A demanda por soluções sustentáveis e que reduzam custos tem crescido entre os administradores de condomínios no Ceará. Soluções em água, energia e descarte de resíduos, por exemplo, são uma tendência crescente.
No que se refere à energia elétrica, questões como mercado livre de energia, geração própria e a busca por condomínios com serviços de carregamento para carros elétricos têm ganhado destaque.
Esses temas foram debatidos no segundo dia da ExpoMarket Condomínios, evento promovido pelo Grupo de Comunicação O POVO (GCOP), que teve programação até sábado, 26 de outubro.
Na palestra "Caminhos para Sustentabilidade em Condomínios: Água, Energia e Gás", participaram Romildo Lopes, coordenador de Políticas Ambientais da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece); Gustav Costa, diretor-técnico e comercial da Companhia de Gás do Ceará (Cegás); e Hanter Pessoa, CEO da H3 Energia e diretor do Sindienergia.
Hanter destacou que a adoção de inovações em energia nos condomínios está em crescimento, e assuntos como geração própria e estrutura para carregamento de carros elétricos deixaram de ser de nicho para se tornarem centrais. No entanto, cresce também a preocupação das administrações com os custos adicionais para a operação.
Nesse contexto, o mercado tem se esforçado para oferecer soluções que conciliem sustentabilidade e economia. Uma dessas propostas é a possibilidade de desconto na conta de energia elétrica sem necessidade de instalação ou investimento direto.
O produto da H3 baseia-se na conexão do condomínio a uma usina de energia renovável por meio de créditos de energia. Na prática, o investimento do condomínio o torna "sócio" de uma cota, e os dividendos geram créditos aplicados diretamente na unidade consumidora.
Hanter estima que a economia na conta de energia possa chegar a até 20%. "Esse produto faz muito sentido para condomínios, que frequentemente lidam com condições financeiras apertadas e têm outras prioridades, não querendo investir em obras", explica. "Não é uma instalação física, mas sim o recebimento de crédito de uma usina solar", completa.
Outro assunto importante para os condomínios é a gestão de resíduos sólidos. A discussão sobre coleta seletiva ganha espaço e representa um mercado promissor que vê nos condomínios uma oportunidade de expansão.
Banward Pontes, diretor comercial da Recicles Mais, empresa especializada em projetos de coleta seletiva, destaca que o aumento da conscientização tem sido fundamental para o crescimento acelerado do setor. Desde 2018, a empresa tem dobrado anualmente a quantidade de clientes atendidos. A oferta de serviços é personalizada, conforme a demanda de cada condomínio ou empresa.
"Não existe uma quantidade mínima, podemos atender qualquer condomínio, independentemente do tamanho ou número de unidades. A solução será avaliada de acordo com a quantidade de lixo reciclável gerado", afirma.
A implementação de coleta seletiva pode ser realizada de diversas formas nos condomínios, desde lixeiras identificadas para separação do lixo até a destinação correta dos resíduos.
Outro tema discutido na feira foi o uso correto e a economia de água. Romildo Lopes destacou que há ações ao alcance dos síndicos, como a adequação da infraestrutura das áreas comuns, incluindo a adoção de equipamentos hidráulicos mais eficientes.
A conscientização dos condôminos também é essencial. "Acho que a palavra certa aqui seria 'sensibilização', porque não se educa um adulto, mas se sensibiliza", ressalta.
Presente na ExpoMarket Condomínios 2024 com estande, a Terran Ambiental, empresa especializada na perfuração de poços e instalação de Estações de Tratamento de Água (ETA), é um exemplo de crescimento devido à demanda por melhor manejo e redução de custos com tarifas de água.
Edilene Sales, sócia da Terran Ambiental, destaca que a perfuração de poços reduz significativamente os custos, e a instalação de ETAs maximiza os benefícios. Atualmente, o custo do metro cúbico (m³) pago à Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) é de R$ 0,70/m³, enquanto a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) cobra R$ 6,29/m³ pela água tratada.
"Isso torna o projeto financeiramente viável, com um ótimo custo-benefício e vantagens adicionais, pois a água que entregamos é ultrafiltrada e tem qualidade muito superior à água convencional", afirma.
Segundo Edilene, o sistema de monitoramento em linha é outro diferencial, pois realiza análises em tempo real, ajustando automaticamente a dosagem de produtos químicos a cada três minutos, garantindo a eficiência e a qualidade do tratamento.
A adoção de sistemas de gás natural encanado em condomínios tem se mostrado uma oportunidade para redução de custos na gestão condominial e uma tendência crescente.
Gustav Costa, diretor-técnico e comercial da Companhia de Gás do Ceará (Cegás), destaca que, no último ano, houve um crescimento de aproximadamente 12% na carteira de clientes residenciais. Apesar disso, a Cegás busca ampliar esse número, desenvolvendo ações de conscientização junto aos síndicos.
"O consumo residencial ainda é muito baixo. Nossa demanda é pequena em relação ao setor comercial e industrial. O que trouxemos para este evento foi mostrar que o gás natural é uma solução competitiva e sustentável. Ele oferece praticidade, economia e mais sustentabilidade para o condomínio", explica.
A T&C Industrial, especialista na fabricação de revestimentos, tintas epóxi e poliuretano, impermeabilizantes e produtos para recuperação estrutural, tem lançado uma série de produtos ecologicamente corretos.
Franzé Azevedo, diretor comercial e fundador da T&C, destaca que o mix de produtos segue em expansão, com atenção especial à demanda dos condomínios. A empresa oferece desde tintas emborrachadas e sistemas de revestimento até soluções para impermeabilização de reservatórios e piscinas.
"Nossa atuação vai do projeto, com serviços de engenharia, até o pós-obra, com assistência técnica completa. Nosso objetivo é sermos únicos no apelo ecológico e tecnológico", afirma Franzé.
"O futuro dos negócios será marcado pela preocupação ambiental. A T&C, por exemplo, eliminou solventes de suas formulações. Todos os nossos sistemas são isentos de solventes ou são à base de água", conclui.