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Mortes no trânsito aumentam 17% em Fortaleza e 80% das vítimas são homens
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Mortes no trânsito aumentam 17% em Fortaleza e 80% das vítimas são homens

Em 2024, foram registradas 184 mortes decorrentes de sinistros de trânsito na Capital; a maioria das vítimas são homens, entre 30 e 59 anos
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CONFORME levantamento, 80% das vítimas são homens (Foto: Daniel Galber / Especial para O Povo)
Foto: Daniel Galber / Especial para O Povo CONFORME levantamento, 80% das vítimas são homens

Um levantamento realizado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) revelou que 184 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Fortaleza, somente em 2024. O número representa um aumento de 17% em relação a 2023, ano em que foram registrados 157 óbitos.

Com o objetivo de alertar sobre os riscos causados pelo excesso de velocidade no trânsito, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da AMC, lançou, na manhã desta sexta-feira, 2, a campanha Maio Amarelo.

Com o tema “Desacelere: seu bem maior é a vida", agentes do órgão orientavam motoristas e pedestres que trafegavam no cruzamento das avenidas Desembargador Gonzaga com Oliveira Paiva, no bairro Cidade dos Funcionários, na Capital. Durante a ação educativa, motociclistas foram instruídos sobre a importância de respeitar os limites indicados pela sinalização no trânsito.

Conforme dados da AMC, motociclistas continuam sendo as principais vítimas fatais desses acidentes, representando 55% do total de mortes. Em seguida, aparecem os pedestres (32%), ciclistas (8%) e ocupantes de veículos de quatro ou mais rodas (5%).

Ainda em relação ao perfil das vítimas, pessoas do sexo masculino representam 80% dos óbitos. A faixa etária mais afetada é a de 30 a 59 anos, correspondendo a 56% dos casos, seguida por pessoas com 18 a 29 anos (21%), acima de 60 anos (19%) e até 17 anos (4%). Entre 2023 e 2024, houve aumento de 33% no número de mortes entre os usuários de motocicletas. Para pedestres e ciclistas, houve estabilidade.

Trabalhando como motorista de aplicativo há dois anos, José Vagner, 30, acredita que a redução de velocidade máxima nas vias da cidade aumentou a sensação de segurança no trânsito. "É bom pela segurança, tanto minha como do cliente. A gente tem que dirigir pela vida da gente e pela vida dos outros", afirma.

De acordo com o gerente de Operações e Fiscalizações da AMC, André Luís, os acidentes costumam acontecer já nas proximidades das casas das vítimas, momento em que os condutores costumam relaxar e reduzir sua atenção.

“Quando você reduz a velocidade, adequa a velocidade, o usuário tem mais condições de reagir a qualquer situação. O tempo de reação dele é melhorado. Você também diminui a ocorrência e a gravidade dos sinistros; aumenta também o campo de visão quando você tá no trânsito. Então, tem uma série de benefícios que faz com que essa política seja uma das mais fortes e evidentes para combater a mortalidade”, explica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a velocidade excessiva contribui para cerca de um terço de todas as mortes que ocorrem no trânsito em países de alta renda e metade delas em países de baixa e média renda.

Ao longo de maio, estão previstas intervenções como campanhas de sensibilização em faixas de pedestres, reforço da operação Lei Seca, palestras educativas em escolas, distribuição de materiais informativos e ações nas redes sociais. O objetivo, segundo a AMC, é criar uma cultura de respeito e responsabilidade nas vias, preservando vidas.

Redução da velocidade máxima nas vias de Fortaleza diminuiu o número de acidentes com mortes

Em Fortaleza, 85 vias tiveram a velocidade readequada de 60 para 50 km/h, conforme a AMC. De acordo com o órgão, a mudança contou com um período educativo, garantindo a adaptação dos condutores à regulamentação.

De acordo com dados da Autarquia, houve uma redução de 68,1% na média de acidentes com mortes em ruas e avenidas de Fortaleza que tiveram a readequação de velocidade máxima para 50 km/h. O estudo teve como base 16 vias cuja mudança foi implementada há mais de um ano.

“Nós, quando definimos a velocidade em uma avenida, não é porque é a intenção nossa diminuir a velocidade. Existem dados estatísticos que mostram que a redução da velocidade causa uma redução no número de mortes. Então por que não fazer isso? Certo? Então a gente trabalha nesse aspecto”, explica o superintendente da AMC, Sérgio Costa.

Ainda de acordo com a AMC, o quantitativo de sinistros com vítimas lesionadas caiu 18,9%. Já os atropelamentos diminuíram 29,7% e o de sinistros gerais, 23,3%. As avenidas Presidente Castelo Branco, General Osório de Paiva, Francisco Sá, Augusto dos Anjos, Frei Cirilo, Coronel Carvalho, Gomes de Matos, Dom Luís, Abolição, Santos Dumont, Historiador Raimundo Girão, Monsenhor Tabosa e Antônio Sales, e as ruas Dr. Justa Araújo, Alberto Magno e Governador João Carlos serviram como base para o levantamento.

Além de estudos para possível ampliação de projetos voltados à redução de velocidade máxima nas vias, o superintendente conta que a pasta está trabalhando na elaboração de outros programas para garantir redução do número de acidentes no trânsito.

“A gente tá trabalhando na ideia de fazer as faixas azul de motos, certo? Criar também uma faixa para antecipar a parada segura que tem nas rotas com sinais, isso para ajudar também o fluxo e melhorar também o número de redução de acidentes”, afirma.

De acordo com a AMC, países bem-sucedidos na redução do número de acidentes priorizaram a velocidade segura como uma de suas estratégias. Em 2014, Nova York reduziu o limite de velocidade para 40 km/h em cerca de 90% das vias da cidade e alcançou, a partir disso, queda de 25% nas fatalidades.

Na Noruega, Oslo implementou 30 km/h em áreas escolares e, em alguns casos, proibiu o tráfego de carros nesses locais. Em 2019, nenhum pedestre ou ciclista foi vítima de acidente fatal na cidade.

Na Espanha, autoridades anunciaram o plano de reduzir o limite padrão de 50 km/h para 30 km/h. O parlamento holandês aprovou medida semelhante e espera uma queda de 22% a 31% das mortes e lesões no trânsito.

Serviço

Programação do Maio Amarelo

Dia 02/05 - (sexta-feira):

  • Ação com foco no excesso de velocidade no cruzamento da Av. Oliveira Paiva com Av. Desembargador Gonzaga com exposição de motocicletas danificadas e distribuição de panfletos informativos

Dia 05/05 - (segunda-feira):

  • Abordagem de respeito ao pedestre e à faixa em frente à Praça José de Alencar

Dia 07/05 - (quarta-feira):

  • AMC nas Escolas com dicas de segurança para crianças sobre um trânsito seguro

Dia 08/05 - (quinta-feira):

  • Reforço da Operação Lei Seca com óculos que simulam a embriaguez

Dia 12/05 - (segunda-feira):

  • Operação Garupa Segura: ação educativa com foco no passageiro de moto

Dia 16/05 - (sexta-feira):

  • Operação itinerante com ênfase no uso do capacete

Dia 21/05 - (quarta-feira):

  • AMC nas Escolas com dicas de segurança para crianças sobre um trânsito seguro

Dia 23/05 - (sexta-feira):

  • Mobilização educativa no terminal de integração com passageiros de ônibus

Dia 27/05 - (terça-feira):

  • Ação educativa com pacientes vítimas de acidentes de trânsito no IJF

Dia 29/05 - (quinta-feira):

  • AMC nos Bares: abordagem em restaurantes na cidade sobre os riscos de beber e dirigir

Dia 30/05 - sexta-feira

  • Mobilização acerca da utilização do celular no trânsito
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