Os resultados econômicos das principais economias do Nordeste ficaram aquém do esperado em 2023. Tanto Ceará quanto Bahia e Pernambuco divulgaram dados do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo da média nacional e regional, frustrando expectativas inicialmente projetadas.
Historicamente, a distribuição do PIB do Nordeste é bastante concentrada, mesmo sendo a região com maior número de estados (nove). O somatório de Bahia, Pernambuco e Ceará representam quase dois terços da economia regional.
Em 2023, a economia do Nordeste foi puxada por estados com economias menores. O maior crescimento foi o do Maranhão, de 6,4%. Depois vêm, na sequência, Alagoas (+5,6%) e Piauí (+4,5%), conforme relatório produzido pelo Banco do Brasil em março.
Vale destacar que o mesmo Banco do Brasil havia produzido material que tratava sobre o desenvolvimento da Região, em que estimava que o crescimento das maiores economias do Nordeste seria maior do que o fechamento de 2023.
Segundo a "Resenha Regional", havia a expectativa de avanço de 2,8% da economia cearense, valor similar ao avanço da economia pernambucana. Para a Bahia a previsão mais positiva, de crescimento de 3,8%.
Para o economista Wandemberg Almeida, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), no momento em que as três grandes economias do Nordeste tiveram resultados de crescimento mais tímidos, outras economias aumentam sua força, inclusive com melhorias de sua infraestrutura de negócios, como é o caso do agronegócio.
Conforme os dados do PIB dos estados, afora o Ceará que teve retração no PIB da agropecuária, todos os demais estados apresentaram fortes crescimentos neste segmento.
No caso de Bahia, por exemplo, é possível dizer que o avanço de 5,2% do agro "salvou" o PIB local.
Wandemberg destaca o caso da região produtora do MA-TO-PI-BA (região que envolve os estados do Maranhão, Piauí e Bahia, além do Tocantins) que tem se tornado uma notável região produtora de grãos, especialmente soja, milho e algodão.
Somente lá, há cerca de 4,8 milhões de hectares somente para o plantio de soja, com produção total de 18,5 milhões de toneladas na safra 2022/2023, respondendo por pouco mais de 12% da produção nacional.
"Isso mostra o avanço que está tendo nestas economias. A economia do Nordeste começa a ter uma mudança de comportamento e é importante observarmos. Ceará, Bahia e Pernambuco continuam sendo os destaques, não estão perdendo protagonismo, mas vemos outros estados avançando, o que é bom para nossa economia", analisa.
Para o futuro, o economista ainda lembra dos investimentos internacionais que devem beneficiar a Região, como os relacionados às energias renováveis, em especial o hidrogênio verde.
Apesar do baixo crescimento dos três principais estados, o avanço da economia regional foi importante, visto que a economia do Nordeste vinha de um período de dois anos, entre 2021 e 2022, em que apresentou crescimento abaixo da média nacional no processo de retomada da economia após a pandemia.
Conforme dados de estudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), enquanto a economia da Região avançou, respectivamente, 3,5% e 3,4%, em média, naqueles anos, a economia brasileira avançou, na igual sequência, 5% e 2,9%, gerando um acumulado de 8% de crescimento do PIB, enquanto o Nordeste ficou com 7%.
Para o próximo ano, a previsão inicial do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), a perspectiva é de que o PIB do Estado cresça 2,31% em 2024, acima do esperado para o PIB nacional, que atualmente é de crescimento de 1,9%, segundo o Boletim Focus mais recente.
A previsão do Ipece é atualizada a cada trimestre até o fechamento dos dados, mas considera a manutenção de um cenário de equilíbrio econômico.
Já o Banco do Brasil prevê baixo crescimento para 2024 no Nordeste, de 1,1%. Neste primeiro momento, o banco estima que quem deve puxar a economia regional devem ser os estados da Paraíba (+2,4%), Piauí (+2%) e Ceará (+1,9%). Bahia (+0,6%) e Pernambuco (+0,5%) aparecem com perspectivas mais comedidas.