Os trabalhadores formais do Nordeste que recebem o benefício de vale-refeição têm acesso a um valor médio de R$ 397,06, o menor dentre todas as regiões do Brasil. O dado faz parte de levantamento nacional produzido pela Pluxee, empresa global de benefícios para colaboradores.
O montante repassado aos trabalhadores nordestinos chega a ser mais de 20% menor que a média nacional dos benefícios voltados à refeição e alimentação no Brasil, de R$ 480,48. No Ceará, o montante pago dura apenas 11 dos 25 dias úteis de trabalho em um mês.
Desde 2019 promovendo a pesquisa - com hiato durante os dois anos de pandemia - a empresa destaca que o valor pago de benefício de alimentação ao trabalhador brasileiro é similar ao do Ceará e dura em média apenas 11 dias no mês. Há casos de estados como o de Roraima, em que o benefício só dura oito dias. O melhor cenário fica para os trabalhadores de Minas Gerais, em que o benefício chega a durar 14 dias.
A quantidade média de dias em que o vale dura vem diminuindo ao longo das pesquisas anuais. Em 2019, o cálculo mostrava que o benefício chegava a durar 18 dias. Em 2022, esse número caiu para 13 e há dois anos permanece em 11 dias.
Levando em consideração esse período de dias em que dura o benefício, no Nordeste os trabalhadores consomem, em média, R$ 36,09 por dia com alimentação.
Antônio Alberto Aguiar, diretor executivo de Estabelecimentos da Pluxee, pelo segundo ano consecutivo, a inflação impacta na duração do vale-refeição, fazendo com que o período de uso do benefício durante o mês seja limitado.
Ele enfatiza que os trabalhadores estão precisando se desdobrar para estender o período de uso do benefício por conta dos preços praticados na praça.
"A pesquisa indica que 38% dos usuários percorrem até 3 km para utilizar o benefício e 48% deles consomem em até três restaurantes diferentes. Isso demonstra que a maioria dos usuários de vale-refeição possui um horário de almoço pré-definido, fator decisivo para consumirem em estabelecimentos que conhecem ou preferem, como forma de economizar tempo e dinheiro", detalha.
Pelo lado dos trabalhadores, a pesquisa ainda revelou que o benefício representa um item de melhoria da qualidade de vida do funcionário e além: É ponto fundamental entre indicar a empresa como um bom lugar para se trabalhar.
Os entrevistados que recebem vales demonstraram mais disposição para recomendar a empresa que trabalham para quem busca emprego. Por outro lado, os entrevistados que recebem apenas vale refeição, e não recebem alimentação, apresentam um menor índice de recomendação.
Para 54% dos trabalhadores, os benefícios são uma forma de valorização profissional e 51% deles também acrescenta que a benesse traz maior qualidade de vida e um incentivo para continuar trabalhando na empresa.
O secretário do Trabalho do Ceará, Vladyson Viana, destaca que os trabalhadores devem estar atentos às negociações coletivas das categorias para terem acesso aos benefícios e acompanharem seus reajustes.
Ele destaca que normalmente esses benefícios são reajustados pelo menos pela inflação. "São remunerações que não são incorporadas a salário, mas se agregam às remunerações dos trabalhadores. Então, é importante a atuação dos sindicatos e do Ministério Público do Trabalho (MPT) na fiscalização".
Wladyson ressalta que, apesar da dinâmica de mercado, esse é um tema sensível e caro para os trabalhadores, especialmente pelo peso da inflação sobre os custos com alimentação, principalmente, o que pode acabar prejudicando seu poder de consumo.
O secretário lembra que, com o aquecimento do mercado de trabalho, já é possível notar o aumento dos pedidos de demissão por parte de trabalhadores que buscam novas colocações no mercado que paguem melhores salários e também benefícios.
"Na medida em que ampliamos a oferta de emprego, observamos também a redução do desalento - das pessoas que desistiram de procurar emprego por falta de perspectivas - e também daqueles que vão buscar melhores oportunidades, inclusive de benefícios como o de alimentação", diz.
Atualizado às 10 horas
Inflação pressiona poder de compra do vale-alimentação
Valor médio do
vale-alimentação -
por região
Centro-Oeste: R$ 546,35
Sudeste: R$ 491,82
Sul: R$ 490,74
Norte: R$ 459,85
Nordeste: R$ 397,06
Quantos dias dura o benefício, em média*
2019: 18
2022: 13
2023: 11
2024: 11
*A pesquisa não foi realizada nos anos de pandemia
Duração do
vale-refeição em dias por estado - 2024
Acre: 9
Alagoas: 9
Amazonas: 11
Amapá: 11
Bahia: 10
Ceará: 11
Distrito Federal:11
Espírito Santo: 10
Goiás: 10
Maranhão: 10
Minas Gerais: 14
Mato Grosso do Sul: 9
Mato Grosso: 9
Pará: 9
Paraíba: 11
Pernambuco: 12
Piauí: 9
Paraná: 12
Rio de Janeiro: 13
Rio Grande do Norte: 10
Rondônia: 13
Roraima: 8
Rio Grande do Sul: 11
Santa Catarina: 11
Sergipe: 10
São Paulo: 13
Tocantins: 10
Fonte: Pluxee
horário
O almoço foi o horário em que houve maior uso do vale-refeição no período e corresponde a 40% do total. Na sequência, aparece o horário do jantar, com 31%