Os números de redução da pobreza desde a pandemia são positivos no Brasil e muito se deve ao Nordeste. No período, a quantidade de pessoas em situação de pobreza caiu de 32,9 milhões em 2021, para 27,5 milhões em 2023.
O movimento do período pós-pandemia representa uma redução de 16,5% no número de cidadãos em situação de pobreza no Nordeste. Neste contexto, o Ceará teve mais de 518 mil cearenses deixando esse patamar.
Entre 2021 e 2023, o número de pessoas pobres no Ceará caiu de 5 milhões para 4,5 milhões, queda de 10,3%.
Mas quando o assunto é extrema pobreza, o Nordeste representou 50% da redução do País e o desempenho cearense aponta que, no período, o número de cidadãos nesta condição caiu de 1,45 milhão para 866 mil, retração de 40,4% no Estado.
Os dados fazem parte de estudo foi realizado pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, parte do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), uma unidade da Fundação Getulio Vargas (FGV), com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As análises foram feitas por Flávio Ataliba, João Mário Santos de França, Vitor Hugo Miro e Arnaldo Santos.
Dentre os fatores destacados pelos pesquisadores para o resultado na Região está a ampliação dos benefícios sociais de assistência social.
"Ao final de 2021 o Programa Auxílio Brasil foi lançado em substituição ao Programa Bolsa Família. Inicialmente com valor médio de R$ 400 por família em situação de pobreza, este programa obteve um acréscimo de R$ 200 no segundo semestre de 2022. Com isso, os dados em 2022 já passaram a revelar uma redução da pobreza monetária em todo o País", diz a pesquisa.
Com a volta do Bolsa Família, em março de 2023, essa curva se potencializou. Isso fez com que ao fim do ano passado a quantidade de pessoas pobres estimadas pelo IBGE passasse a ser de 18 milhões, uma redução de quase 23% em relação ao pico de 2021.
Mesmo com a retração, o percentual de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza no Ceará é um dos maiores do Nordeste.
Na situação mais crítica, a extrema pobreza, o índice de cearenses nesta condição chega a 9,3% da população, empatado com Pernambuco e somente à frente do Maranhão (12,2% de extrema pobreza).
Na pobreza o resultado é similar. Os dados mostram que 48,2% da população cearense estão nesta condição, seguido de Pernambuco (48,3%) e Maranhão (52,7%).
O estado nordestino com o menor percentual de pobreza é o Rio Grande do Norte (43,5%), seguido de Sergipe (45,2%) e Piauí (45,4%).
No período entre 2021 e 2023, o desempenho do Ceará na redução de pobreza e extrema pobreza foi o pior do Nordeste, revela a pesquisa da FGV.
Apesar de seguir a mesma trajetória de queda dos estados vizinhos, a curva de queda do Ceará foi menor no período. O movimento é diferente do que foi observado antes da pandemia.
Entre 2012 e 2019, o Ceará foi o único estado nordestino a apresentar redução estatisticamente relevante no índice de extrema pobreza, em 1 ponto percentual (p.p.).
Depois, no período entre 2021 e 2023, apesar da redução acelerada de 6,5 p.p., foi a menor dos nordestinos, que foi liderado por Maranhão (-10,5 p.p.) e teve como média regional queda de 8,6 p.p.
O estudo produzido pelos pesquisadores aprofunda os dados divulgados no O POVO no último dia 13, em que 3,3 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza no Nordeste nos últimos 11 anos.
Veja o índice de pobreza no Nordeste
Rio Grande do Norte - 47,2% / 41,8% / 51% /
44,3% / 43,5%
Sergipe - 52,7% / 45,3% / 55,9% / 45,8% / 45,2%
Piauí - 52,6% / 46,9% / 51,9% / 48,4% / 45,4%
Bahia - 50,6% / 46,6% / 55,7% / 50,5% / 45,9%
Alagoas - 58,3% / 53,7% / 60,5% / 54,3% / 46,2%
Paraíba - 52,1% / 49,2% / 56,2% / 52,7% / 47,5%
Ceará - 50,8% / 47,3% / 54,3% / 50,3% / 48,2%
Pernambuco -
52% / 49,4% / 60,2% / 51% / 48,3%
Maranhão - 62,4% / 57,9% / 66,2% / 57,2% / 52,7%
Fonte: FGV