Com um índice de inadimplência locatícia de 6,55% em junho deste ano, o Ceará ocupa a sexta colocação no ranking de estados com maior falta de pagamentos de aluguéis no Brasil, ficando em quarto lugar na região Nordeste.
O levantamento contou com informações de mais de 600 mil clientes locatários, onde foram avaliadas dívidas ou pagamentos de boletos com mais de 60 dias de atraso no Brasil.
Os dados, levantados pela Superlógica — plataforma voltada aos mercados condominial e imobiliário no País —, indicam que o percentual de inadimplência cearense é 3,02 pontos percentuais (p.p.) maior que o nacional, de 3,53%.
A segunda diretora secretária do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), Silvana Mourão, atribui a elevada taxa de inadimplência locatícia no Estado à alta rotatividade imobiliária, impactada pelo turismo e por negócios econômicos na região.
“Em função da sua referência não só como ponto turístico mais procurado do Norte e Nordeste, mas também como um Estado onde existe uma grande movimentação socioeconômica. (...) Tem esse aspecto de ida e vinda que contribui para que tenha essa inadimplência maior do que os outros estados”, diz.
Ao longo do ano, o Ceará permaneceu em patamares altos constantes – ficando entre as dez primeiras colocações do ranking –, com um índice de inadimplentes de 6,40% em janeiro, 6,89% em fevereiro, 6,73% em março, 6,62% em abril e 6,59% em maio.
Em 2024, a média de inadimplência locatícia foi de 6,63% no Estado, que, durante cinco meses do ano, ocupou a sexta colocação do ranking das Unidades Federativas com mais inadimplentes. A exceção foi o mês de fevereiro, onde o Ceará estava na quinta posição.
O economista Alex Araújo vê a influência de diversos fatores econômicos e sociais neste cenário, inclusive com o elevado nível de endividamento da população cearense sendo um dos fatores mais significativos, segundo o especialista.
“Esse cenário reflete uma condição financeira frágil, onde grande parte da renda das famílias é comprometida com o pagamento de dívidas, limitando a capacidade de arcar com outras despesas, como o aluguel”, detalha à reportagem.
Alex Araújo destaca, também, que, muitas vezes, os preços dos aluguéis não são compatíveis com a renda média dos moradores, ocasionando um desequilíbrio financeiro, que pode ser potencializado por eventuais perdas de emprego ou aumento de despesas imprevistas.
O consumidor pode, ainda, priorizar o pagamento de outras dívidas mais urgentes em detrimento do aluguel, pensando que a execução de inquilinos em atraso requer tempo, informa Alex, que cita um cenário difícil não só para o Ceará, mas para o Nordeste.
A colocação geral das regiões com maior índice de inadimplência locatícia em junho era liderada pelo Nordeste, acumulando 5,60%. Em seguida, estavam o Norte (5,07%), Centro-Oeste (3,37%), Sudeste (3,16%) e Sul (2,59%).
Dentre todos os estados do Brasil, a Paraíba foi o local que registrou o maior índice de inadimplência locatícia em junho deste ano, com um percentual de 13,89%. Logo após, estavam Amazonas e Sergipe, com 13,59% e 7,83%, respectivamente.
Já as menores taxas foram apresentadas por Alagoas (1,37%), Santa Catarina (2,26%), Espírito Santo (2,29%), Paraná (2,38%), Distrito Federal (2,60%), São Paulo (2,98%), Amapá (3,07%) e Minas Gerais e Mato Grosso do Sul (ambos com 3,27%).
Além disso, com 7,92%, a maior taxa de inadimplência de junho foi registrada em aluguéis acima de R$ 13 mil nos imóveis residenciais, enquanto as moradias de R$ 2 mil a R$ 3 mil tiveram a menor inadimplência, equivalente a 2,06%.
A Superlógica tem divulgado dados imobiliários ao público desde outubro de 2023. “São apurados o valor do aluguel, o tipo de imóvel e a sua localização, além das datas de vencimento e pagamento”, detalha o diretor de negócios da Superlógica na Business Unit Imobiliárias, Manoel Neto.
Índice de estados com maior inadimplência locatícia em junho no Brasil
1. Paraíba: 13,89%
2. Amazonas: 13,59%
3. Sergipe: 7,83%
4. Maranhão: 6,71%
5. Pará: 6,71%
6. Ceará: 6,55%
7. Acre: 5,80%
8. Roraima: 5,21%
9. Mato Grosso: 5,17%
10. Piauí: 4,59%
11. Bahia: 4,27%
12. Rio de Janeiro: 4,17%
13. Pernambuco: 3,90%
14. Rondônia: 3,83%
15. Tocantins: 3,78%
16. Goiás: 3,77%
17. Rio Grande do Norte: 3,77%
18. Rio Grande do Sul: 3,48%
19. Mato Grosso do Sul: 3,27%
20. Minas Gerais: 3,27%
21. Amapá: 3,07%
22. São Paulo: 2,98%
23. Distrito Federal: 2,60%
24. Paraná: 2,38%
25. Espírito Santo: 2,29%
26. Santa Catarina: 2,26%
27. Alagoas: 1,37%