Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, Fortaleza teve a 21ª maior taxa de celulares roubados ou furtados no Brasil em 2023. É o que indicam os dados compilados na 18ª edição do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, publicada no último dia 18 de julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Conforme o Anuário, Fortaleza teve em 2023 uma taxa de 1.089,3 celulares subtraídos para cada 100 mil habitantes. Foi o único município cearense na lista das 50 cidades com as maiores taxas de roubo e furto de celular. A maior taxa foi registrada em Manaus-AM, que teve 2.096,3 aparelhos roubados ou furtados para cada 100 mil habitantes.
Em 2023, 16.516 celulares foram roubados em Fortaleza, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) obtidos por O POVO através da Lei de Acesso à Informação (LAI). Ao todo, no ano passado, foram 22.850 aparelhos roubados em todo o Estado. Foi o menor número registrado no Ceará desde 2017, quando 22.271 celulares foram roubados.
“A análise das dinâmicas associadas aos furtos e roubos de celulares no Brasil comprova a ideia de eles serem crimes de oportunidade e suscetíveis a diversas variáveis de local, horário, poder de compra das vítimas e tipo de dispositivo”, é afirmado no Anuário.
“Todavia, considerando o que já foi citado no texto deste Anuário que fala de estelionatos e golpes virtuais, os roubos e furtos de celulares também parecem influenciados pelo baixo nível de letramento digital das vítimas e, em especial, pela baixa capacidade institucional do Estado, especialmente das polícias civis, em investigar tais ocorrências e punir seus responsáveis”.
O presidente do FBSP, o sociólogo Renato Sérgio de Lima contextualiza os dados dentro de uma tendência de aumento no caso de estelionatos — sobretudo, dos chamados "golpes do Pix" — em detrimento dos chamados de "crimes de rua", como os roubos e furtos.
Ele observa que o furto ou roubo de diversos celulares de uma vez pode render ao criminoso um lucro superior a atividades criminosas mais tradicionais, mediante, por exemplo, ao acesso aos dados bancários contidos nesses aparelhos.
Para o sociólogo, para combater essas novas modalidades criminosas, é preciso reverter a tendência histórica observada nas forças de segurança de privilegiar o patrulhamento ostensivo em detrimento da investigação e inteligência. O resultado desse modelo, afirma Renato, é a baixa capacidade existente no Brasil de esclarecer crimes e a dificuldade em desbaratar as grandes cadeias que lucram com a receptação dos objetos subtraídos.
Entre as medidas adotadas pela SSPDS para tentar reduzir o número de roubo de celulares no Ceará está a ferramenta Meu Celular, lançado em abril e que permite o cadastro aparelhos para que, em caso de subtração, uma alerta seja emitido visando a recuperação. No primeiro mês de funcionamento do Meu Celular, 450 celulares foram recapturados no Estado, o que corresponde ao mesmo número registrado em todo o ano de 2023.
Conforme o delegado Harley Filho, da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol), a ferramenta contribuiu com redução de 5,70% registrada no número de celulares subtraídos no Estado no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o delegado, “quase todos os dias”, pessoas têm devolvido celulares roubados, adquiridos não necessariamente de má-fé, ele explica, mas porque os compradores acreditaram nos valores abaixo do mercado.
Halley ainda reforça a importância de registrar oficialmente roubos e furtos, até porque é através de informações como as registradas em boletins de ocorrência que as forças de segurança decidem onde e quando alocar os agentes de segurança pelo Estado.
Manaus-AM — 2.096,3 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Teresina-PI — 1.866,0 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
São Paulo-SP — 1.781,6 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Salvador-BA — 1.716,6 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Lauro de Freitas-BA — 1.695,8 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Belém-PA — 1.643,0 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Macapá-AP — 1.425,7 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Olinda-PE — 1.423,8 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Ananindeua-PA — 1.400,6 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Recife-PE — 1.292,7 celulares subtraídos por 100 mil habitantes
Fonte: Anuário Brasileira de Segurança Pública