar essa biometria através da identidade da pessoa, no caso, a imagem, a foto”, disse o delegado que apontou que um dos objetivos dos documentos fraudados dentro do laboratório era a abertura de conta com dados falsos.

24 pessoas físicas e jurídicas tiveram contas bancárias bloqueadas

Conforme o delegado Alan Araújo, o grupo chegou a movimentar em dois anos mais de R$ 5 milhões provenientes de atividades ilícitas ligadas a crimes virtuais.

“A gente tem a comprovação que houve movimentação financeira não comprovada, que eram pessoas que não possuíam uma atividade empresarial, uma atividade laborativa que subsidia esse valor na ordem de R$5 milhões” disse.

Ao todo, 24 pessoas físicas e jurídicas tiveram contas bancárias bloqueadas. “Seriam valores que não tinham origem declarada. Valores que que movimentam as contas tem que ter origem inclusive com comunicação dos bancos, que é um valor que não há comprovação da origem, né?”, destaca o delegado.

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Entre os presos, estão três mulheres e quatro homens, com idades abaixo de 40 anos, ainda sem hierarquias definidas. As investigações apontam que as ações do grupo tiveram início no Ceará a partir dos registros de Boletins de Ocorrência (BO) sobre os golpes virtuais.

Algumas vítimas chegavam a perder em um único golpe valor de R$ 1 a R$ 5 mil. A investigação segue para identificar a ligação da organização com vítimas em outras cidades e estados.

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