Apenas 34% dos brasileiros já usaram ferramentas de inteligência artificial generativa (IA), notadamente o ChatGPT, da OpenAi, em smartphones.
O dado que consta em pesquisa da Panorama Mobile Time/Opinion Box foi ressaltado ontem pelo especialista em Tecnologias Digitais e Omnichannel, W. Gabriel, durante o seminário Inovação, Gamificação e Inteligência Artificial, promovido pelo Movimento Empreender, da Fundação Demócrito Rocha. Ele cita a necessidade de o País avançar na disseminação dessas ferramentas e, ao mesmo tempo, do potencial que essa tecnologia tem para alavancar micro e pequenos negócios.
"O Brasil está, sim, atrasado no uso dessas inteligências artificiais em comparação à boa parte do mundo. Menos mal que está todo mundo começando e quando eu falo assim é todo mundo mesmo: a Ásia, a Europa, a América. Está todo mundo começando. Ainda dá tempo de o Brasil tomar a dianteira ou, pelo menos, tirar esse atraso e começar a utilizar qualitativamente a inteligência artificial e não só quantitativamente", destacou o especialista.
Na palestra ministrada em formato semelhante ao de uma oficina, W. Gabriel apresentou uma série de usos práticos para o uso da inteligência artificial no ambiente de negócios tais como o desenvolvimento, o planejamento e o agendamento de conteúdo e até para a criação de vídeos e jingles que possibilitem a divulgação de produtos e serviços nas mídias sociais, a uma plateia formada majoritariamente por micro e pequenos empresários.
“Onde é que entra a inteligência artificial nessa história? Ela consegue prever resultados em cima de dados que o empreendedor vai fornecer porque a inteligência trabalha com estatística e, com uma visão macro, pode fazer perguntas sobre cenários econômicos em que ele atua, não só na região dele como no Estado, no País ou no mundo. A partir disso, ele tem insights e pode pedir para a inteligência artificial dar ideias novas de atuação”, exemplifica.
Outra pesquisa, encomendada pela Microsoft, aponta que 74% das micro, pequenas e médias empresas brasileiras estão usando a IA sempre ou com muita frequência. O número cresce para 84%, entre as empresas chamadas “nativas digitais”, ou seja, que foram criadas quando um ambiente digital já estava consolidado no País.
Ainda durante o evento, outro tema em destaque foi o do uso de jogos eletrônicos (ou ferramentas que seguem lógicas semelhantes a eles), em um processo chamado de gamificação, como instrumento para impulsionar pequenos negócios. Nesse sentido, o CEO do Instituto Bojogá de Inovação em Jogos, Daniel Gularte, destacou o protagonismo do Ceará na indústria de games.
“A indústria de jogos do Ceará tem destaque nacional e é uma das mais organizadas do País. Nós temos pouco mais de trinta empresas ativas dentro do Estado e uma grande demanda de projetos para os jogos aplicados a empresas”, disse Gularte, que projetou um volume de negócios da ordem de R$ 10 milhões em 2024.
Movimento Empreender: 18 anos com foco em pequenos negócios
O Movimento Empreender que promoveu ontem, em Fortaleza, o "Seminário Inovação, Gamificação e Inteligência Artificial para os pequenos negócios" completa 18 anos em 2024 com foco na capacitação e formação de pequenos empreendedores. A iniciativa é uma realização da Fundação Demócrito Rocha (FDR), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), tendo parceria com a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
A diretora de Projetos da FDR, Valéria Xavier, lembra que o projeto é um dos mais longevos do Grupo de Comunicação O POVO e da Fundação Demócrito Rocha, que se desenvolve em um contexto de intensa e acelerada mudança de paradigmas tecnológicos. “Nesses 18 anos, a gente vem acompanhando muito de perto a evolução das ferramentas que subsidiam o crescimento dos pequenos negócios, que são responsáveis por movimentar mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil”, ressaltou.
“Quando a gente se depara com temas como inteligência artificial e gamificação, percebe que há muitos instrumentos disponíveis, inclusive gratuitos, para os micro e pequenos negócios. O que falta? Falta capacitação. E é aí que a Fundação Demócrito Rocha entra, já que essa é uma das suas principais expertises, com os treinamentos e os cursos que promove”, pontuou. Quanto ao evento realizado ontem, Valéria explicou que “esse é o segundo de uma série de três seminários sobre esse tema. Nós fomos a Sobral em junho, estamos agora em Fortaleza e em agosto estaremos no Cariri”.
Ela também elencou conteúdos e cursos atualmente disponibilizados pela FDR. “No site movimentoempreender.com, em particular, a pessoa tem acesso a ebooks (livros eletrônicos) e matérias e pode se inscrever para seminários e também para três cursos na modalidade de ensino à distância”, cita.
“Esses cursos tratam muito das dores dos pequenos negócios. Um é sobre gestão financeira, o segundo é sobre tecnologias emergentes e o terceiro é sobre empreendedorismo feminino”, disse Valéria.
“Para outros cursos da Fundação Demócrito Rocha o site é fdr.org.br, onde se pode encontrar realmente uma infinidade de cursos de várias temáticas”, conclui.