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Dólar volta a subir e atinge R$ 5,42 com exterior e quadro fiscal no radar
Economia

Dólar volta a subir e atinge R$ 5,42 com exterior e quadro fiscal no radar

| Câmbio| Já a Bolsa fechou ontem em 119,1 mil pontos, novo piso de fechamento no ano, com queda de 0,44%
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Dólar fecha abaixo de R$ 5,10 pela primeira vez em três semanas (Foto: © REUTERS/Jo Yong-Hak/Direitos reservados)
Foto: © REUTERS/Jo Yong-Hak/Direitos reservados Dólar fecha abaixo de R$ 5,10 pela primeira vez em três semanas

As declarações dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicando a "abertura de um espaço de discussão" para o corte de gastos, não foram suficientes para evitar mais um dia de estresse no mercado, com efeitos sobre o câmbio, a Bolsa e as taxas futuras de juros.

Com máxima de R$ 5,43 no meio da tarde, a moeda americana fechou o dia com alta de 0,74%, cotada a R$ 5,42 - só perdendo para o valor de 4 de janeiro de 2023. Apenas neste mês, o dólar já acumula uma valorização de 3,26%, elevando para 11,71% o ganho desde o início do ano.

Na Bolsa de Valores, as operações de investidores estrangeiros em derivativos cambiais (dólar futuro, mini contratos, cupom cambial e swap) somaram US$ 78,5 bilhões. O número não reflete necessariamente uma aposta contra o real, mas sugerem uma postura de cautela e busca por proteção (hedge).

"Apesar da conversa de Haddad com Lula, os sinais não foram exatamente construtivos. A notícia de que o governo quer fazer cortes no 'varejo', neste ano, e no 'atacado' nos próximos anos não traz confiança (em relação aos objetivos do governo)", disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Análise

Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, além da questão fiscal e de fatores externos o mercado já reflete cautela em relação ao resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que anunciará amanhã a nova Selic. "Ainda existe dúvida se o Copom vai reduzir a taxa em 0,25 ponto ou se vai fazer uma pausa no corte. Isso traz aversão ao risco e pressiona a taxa de câmbio."

Também há expectativa em relação à composição dos votos, depois que a reunião de maio terminou dividida, com os diretores indicados por Lula para o BC tendo votado por um corte maior da taxa básica de juros, que está hoje em 10,5% ao ano.

Já na Bolsa de Valores, o dia foi de novas perdas. Principal referência do mercado acionário no Pais, o Ibovespa chegou a ficar abaixo do patamar de 119 mil pontos. No fim, terminou em 119,1 mil pontos - novo piso de fechamento no ano -, com queda de 0,44%. Com esse resultado, a desvalorização chega a 2,42%, no mês, e a 11,21% no ano.

"A semana começou ainda no negativo, em prosseguimento de condições que têm se caracterizado por estresse na curva de juros e saída de capital estrangeiro, com efeito direto para as ações", diz Victor Miranda, sócio da One Investimentos.

A ausência de exemplos concretos no corte de gastos também foi o argumento de operadores para a alta no mercado futuro. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, que na sexta-feira estava em 10,65%, foi para 10,70%. E a do DI para janeiro de 2026 avançou de 11,19% para 11,28%.(Agência Estado)

 

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