Mas, afinal, a época de chuvas pode estar mesmo ligada ao aumento do número de aves? De acordo com especialistas ouvidos pelo O POVO, a resposta é sim, ainda que esse não seja o único fator.
"A mudança no comportamento, além da percepção de aumento (do número de aves), é compatível com a época de chuvas e está associada à reprodução desses animais. Com maior oferta de recursos, os animais entram em reprodução", explica Kalyl Silvino, biólogo e consultor ambiental. "Quase que a totalidade de espécies presentes na Cidade se reproduzem durante a estação chuvosa e isso aumenta a população de (pássaros)", associa.
Entre as aves mais comuns que podem ser observadas em Fortaleza, o biólogo cita: bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), sanhaçu (Thraupis sayaca), sibite (Coereba flaveola), periquito de encontro amarelo (Brothogeris chiriri), carcará (Caracara plancus), pombo (Columba livia) e pardal (Passer domesticus).
Juliana Borges, bióloga e doutora em Ecologia e Recursos Naturais, aponta uma outra causa provocada pela época: "Também nesse período (chuvoso) dá muita poda (de árvore) e com isso pode reduzir o recurso alimentar (...) E eles estão migrando para essas praças que ainda deve ter algum favorecimento". Periquitos e rolinhas são nativas de Fortaleza. Por volta das 17 horas, os bandos se dispersam e que som fica mais alto.
Kalyl Silvino, especialista em fauna, destaca que a época de chuvas pode ser apenas um dos fatores que explicam o agito dos pássaros em praças e parques, pois essa mudança pode ter diversas causas, seja elas diretas ou indiretas.
Até a própria interação entre os indivíduos adultos e jovens pode impactar reação. "Por serem uma espécie gregária e com comportamento social, eles acabam gerando um ruído chamativo", pontua o biólogo. Ele diz que Fortaleza perdeu muita área verde nos últimos anos, o que pode influenciar na competitividade das aves. Contudo, ele frisa que é preciso um estudo maior para entender o cenário.