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Receita retoma cobrança cheia sobre a folha e setores apelam ao STF
Economia

Receita retoma cobrança cheia sobre a folha e setores apelam ao STF

| Desoneração suspensa | Alíquota de 20% do imposto incidirá já sobre a folha de pagamento que fecha no dia 20 deste mês. A Confederação Nacional de Serviços (CNS) pediu adiamento do prazo
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Plenário do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Nelson Jr / STF) (Foto: Nelson Jr / STF)
Foto: Nelson Jr / STF Plenário do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Nelson Jr / STF)

A Receita Federal confirmou ontem que a reoneração da folha de salários dos 17 setores da economia e das prefeituras de municípios pequenos tem efeito imediato desde abril. Na prática, a alíquota do imposto subirá para 20% já na folha de pagamentos que fecha no dia 20 deste mês. 

 A mudança drástica - considerando que até o último dia 25, o entendimento em vigor no País era de que o benefício fiscal valeria até o fim de 2027 - têm deixado as empresas em alerta. Ontem, a Confederação Nacional de Serviços (CNS) enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a decisão do ministro Cristiano Zanin que suspendeu a desoneração seja derrubada pelo plenário da Corte.

Se a decisão for mantida, a entidade pede que ela tenha efeitos práticos a partir de 1º de agosto para respeitar a noventena (quarentena de 90 dias entre a instituição de novo tributo e sua cobrança).

"É evidente a necessidade de observância da segurança jurídica, uma vez que os contribuintes foram levados a acreditar, em razão do comportamento de ambos os Poderes Legislativo e Executivo, que a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) estaria prorrogada até o ano de 2027", argumenta a CNS.

Dados do Movimento Desonera Brasil, que reúne representantes dos setores beneficiados, apontam que a desoneração impacta hoje 8,9 milhões de empregos formais, além de outros milhões de empregos indiretos que surgem da rede de produção das empresas.

Receita diz que medida vale desde abril 

Ontem, a Receita Federal informou em comunicado que a retomada da cobrança cheia da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta decorre da decisão liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, no último dia 25 de abril, que suspendeu os efeitos da Lei nº 14.784/2023, que prorrogou a desoneração da folha de pagamento até 2027.

"Considerando que a decisão foi publicada em 26 de abril de 2024 e que o fato gerador das contribuições é mensal, a decisão judicial deve ser aplicada inclusive às contribuições devidas relativas à competência abril de 2024, cujo prazo de recolhimento é até o dia 20 de maio de 2024", informou a Receita.

Na liminar, o ministro Zanin acolheu os argumentos da Advocacia Geral da União (AGU) de que a lei aprovada pelo Congresso não trouxe o impacto orçamentário da desoneração.

Esta posição começou a ser analisada no plenário virtual da Corte na semana passada. Até então cinco ministros se manifestaram sobre o assunto, acompanhando a posição do relator. Mas, em razão do pedido de vistas do ministro Luiz Fux, o julgamento foi suspenso. Ainda não houve análise de mérito do processo.

No último dia 30, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que iria se reunir nesta semana com setores e municípios afetados pela desoneração para discutir alternativas. Na ocasião, ele destacou que é preciso tomar todo o cuidado para calibrar essas medidas de maneira que possa reparar aquilo que não estava previsto no Orçamento no ano passado.

"Isso é o que desejamos desde outubro, que é fazer um balanço do que é possível. Lembrando que qualquer que seja a decisão e o custo tributário que vai ter, será necessário tomar medidas compensatórias, como manda a Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou Haddad à época.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também tem cobrado de maneira mais dura o diálogo do Palácio do Planalto com os setores afetados. No recurso apresentado ao STF, ele ponderou que a lei aprovada no Congresso é constitucional e respeitou as previsões legais, inclusive apontando o impacto orçamentário. "O que nos cabe agora é aprofundar o diálogo com interessados", afirmou. (Com Agência Estado) 

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No próximo dia 13, às 15 horas, o Senado vai fazer uma sessão temática sobre questões municipalistas, como as dívidas das cidades brasileiras, em especial as dívidas previdenciárias. Dentre os pontos abordados está a suspensão da desoneração da folha de pagamentos

Impacto das contas no presente e no futuro

A Confederação Nacional de Serviços (CNS) não é a primeira a manifestar preocupação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a desoneração da folha de pagamento.

Antes disso, entidades empresariais, a exemplo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), já haviam alertado que a liminar "coloca em risco os impactos socioeconômicos positivos da medida e cria uma situação clara de insegurança jurídica".

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) também formalizou um pedido para se manifestar no processo. Segundo a entidade, a situação da previdência nos municípios é hoje um dos principais gargalos financeiros das prefeituras, que apresentaram, em 2023, o pior resultado primário da última década. "É lamentável retirar a redução da alíquota para aqueles que estão na ponta, prestando serviços públicos essenciais à população, enquanto há benefícios a outros segmentos, com isenção total a entidades filantrópicas e parcial a clubes de futebol, agronegócio e micro e pequenas empresas."

Nas contas da CNM, a Lei 14.784/2023 garantiu nesses três primeiros meses do ano uma economia de R$ 2,5 bilhões, do total de R$ 11 bilhões estimados para o ano.

Por outro lado, o Ministério da Fazenda argumenta que a desoneração da folha de pagamentos pode trazer o risco de uma nova reforma da Previdência em breve. O impacto estimado pelo Governo é de cerca de R$ 9 bilhões por ano à previdência.

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