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Homicídios caem 33,1% no Ceará em 11 anos, aponta Atlas da Violência
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Homicídios caem 33,1% no Ceará em 11 anos, aponta Atlas da Violência

Dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira, 12, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Brasil apresenta menor taxa de crimes em 11 anos
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Imagem de apoio ilustrativo. Ceará tem aumento de homicídios com crianças de até 4 anos
 (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Imagem de apoio ilustrativo. Ceará tem aumento de homicídios com crianças de até 4 anos

O Ceará apresentou uma redução de 33,1% no número de homicídios entre 11 anos. Foram 4.473  casos contabilizados em 2013, enquanto, em 2023, esse número foi de 2.992. No âmbito nacional, o País registrou 45.747 homicídios em 2023, registrando a menor taxa em 11 anos. Desse total, 47,8% dos casos vitimaram jovens entre 15 e 29 anos.

Os dados são do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira, 12, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

O estudo utiliza as estatísticas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), mantido pelo Ministério da Saúde, e que utiliza dados fornecidos por unidades de saúde.

É diferente, portanto, da metodologia utilizada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que se vale das informações produzidas pelas Forças de Segurança do Estado.

A redução dos homicídios no Ceará também foi observada no Atlas da Violência no período que vai de 2018 a 2023. O Estado teve queda de 38,9% nesse espaço de tempo, saindo de 4.900 homicídios para 2.992 nesse período. 

No levantamento, a queda de homicídios é observada a partir do ano de 2019, tendo um aumento nos dois anos seguintes e, em seguida, redução gradativa até 2023.

Apesar do Atlas da Violência não trazer dados de 2024, os números da SSPDS apontaram que, no ano passado, houve um aumento de 10,16% no número de homicídios em relação a 2023

O Atlas da Violência indica que a redução dos crimes em nível nacional se deve a diversos fatores. Entre eles estão a diminuição geral da violência letal, a continuidade da transição demográfica com o envelhecimento da população, a trégua na rivalidade entre as duas maiores facções criminosas e a implementação de políticas locais de segurança pública.

No levantamento, foram observadas reduções de homicídio entre 2018 e 2023 nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Os pesquisadores, porém, observaram que a sensação de insegurança do brasileiro não acompanhou a redução de homicídios. No relatório do estudo é citada pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no último mês de abril, que indicou que a maior parte dos entrevistados (29%) enxerga a questão da criminalidade como o maior problema do Brasil.

Os autores afirmam que essa “aparente contradição” se deve a fatores como a “intensidade de como os incidentes são tratados nas mídias e redes sociais”, a “localização geoespacial dos conflitos” e a “maneira como as pessoas se sentem expostas aos crimes praticados”.

Outro fator que incide sobre a sensação de insegurança, escreveram os pesquisadores, é uma mudança no padrão de criminalidade, em que mais casos de estelionato passaram a ser registrados.

É citado que, em 2023, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou que quase dois milhões de casos de estelionato praticado em meios digitais foram registrados, o que dá uma média de um golpe a cada 16 segundos.

“A transformação digital da sociedade ao mesmo tempo em que ajuda a revelar os altos níveis de violência que permeiam as relações sociais (inclusive intrafamiliares e relacionadas ao ambiente escolar, como o cyberbullying), traz em seu bojo novas relações que potencializam o medo do crime”.

O Atlas da Violência também identificou que a violência cresceu no Ceará em relação a alguns estratos sociais. É o caso das mulheres negras, cujos assassinatos, de 2013 a 2023, cresceram 57,5% no Estado.

Foi o segundo maior aumento entre todos os estados no período, atrás apenas do Piauí, cujo aumento foi de 58,6%. Em todo o País, os homicídios de mulheres negras caíram 20,4% em 11 anos.

Confira a quantidade de homicídios registrados no Ceará entre 2013 a 2023

2013 - 4.473
2014 - 4.626
2015 - 4.163
2016 - 3.642
2017 - 5.433
2018 - 4.900
2019 - 2.417
2020 - 3.992
2021 - 3.471
2022 - 3.030
2023 - 2.992

Veja o balanço do número de homicídios por ano no Brasil

2013 - 57.396
2014 - 60.474
2015 - 59.080
2016 - 62.517
2017 - 65.602
2018 - 57.956
2019 - 45.503
2020 - 49.868
2021 - 47.847
2022 - 46.409
2023- 45.747

Violência aumenta contra crianças de até 4 anos

Apesar da redução, o cenário mostra um aumento dos homicídios tendo como vítimas crianças de até 4 anos no Ceará. No período compreendido entre 2018 a 2023, 65 crianças dessa faixa etária foram vítimas de homicídios na região.

Em 2018, quatro casos foram registrados, enquanto em 2023 o número ficou em cinco, apresentando uma alta de 25%. No levantamento nacional, 2.124 crianças de até 4 anos foram assassinadas entre 2013 e 2023.

A pesquisa alerta que os homicídios não representam a totalidade das violências enfrentadas por crianças e adolescentes. Além das crianças serem vítimas de violência letal, elas também sofrem com violências não letais.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde (MS), registra quatro características associadas a diversos tipos de violência: psicológica, negligência/abandono, violência física e violência sexual.

Violência contra idosos quase triplica em cinco anos no Ceará

A violência contra pessoas idosas quase triplicou no Ceará no período de 2018 a 2023. No primeiro ano, 647 notificações de violência interpessoal contra o público foram registradas. Já em 2023, o número saltou para 1.970 casos, apresentando um aumento de 204,5%.

No País, o número de casos registrados foi o maior em 11 anos, com 28,7 mil notificações de violência. O estudo aponta que outra forma de avaliar a exposição das pessoas idosas à violência é por meio das condições inadequadas de moradia, que comprometem a mobilidade e elevam os riscos de quedas, lesões e outras situações de vulnerabilidade.

Segundo o Censo Demográfico de 2022, 17.386 pessoas idosas viviam em domicílios improvisados, sendo 11.411 homens e 5.975 mulheres. Dentre elas, 38,7% residiam em estabelecimentos em funcionamento; 31,1% em tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido; 13,8% em outras formas de moradia improvisada, como abrigos naturais e estruturas precárias.

Além disso, 8,6% moravam em edificações não residenciais degradadas ou inacabadas; 5,9% em estruturas improvisadas localizadas em logradouros públicos (exceto tendas ou barracas); e 1,8% em veículos, como carros, caminhões, trailers ou barcos. (Colaborou Lucas Barbosa)

 

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