A secretária das Relações Internacionais do Ceará, Roseane Medeiros, manifestou preocupação com a demora na regulamentação do mercado de hidrogênio verde (H2V) no Brasil, enquanto outros países começam a desenvolver e avançar no desenvolvimento de projetos de suas próprias cadeias produtivas relacionadas ao combustível.
“Precisamos ter regulamentação. Primeiro passo é o Brasil regulamentar a produção de hidrogênio verde, o que ainda não temos. E não são somente os investidores chineses, mas também os europeus e australianos que aguardam essa regulamentação para avançar em seus projetos no País. Por enquanto, eles estão estudando as condições aqui. O que eu posso lhe dizer é que sempre são citadas, como sendo uma das melhores do mundo. Mas isso por si só não é suficiente”, pontuou.
A declaração foi dada com exclusividade a O POVO, durante evento que celebrou os 50 anos do estabelecimento de relações comerciais entre Brasil e China, realizado na última semana, em Fortaleza, na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), com o tema "Encontro de Oportunidades China-Brasil: Novas rotas para um novo tempo".
Ela alertou que vários outros países, inclusive no norte da Europa ou que estão mais próximos da Europa que também estão prospectando, estão estudando e têm projeto. "Tem o Chile também, que é outro país bastante avançado aqui”.
“Nós sabemos que a transição energética está em curso. É um momento muito delicado porque existem muitas oportunidades, mas também existem muitos riscos e os investimentos são muito altos. Claro que você não pode imaginar que, de repente, a gente vai desligar uma chave: não tem mais petróleo, agora só tem energia renovável. Isso não é viável. É o momento de transição”, acrescentou a secretária.
“O que ainda tem é muita incerteza sobre os fabricantes e sobre quem vai fornecer os equipamentos e é esse o momento em que todas as empresas estão analisando a viabilidade e já procurando, no caso de viabilizarem um projeto de produção, saber quem são os fornecedores de onde vão comprar energia, equipamentos, eletrolisadores”, avaliou.
Sobre o interesse específico dos chineses quanto à produção de H2V no Ceará, Roseane Medeiros, afirmou que o investimento nessa cadeia é um passo posterior. “Nesse momento eles são investidores na área de energia, principalmente, de energia solar. Eu vejo assim com muito otimismo essa parceria com a China”, disse a secretária.
Atualmente, o Ceará tem 36 memorandos de entendimento e 6 pré-contratos assinados para a produção de hidrogênio verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). A parceria do equipamento com o Porto de Roterdã é apontada como um dos diferenciais competitivos do estado em relação a concorrentes de outros estados.
No dia 8 de maio, o senador Cid Gomes (PDT-CE), que presidiu a Comissão Especial do Hidrogênio Verde (CEHV) chegou a afirmar que a regulamentação do mercado de hidrogênio verde seria votada no Senado ainda no mês recém-encerrado, o que acabou não ocorrendo.
Em novembro do ano passado, a Câmara havia aprovado um Projeto de Lei (PL) instituindo um marco legal do hidrogênio de baixo carbono, que inclui o H2V.