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Proteção solar: uso do protetor é essencial mesmo em dias nublados
Ciência e Saúde

Proteção solar: uso do protetor é essencial mesmo em dias nublados

Até 80% da radiação UV atravessa as nuvens, podendo causar envelhecimento precoce, manchas e aumentar o risco de câncer de pele
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PARA algumas pessoas, a praia é sempre um bom passeio, mesmo com o tempo nublado (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR PARA algumas pessoas, a praia é sempre um bom passeio, mesmo com o tempo nublado

Muitas pessoas acreditam que, em dias nublados, o uso de protetor solar pode ser dispensado, já que o sol está encoberto pelas nuvens. No entanto, especialistas alertam que essa é uma crença equivocada. A proteção contra os raios ultravioleta (UV) deve ser mantida em qualquer condição climática, pois a radiação solar continua atingindo a pele.

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De acordo com a professora de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Genúcia Cunha, se uma pessoa tivesse que escolher um único produto para a pele, deveria ser o protetor solar. 

"Principalmente para quem mora em climas quentes, com sol o ano todo, mesmo na estação chuvosa, o uso do protetor solar continua indispensável", enfatiza a especialista.  A indicação do uso do protetor solar é que seja diário, independentemente do clima ou do ambiente.

“Se deve usar nos dias de sol ou de chuva, dentro ou fora de casa, desde o momento em que se acorda até a hora de dormir. Muitas pessoas acham que o protetor solar é apenas para a praia, mas, na verdade, ele serve para nos proteger do sol no dia a dia. Quando vamos à praia, a exposição aos raios ultravioleta é ainda pior, pois a água e a areia refletem a radiação. O mesmo ocorre em ambientes urbanos, onde concreto e até gelo refletem os raios solares”, explica.

A especialista ressalta que, mesmo em dias nublados, a radiação ultravioleta continua atingindo a pele, pois as nuvens não bloqueiam totalmente os raios solares. Além disso, a radiação atravessa vidros, alcançando a pele mesmo em ambientes internos.

Embora o sol traga benefícios como a produção de vitamina D, essencial para o sistema imunológico, ele também tem um lado nocivo. A exposição excessiva pode causar danos cumulativos à pele, cabelos, unhas e até aos olhos.

“O efeito do sol vai se acumulando lentamente na pele, e os efeitos negativos também. O uso do protetor solar não nos dá liberdade irrestrita ao sol. Ele não é um passaporte para a exposição solar sem riscos”, alerta a dermatologista.

Segundo o médico Narcilio Freitas Damasceno, residente de Dermatologia do Hospital Universitário Walter Cantidio (HUWC), a radiação UV é composta por dois principais tipos de ondas: UVA e UVB. “A radiação UVA está presente o dia todo e está mais relacionada ao envelhecimento da pele, mas também pode causar câncer. Já a UVB, mais intensa entre 10h e 16h, é a principal responsável por queimaduras solares e também tem forte associação com o câncer de pele”, explica Narcilio.

Nos dias nublados, a radiação UVB pode ser um pouco menor, mas a incidência da radiação UVA se mantém constante, independentemente da presença das nuvens. Além disso, até 80% da radiação UV pode atravessar a cobertura de nuvens.

Qual o melhor protetor solar?

O mercado oferece uma grande variedade de protetores solares, incluindo versões físicas, químicas e biológicas. Segundo a dermatologista Maria Genúcia, o ideal é optar por um produto com fator de proteção solar (FPS) acima de 30 e com proteção contra os raios UVA e UVB.

“O FPS mede a proteção contra a radiação UVB, enquanto o PPD mede a proteção contra os raios UVA. Para garantir uma defesa completa, o protetor solar deve conter filtros tanto para UVA quanto para UVB”, detalha a dermatologista.

Além dos filtros físicos e químicos, existem os chamados filtros biológicos, que são compostos por substâncias antioxidantes de origem vegetal, como polypodium leucotomos, pinus pinaster e luteína. Esses ativos ajudam a reforçar a proteção solar de dentro para fora.

A professora da UFC também destaca a importância dos protetores solares com cor, pois, além de uniformizar a pele, oferecem proteção extra contra a luz visível. “Os pigmentos do protetor com cor atuam como barreira física, refletindo a radiação ultravioleta e evitando o surgimento de manchas”, diz.

Como aplicar o protetor solar corretamente?

Para garantir uma proteção eficaz, a aplicação deve ser feita de maneira adequada. “A quantidade ideal varia de pessoa para pessoa, mas, geralmente, recomenda-se uma porção equivalente à ponta de um dedo para o rosto e cerca de 5 a 10 ml para o corpo. O produto deve ser reaplicado pelo menos duas ou três vezes ao dia”, orienta a dermatologista.

Ela também alerta sobre o erro comum de economizar no uso do protetor solar. “Um frasco de 30 a 40 gramas, quando usado corretamente, dura cerca de um mês. Se um protetor solar dura um ano, significa que ele não está sendo utilizado na quantidade adequada”, reforça.

O uso regular do protetor solar não apenas previne o câncer de pele, mas também evita o envelhecimento precoce, rugas, manchas e outras lesões cutâneas. “O sol tem um lado positivo, mas também possui efeitos deletérios que queremos evitar. Por isso, o protetor solar é um aliado indispensável para a saúde da pele”, conclui a especialista. 

Além do protetor solar: estratégias de fotoproteção

A proteção solar vai além do uso do protetor. O ideal é adotar também outras medidas, como o uso de chapéus, guarda-chuvas, roupas de manga longa e tecidos com proteção UV. Essas práticas reforçam a defesa contra os danos solares, principalmente para quem se expõe frequentemente ao sol.

Segundo a dentista e especialista em harmonização facial, Eduarda Diógenes, a escolha do protetor solar deve levar em conta fatores como tipo de pele e nível de exposição ao sol. Protetores oil-free são indicados para peles oleosas, enquanto peles mais secas se beneficiam de produtos com maior poder de hidratação. Para quem pratica esportes, opções mais resistentes ao suor são recomendadas.

Os protetores solares com cor são uma opção vantajosa, pois oferecem uma proteção mais ampla, bloqueando não apenas os raios UVA e UVB, mas também a luz visível emitida por lâmpadas e telas de celulares e computadores. Essa categoria de protetor é especialmente indicada para quem tem manchas na pele, como melasma, explica Eduarda Diógenes.


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