O Janeiro Branco é o movimento que convida a sociedade à reflexão sobre saúde mental. Uma questão muito debatida nesse tema é o cuidado necessário com o físico para ajudar no bem-estar da mente. Você costuma cuidar da sua saúde física e mental?
Altair Oliveira Monteiro, psicóloga clínica e do esporte, a prática de exercício físico ajuda na nossa conexão cerebral. “A ciência ainda não descobriu como aumentar nossa quantidade de neurônios, mas sabemos que é possível aumentar as conexões entre eles, as sinapses, que fazem nosso cérebro funcionar de forma mais rápida. Melhora nossa cognição, nossa memória e nossa concentração”, explica.
A psicóloga afirma que o exercício físico é responsável pela melhora mental com os neurotransmissores, os químicos que são liberados pelo nosso cérebro durante a prática de atividade física: a serotonina, a endorfina e a dopamina.
“A serotonina está relacionada com a sensação de prazer, de satisfação, de bem-estar. Melhora a resposta ao estresse, até a sexualidade e o descanso. A endorfina é um analgésico natural do corpo e a dopamina aumenta nossa sensação de prazer de forma mais imediata, afeta o humor, aumenta a disposição e o sentimento de satisfação em geral”, detalha.
Ainda falando sobre a dopamina, Altair atribui a ela o motivo, por exemplo, de ficarmos horas rolando o feed de uma rede social, que gera a liberação de dopamina, mas complementa que o exercício físico é uma “dopamina pura”.
“O cérebro produz uma dopamina que vai deixar essa sensação por muito mais tempo, diferente de um prazer imediato do feed de uma rede social”, completa.
Além da liberação dos neurotransmissores e do aumento no número de sinapses, a psicóloga também dá detalhes sobre outros benefícios que uma pessoa fisicamente ativa obtém por meio desse hábito.
“A nível cerebral, a atividade física só tem benefícios. Tem a questão que chamo de ‘efeito cascata’: quando alguém começa a fazer atividade física, geralmente também busca um profissional para melhorar a alimentação, melhora o sono, começa a prestar mais atenção em si e ter um olhar para o que faz bem”, declara.
O autoconhecimento também é algo a se observar quando se começa a praticar atividades. Segundo Altair, isso também é uma questão de melhora na saúde mental.
“A atividade física é importante também na questão de entender uma motivação e de construir uma disciplina. Aí você começa a levar isso para outras áreas da vida, vira uma pessoa mais disciplinada no trabalho, nas relações e até com você mesmo”, comenta.
ENTENDA: qual a relação entre saúde mental e emagrecimento?
Um problema comum é não conseguir se manter na atividade física sem se desmotivar. Sobre essa dificuldade, Altair também dá dicas. Para começar, a profissional comenta que é necessário ter atenção para o que o hábito trouxe de bom para sua vida, além de pensar positivamente sobre os avanços obtidos.
“Conforme você olha para o positivo e o valida, as chances de seu cuidado ir aumentando é muito maior do que se você só olhar para o que não faz ou não consegue. Na construção do processo, se você se manter constante, a tendência é que fique cada vez melhor”, instrui.
Sobre a motivação, a psicóloga completa seu pensamento afirmando que é importante ter consciência da importância daquele ato para a saúde. Não necessariamente é preciso ter uma grande animação para se exercitar, mas entender os benefícios desse ato é um passo importante para não desistir.
“Outro benefício é aprender a ouvir o seu corpo. Saber quando está cansado e precisa parar ou quando é apenas preguiça ou falta de vontade. A motivação não é acordar e estar super animado e querendo fazer atividade física, é fazer com a consciência de que aquilo é importante para sua saúde mental”, finaliza.