Quando procuramos entender como estão os adolescentes atuais não podemos deixar de lado os efeitos que a pandemia ocasionou em suas vidas. Inúmeros estudos vêm documentando problemas relacionados à saúde mental, à vida social e a diversos outros aspectos.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 mostrou que 93% da população brasileira entre 9 e 17 anos utiliza a internet regularmente.
Dessa porcentagem, 83% têm perfis em plataformas digitais e as utilizam pelo menos uma vez por semana. A faixa etária de 15 a 17 anos é a mais presente online, com 99% de adesão, seguida pelos adolescentes de 13 a 14 anos (93%).
Para esta reportagem, O POVO visitou o Colégio Estadual Liceu do Ceará e o Master para conversar com estudantes do ensino médio. Professores, psicólogas e coordenadores atuantes nas instituições também participaram do diálogo.
Alunos com idades entre 15 e 18 anos, com perfis diversos de raça, gênero, classe social e sexualidade foram entrevistados. Depressão e ansiedade, inseguranças diversas, dependência do celular, relações online, dificuldade em se comunicar e em se concentrar foram aspectos vividos, ou observados, por esses jovens. Porém, todos eles demonstraram consciência das consequências sofridas no cenário pós-pandêmico e midiático.
Muitos afirmaram que conteúdos diversos e inapropriados — como cyberbullying, conteúdos adultos, violência virtual e desafios que colocavam suas vidas em risco — chegavam até eles, principalmente na época da quarentena.
"A internet é uma terra sem lei. Ninguém sabe quem é você e você não sabe quem é ninguém, é como uma prisão. Foi uma liberdade tirada da gente, de sair e de conversar com as pessoas. Agora que estamos voltando a fazer isso", relata Endel da Costa, estudante de 18 anos.
Já Luana Sales, estudante de 16 anos, aponta a ansiedade e a dificuldade de se concentrar como uma das maiores consequências. "Era informação o tempo inteiro, e falsa também", comenta.