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Dois dedos de prosa: Brasil participa no Chile de debate mundial sobre liberdade de imprensa
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Dois dedos de prosa: Brasil participa no Chile de debate mundial sobre liberdade de imprensa

Presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), Paulo Tonet Camargo participa de evento que abordará temas como a violação do trabalho jornalístico, assimetrias regulatórias em relação às plataformas digitais e a disseminação de notícias falsas serão abordados no seminário
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Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: Paulo Tonet, presidente da AIR participa de seminário no Chile 
 (Foto: Divulgação/ AIR )
Foto: Divulgação/ AIR Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: Paulo Tonet, presidente da AIR participa de seminário no Chile

O presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), Paulo Tonet Camargo, representará a entidade em um seminário dedicado ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado na última sexta-feira, 3 de maio. O evento, que inicia neste fim de semana, ocorre em paralelo a Conferência Global da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Durante o evento em Santiago, no Chile, temas como a violação do trabalho jornalístico, assimetrias regulatórias em relação às plataformas digitais e a disseminação de notícias falsas serão abordados no seminário.

A Unesco escolheu o dia 3 de maio para rememorar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, com o intuito de alertar a sociedade sobre crimes cometidos contra profissionais da comunicação, em especial os jornalistas, que muitas vezes são torturados ou assassinados por causa do seu trabalho.

O POVO -  O Brasil participará, a convite da Abert, do Seminário em Defesa da Liberdade de Expressão, como você avalia a relevância do evento internacional para a imprensa brasileira?

Paulo Tonet Camargo - O evento é uma Conferência Mundial da Unesco, relativo ao Dia Mundial da Liberdade de Expressão e Imprensa e está acontecendo aqui, 30 anos depois da primeira conferência, que foi aqui em Santiago, no Chile. E a Associação Internacional de Radiodifusão foi convidada para fazer um dos eventos paralelos à conferência, onde nós discutimos e apresentamos a questão da assimetria regular obrigatória do setor de comunicação social em diversos países com as plataformas digitais. Um estudo muito bem feito, bem apurado sobre o assunto será apresentado por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostrando, inclusive, o desrespeito à regra de publicidade.

OP - Na última quinta foi assinada a Declaração Santiago +30, que surge para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Este ano, a Unesco escolheu abordar o tema “O jornalismo diante da crise ambiental”. Como você classifica a escolha do assunto?

Tonet - Evidentemente que isso é um evento da Unesco e tem muitos países do mundo representados aqui. Essa é uma preocupação de informação e meio ambiente, porque a questão ambiental global está muito forte. A desinformação no campo ambiental é algo que é muito perigoso, então, os meios e a Unesco, estão se debruçando sobre esse tema para levar em consideração o que está acontecendo do ponto de vista de desinformação sobre o tema ambiental.

OP - No que tange à violência contra jornalistas, o relatório anual do Comitê para Proteger Jornalista mostrou que cerca de 75% dos profissionais mortos em 2023 foram vítimas da ofensiva em Gaza. Para você, o que esses números representam, tendo em vista que eles foram mortos em serviço?

Tonet - Nós temos problemas em todas as Américas e estamos sempre vigilantes na defesa do jornalismo profissional. E nós entendemos que, só é possível falar em liberdade de expressão, falar em democracia, com um jornalismo profissional livre e independente. Então na medida em que profissionais do jornalismo são atacados, como é o caso da Nicarágua, como é o caso da Venezuela, nós estaremos sempre e estamos sempre prontos para defender o exercício pleno do jornalismo profissional.

OP - Após a pandemia da Covid-19, em 2020, você notou alguma diferença no trabalho jornalístico? Acredita que os profissionais da imprensa têm encontrado maior resistência na produção das notícias?

Tonet - A maioria dos países está se debruçando sobre este tema. Nós, no Brasil, temos uma discussão grande na questão da responsabilidade das plataformas sobre a distribuição dos veículos, a distribuição e regras de publicidade, fundamentalmente a remuneração do conteúdo do analítico. Nós produzimos, eles distribuem, monetizam e nada pagam por isso. É uma discussão que está posta em todos os países. Nós entendemos que atacar esses pontos é a maneira, fundamentalmente pela questão da responsabilidade, de diminuir o risco das fake news.

OP - Com as novas tecnologias, muitas pessoas acreditam que podem atuar como jornalistas mesmo sem dispor da formação. Para você, quais os impactos das redes sociais no trabalho do jornalista?

Tonet - O que nós preconizamos é justamente a falta do Jornalismo é que gera notícias falsas. É o que gera desinformação com a sociedade, porque, onde há veículos estabelecidos com responsabilidade e com Jornalismo independente e profissional, nós fazemos disso o combate à desinformação. As informações falsas nunca vêm dos veículos de comunicação e dos seus jornalistas, vêm sempre de pessoas que lançam ideias, lançam fatos, sem nenhuma apuração, sem nenhum profissionalismo. Então, a defesa do Jornalismo profissional nunca foi tão relevante como é agora.

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