"Um copo d'água e a senha do wi-fi não se nega a ninguém", já decreta o ditado popular moderno. No Ceará, ele é dito da Capital ao Interior sem cerimônia, uma vez que o Estado ostenta a posição de mais conectado do Nordeste, segundo levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Na escala de zero a cem do Índice Brasileiro de Conectividade (IBC), o Ceará apresenta 59,06 pontos - marca que o coloca ainda como o 12º do ranking nacional que tem Distrito Federal (95,24), Santa Catarina (87,35) e São Paulo (84,42) no pódio.
O IBC, explica a Anatel, "considera a conectividade como alta quando superior a 60,81, como média entre 52,33 e 60,81, como baixa entre 37,26 e 52,33 e como muito baixa quando inferior a 37,26."
A classificação, na prática, demonstra o quanto investimentos no setor lograram sucesso e, hoje, são sinônimo de desenvolvimento e atração de novos negócios, aponta o professor Ildo Ramos, do curso de Tecnologia da Informação da Estácio no Ceará.
Ele destaca os componentes do IBC como essenciais para se entender o mercado de telecomunicações local, algo estratégico tanto para as empresas que estão interessadas em investir aqui quanto para os poderes públicos montarem suas políticas de incentivo ao setor.
Os elementos considerados pela Anatel na composição do Índice incluem:
Alguns deles, especialmente o backhaul Liga o núcleo da rede e as redes periféricas de fibra óptica de fibra óptica do Ceará, contam com uma infraestrutura reconhecida nacionalmente e são motivo daquele ditado do copo d'água e da senha de wi-fi ser uma máxima nas mais distantes comunidades cearenses.
Formada por uma rede idealizada pelo Estado, o Cinturão Digital, e mais os backhauls das grandes empresas de telecom, a fibra óptica no Ceará se tornou o principal canal de conexão especialmente quando os pequenos provedores de internet foram estimulados e tomaram conta do mercado local.
No entanto, quando o assunto é densidade de acessos móveis 4G e 5G e a cobertura pelas estações rádio-base, o Estado sofre da mesma deficiência observada na maioria da região Nordeste: apagões de conectividade fora dos centros urbanos das cidades.
No entanto, reforça o professor Ildo Ramos, o Ceará tem plena capacidade de aproveitar as oportunidades que surgem como o aumento da conectividade, seja ela provocada pelo governo ou pelos investidores privados.
Perguntado se a mão de obra formada pelas instituições locais e as empresas em atividade no Estado são capazes de usufruir do potencial que um maior acesso à internet ou à tecnologia como um todo proporciona, Ramos assegura que os profissionais cearenses são referência e cobiçados pelos estrangeiros e aponta indústrias e serviços como aptos a se desenvolverem mais se atentos ao mercado de telecom.
Qualidade deve ser cobrada
“O que precisa, não somente dos governos, mas também das próprias empresas, é demonstrar melhor qualidade dos serviços prestados”, alerta, citando o caso de praças públicas onde foram instaladas redes wi-fi e do sinal das operadoras como um todo.
Desta vez, ele aponta para os usuários como os únicos agentes aptos para esta tarefa de atestar e reclamar por uma melhor qualidade. Órgãos de defesa do consumidor e a Anatel possuem canais próprios para tal missão e os quais são baliza para rankings e investimentos na área.
Usados da devida forma, esses indicadores podem resultar em melhores programas de estímulo à conexão por parte dos governos, leilões de novas tecnologias mais arrojados à realidade e como ferramentas de orientação pelas de empresas para serem mais assertivas na prestação do serviço.
Afinal, as possibilidades de desenvolvimento econômico se mostram amplas ao observar o mercado de telecom e governo e setor produtivo demonstram interesse na exploração cada vez maior nesta frente.