No cotidiano clínico, a fonoaudióloga Fernanda Sampaio percebe que "muitos adolescentes e, com o passar do tempo, crianças muito mais novas, têm apresentado queixas como zumbido e até mesmo perda auditiva em frequências isoladas decorrente do uso do fone de ouvido, principalmente em uma orelha. Por hábito, esses jovens têm utilizado o fone em uma orelha e, dessa forma, o comprometimento acontece somente na orelha com mais exposição".
Professora do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Sampaio atesta o aumento de jovens que procuram o serviço de fonoaudiologia para a realização de exames após exposição prolongada a sons, especialmente após festas, micaretas "ou mesmo por permanecerem próximos ao que conhecemos como paredões durante shows".
No início, a perda auditiva somente pode ser verificada após realização da audiometria, porque nessa fase, segundo a fonoaudióloga, as frequências mais atingidas são as agudas: "Na maioria das vezes, somente após a realização do exame é que os pais ficam cientes da perda".
A audiometria é responsável por analisar a capacidade de captação do som em diferentes frequências e intensidades. Através dela é possível identificar se existe perda de audição e qual o seu tipo e grau. O exame é realizado em uma cabine acústica na qual o paciente é orientado a fazer um sinal todas as vezes que escutar o estímulo auditivo e repetir palavras ditas pelo fonoaudiólogo através do fone de ouvido.
Sampaio lembra que podem ser várias as causas de perda auditiva em crianças, desde caráter genético ou congênito, ou seja, durante a gravidez ou nascimento, até problemas que acometem posteriormente, durante o desenvolvimento do indivíduo.
"É de suma importância a realização de testes que possam detectar precocemente a perda auditiva com o objetivo de tratar ou reabilitar, dependendo do tipo e grau dessa perda. Um importante teste é o exame das Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes, conhecido popularmente como teste da orelhinha. Toda criança ainda na maternidade deve realizá-lo para que, caso seja identificada alguma alteração, possa ser submetida a avaliação complementar e acompanhamento", destaca.
Enquanto sociedade, Fernanda acredita que é necessário promover campanhas de orientação "principalmente nas escolas, para ajudar no processo de conscientização de crianças e jovens".
Na avaliação da especialista, também é importante "orientar quanto ao uso correto de fones de ouvido e aos prejuízos decorrentes da exposição a sons muito altos para evitar danos futuros e, muitas vezes, irreversíveis".