As exportações do algodão produzido no Ceará tiveram crescimento de 41,4% entre os meses de janeiro e julho de 2024, na comparação com período equivalente do ano passado, passando de pouco mais de US$ 13,2 milhões para quase US$ 18,8 milhões.
Com isso, o produto voltou a figurar entre os dez principais itens comercializados pelo Estado para o Exterior.
Nas décadas de 1970 e 1980, o algodão chegou a ser o produto mais exportado pelo Ceará e no auge da cultura no Estado ocupava uma área de 1,4 milhão de hectares, pouco inferior ao total cultivado por itens agrícolas em território cearense na atualidade, que é de 1,6 milhão de hectares.
Para alavancar ainda mais essas vendas, o governo estadual deve lançar no início de setembro uma certificação intitulada “Algodão do Ceará”. As informações são do secretário-executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), Silvio Carlos.
“A gente quer ter um algodão com características que a gente possa certificar e denominar como “Algodão do Ceará”.
Esse é um projeto que o Governo do Estado vem trabalhando com a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), com a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)”, enumerou.
Ele acrescentou que as áreas com maior expectativa de aumento de produção são a Chapada do Apodi, o Cariri e a Serra da Ibiapaba.
“Esses são os principais polos que estão sendo trabalhados. O algodão tem toda essa característica. É um produto de alto valor agregado e que gera riqueza. Hoje, os principais municípios que têm PIB agropecuário forte são produtores de algodão e isso estimula muito a riqueza dessas regiões”, destaca Silvio Carlos.
Em visita ao Grupo de Comunicação O POVO, a diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Silmara Ferraresi, lembrou que não apenas o Ceará, mas o País estão retomando o protagonismo mundial nessa cadeia produtiva.
“Hoje, nós somos o terceiro maior produtor de algodão do mundo e, na última temporada, no período comercial 2023/2024,o Brasil comemorou o primeiro lugar no ranking de exportação, pela primeira vez”, pontuou Silmara.
“A perspectiva é que a gente mantenha essa posição para a temporada 2024/2025”, projetou. Por outro lado, ela lembrou que houve um deslocamento dos maiores polos algodoeiros no País, com a liderança do Mato Grosso.
“Essa virada dos últimos 25 anos tem muito a ver com o algodão ter migrado para o Cerrado. Hoje, além do Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, Goiás, são grandes produtores”, disse Silmara.
A Abrapa, a propósito, vai promover em Fortaleza, entre os dias 3 e 5 de setembro, o 14º Congresso Brasileiro do Algodão, que vai debater temas de mercado e o impacto das mudanças climáticas sobre a cultura algodoeira.