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Desistência de Joe Biden nos EUA mexe com o mercado no Brasil
Economia

Desistência de Joe Biden nos EUA mexe com o mercado no Brasil

| A CURTO E A LONGO PRAZO | No dia seguinte ao anúncio do presidente americano de que não concorrerá à reeleição, dólar teve queda. Analistas projetam cenários com Kamala e Trump
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DÓLAR caiu 0,61%, indo à 5,56, com mudança de cenário   (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil DÓLAR caiu 0,61%, indo à 5,56, com mudança de cenário

No primeiro dia após o anúncio de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desistiu de concorrer à reeleição pelo Partido Democrata, o mercado reagiu com otimismo cauteloso, ajudado também pelo congelamento de R$ 15 bilhões pelo governo federal aqui no Brasil. O dólar teve queda de 0,61%, cotado a R$ 5,56, enquanto o Ibovespa avançou 0,19%, somando 127.860 pontos.

A tendência deve se manter nos próximos dias, mas quando se pensa no longo prazo o cenário é um pouco mais incerto, até porque ainda não há a oficialização de quem substituirá Biden na corrida presidencial norte-americana, embora tudo aponte para que a vice-presidente Kamala Harris seja escolhida pelos democratas.

De certo, apenas que o candidato do Partido Republicano, Donald Trump, segue favorito, embora tenha visto sua vantagem recuar nas primeiras projeções feitas depois da reviravolta no pleito estadunidense.

Para o conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, uma eventual vitória democrata seria mais favorável aos mercados de países emergentes, como o Brasil, dado o histórico de protecionismo econômico de Trump, que governou os Estados Unidos entre 2017 e 2020. “Com uma eventual vitória da Kamala haveria a continuidade dessa aproximação maior da economia norte-americana com outras economias”, projeta o economista.

“Se você tiver uma eleição do Trump, a preocupação maior será com o protecionismo da economia norte-americana, com tributação de produtos, não só da China, mas de países como o Brasil. Então, principalmente as empresas exportadoras brasileiras preferem ter à frente do governo norte-americano alguém que esteja mais propenso a um processo de negociação e a uma abertura comercial. Um governo democrata também estaria mais próximo de uma pauta relacionada com o meio ambiente”, observa Coimbra.

O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Igor Lucena, concorda que uma vitória de Trump deve ter reflexos ruins para o comércio exterior brasileiro. “Se ele vencer vai ser um presidente com uma visão muito taxante contra produtos importados. Ele tem até uma ‘missão’ de colocar uma taxa de 60% nos produtos internacionais chineses. Isso seria muito negativo para o Brasil porque os Estados Unidos são os maiores clientes da China e nós somos os maiores vendedores para a China”, explica.

Lucena acrescenta que “os produtos que o Brasil manda para a China, tais como minério de ferro, soja, são transformados parte para o consumo chinês e parte para a exportação. Se a atividade econômica chinesa cai, derivada de uma nova guerra comercial, o Brasil vai sentir isso ainda mais forte porque nós não diversificamos nossa pauta exportadora. O fato de nós não termos fechado o acordo do Mercosul com a União Europeia vai ser muito mais sentido em um governo Trump”.

Por outro lado, o economista e CEO da Dootax, Yvon Gaillard, avalia que uma provável política mais expansionista, em caso de vitória da democrata Kamala Harris, tem o potencial de pressionar a inflação.

“Em um cenário de inflação crescente, o Fed pode ser obrigado a aumentar as taxas de juros para controlar a inflação. Essa situação criaria um ambiente desafiador”, conclui Gaillard.

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Bolsas de NY fecham em alta após saída de Biden; Verizon limita Dow Jones

As bolsas de Nova York fecharam em alta ontem, após a desistência do presidente dos EUA, Joe Biden, à reeleição pelo Partido Democrata e o apoio à candidatura de Kamala Harris trazerem uma mudança de rumo para as eleições americanas, segundo analistas.

A reviravolta na campanha democrata foi interpretada como um fator que reduziu parcialmente o favoritismo do ex-presidente e republicano Donald Trump. O Nasdaq e o S&P 500 subiram mais de 1%. O Dow Jones teve ganho mais ameno inibido pela queda das ações da Verizon. Na direção oposta, a Mattel disparou com notícia de que teria recebido uma oferta de compra.

O Dow Jones subiu 0,32%, aos 40.415,31 pontos. O Nasdaq ganhou 1,58%, fechando em 18.007,57 pontos. O S&P 500 avançou 1,08%, encerrando o pregão aos 5,564,47 pontos. O índice VIX, que mede a volatilidade implícita das ações em Wall Street, cedeu 9,99%, a 14,87 pontos, após ter atingido maior nível em quase três meses na semana passada.

"Há uma confiança significativa nos mercados na vitória de Trump É também o nosso cenário base, mesmo que apenas para efeitos de 'gestão de risco', escreveram analistas do Rabobank em relatório "A decisão sem precedentes de Biden introduz um quadro imprevisível na campanha, possivelmente conduzindo à volatilidade do mercado", completaram.

No pregão, o setor de tecnologia foi destaque e se recuperou após o tombo registrado na semana passada. A Nvidia ganhou 4,46% e a AMD avançou 2,83%. A Alphabet ganhou 2,26% e a Microsoft, 1,33%. A CrowdStrike estendeu perdas e caiu 13,5% sob efeito da pane global causada pela atualização de um software de segurança da companhia na sexta-feira.

A Verizon caiu 6,08%, após a companhia anunciar resultados que frustraram as expectativas dos analistas. As ações da Mattel avançaram 15,1% com a notícia de que a empresa de private equity L Catterton abordou a fabricante da Barbie com uma proposta de aquisição, segundo a Reuters, que citou pessoas familiarizadas com o assunto não identificadas. O porta-voz da Mattel disse que não comentaria especulações, segundo o Barrons.com.

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A expectativa de alívio monetário pelo Federal Reserve (Fed) também segue limitando a atratividade do dólar. O índice DXY, que mede a variação da moeda ante principais pares, fechou em baixa de 0,08%, a 104,314 pontos

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