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'Brasil não pode virar mero exportador de hidrogênio', defende Capelli
Economia

'Brasil não pode virar mero exportador de hidrogênio', defende Capelli

Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a ABDI, defendeu que plantas de produção de H2V se instalem no País para favorecer a neoindustrialização
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O presidente da ABDI, Ricardo Capelli, ao centro, ladeado por Carlos Prado e Wanger Rocha (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS O presidente da ABDI, Ricardo Capelli, ao centro, ladeado por Carlos Prado e Wanger Rocha

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, defendeu ontem, em Fortaleza, que o Brasil e o Nordeste assumam papéis de protagonistas no contexto da transição energética, notadamente nas cadeias produtivas verdes, com a implantação de parques fabris que tenham foco no mercado local.

“O País não pode virar, digamos assim, um mero exportador de sol e vento. Na questão do hidrogênio, não adianta apenas a gente ter plantas para exportar amônia e metanol. O que a gente precisa fazer é que, com a nossa posição privilegiada, as plantas venham para cá”, enfatizou Capelli, durante o 30º Fórum Banco do Nordeste de Desenvolvimento.

“Não adianta você montar a planta de hidrogênio verde para exportar e isso virar uma nova commodity do Brasil. A gente tem que fazer com que isso construa a neoindustrialização e a gente pode fazer isso com política industrial”, acrescentou o presidente da ABDI. Falando especificamente sobre o Ceará, ele destacou que o Estado está muito à frente de outros estados nesse processo.

“A gente está construindo, na ABDI, um Observatório Nacional da Indústria, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e tem três federações centrais apoiando essa construção: a Fiesc, de Santa Catarina, a Fiep, do Paraná e a Fiec do Ceará”, disse Capelli, que assumiu a presidência da agência em fevereiro deste ano. No ano passado, ele se notabilizou por sua atuação para ajudar a conter os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Fazendo ao mesmo tempo um contraponto e um complemento à fala do presidente da ABDI, o primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Carlos Prado, afirmou que é possível conciliar a exportação de hidrogênio verde, transportado como amônia, com o uso para indústria local e citou algumas cadeias locais que já estão se preparando para usar essa tecnologia.

“A siderúrgica já tem planos para produzir o aço verde, tem a questão dos fertilizantes, que hoje é quase todo importado, temos ainda ainda cimento e combustível de aviação, que é o SAF. Com as obras de infraestrutura, como a Transnordestina, vamos poder atingir diretamente as regiões produtoras de grãos, potenciais consumidoras do hidrogênio verde”, exemplificou Prado.

O evento também celebrou os 72 anos do Banco do Nordeste (BNB), quando foram homenageadas três personalidades por suas contribuições nos campos político-institucional, econômico e acadêmico, sendo agraciados, respectivamente, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), o empresário Milton Magalhães Silva, além do economista Luiz Esteves.

Ao abrir o fórum, o presidente do BNB, Paulo Câmara, ressaltou que para o desenvolvimento da economia nordestina, “os desafios são muitos e se renovam principalmente nessa ambiência de incertezas e complexidade que experimentamos no contexto de uma era digital. É um desafio, acima de tudo, que todo esse processo seja inclusivo e redistributivo”.

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