Mesmo produzindo 90 mil toneladas de camarão cultivado, por ano, e sendo o maior exportador do País de lagosta e atum, por questões religiosas, principalmente relacionadas à Páscoa, o consumo do pescado no Ceará é concentrado no 1º semestre.
Para estimular as vendas no mercado interno também no segundo semestre, o Ministério da Pesca e Aquicultura realiza até o próximo dia 15 de setembro, a 21ª Semana do Pescado. Entre os anos de 2019 a 2022, quando houve a extinção da pasta, a iniciativa foi mantida apenas pelas entidades privadas do setor.
Para marcar o início da campanha no Ceará, a Superintendência Federal da Pasta no Estado reuniu ontem, no Mercado dos Peixes, em Fortaleza, 21 entidades representantes do setor produtivo ligado ao pescado, além de associações comunitárias e representantes do governo do Ceará e de municípios com maior tradição pesqueira, bem como na carcinicultura, o cultivo de camarão em cativeiro, que passa por um processo de interiorização, apoiado nas novas tecnologias.
De acordo com a superintendente federal do Ministério da Pesca e Aquicultura no Ceará, Keivia Dias, “a ideia é fazer com que as pessoas consumam e comercializem o pescado. Além da questão de ser essa uma alimentação saudável, a gente sabe da importância que o Estado tem nessa fatia da economia. Hoje, o Ceará é, por exemplo, o maior produtor de camarão do Brasil e isso nos é motivo de muito orgulho”
Ela acrescentou que por conta desse potencial, a Pasta lançou, “um projeto de interiorização da carcinicultura para a gente poder potencializar essa atividade, que tem mudado a realidade das cidades do interior. A gente tem Morada Nova como exemplo. Lá, algumas pessoas que eram produtoras de arroz, migraram para a carcinicultura e, hoje, o município tem uma outra roupagem”.
Na Capital e no Interior, Keivia destaca ainda ações culturais lançadas para incentivar o consumo de pescado, independentemente da época do ano. “Em parceria com o pessoal da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), conseguimos lançar esse projeto da Quarta do Camarão em Fortaleza e pegou com força”, citou.
“Com essa carona da Quarta do Camarão, a gente conseguiu levar para o Interior, a Quinta da Tilápia em Jaguaribara. Ano passado, a gente fez uma semana de palestras educacionais e finalizou com o festival na pracinha do município, retornando uma cultura que, lá em 2015, já era referência”, comemorou a superintendente.
Por sua vez, o presidente da Câmara Setorial da Economia Azul, da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Roberto Gradvohl, o País como um todo tem muito a avançar na criação de um mercado local de consumo de pescado.
“Para você ter ideia, no Brasil, o consumo anual médio de pescados é de 12 kg por habitante e lá na Europa são 24 kg. Isso mostra que nós temos um potencial muito grande para crescer. Eu acho que a Semana é um embrião disso”, destacou.
“Devemos lembrar à população cearense, que já é um povo que consome bem peixe, que nós podemos melhorar e consumir mais pescado porque é saudável, tem um preço muito bom e é gostoso”, enfatizou.