O Ceará atingiu 57% de camarão produzido em solo brasileiro em 2023. O número faz o Estado ser o maior produtor do País, além de marcar o sexto ano consecutivo de crescimento deste tipo de cultivo.
Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira, 19 de setembro.
Para se ter ideia, a criação em cativeiro no Estado chegou a 72,7 mil toneladas em 2023, número 19,6% maior que em 2022.
Além disso, o valor de produção foi de R$ 1,3 bilhão, equivalente a um aumento de 25%. A estimativa corresponde a um recorde na série histórica da pesquisa.
E o destaque cearense é o município de Aracati, a 147,3 quilômetros (km) de Fortaleza. Somente ele representa 13,8 mil toneladas, ou 18,9% da produção estadual e 10,8% da nacional.
Já o segundo lugar também vem para o Ceará, em Jaguaruana, a 188,3 km da Capital.
Mais especificamente, dos cinco municípios com as maiores produções de camarão no País, quatro estão no Estado.
Segundo a pesquisa, os números apontam, portanto, para uma concentração do cultivo deste crustáceo em terras cearenses.
Apesar dos destaques da pesquisa, Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), ressalta para a carcinicultura em regiões não litorâneas, como Morada Nova e Iguatu, a 167,62 km e 388,82 km da capital cearense, respectivamente.
“Quer dizer, uma região árida, com escassez de água, está produzindo grandes quantidades de camarão. Isso é muito importante, graças às águas que não são utilizadas para consumo humano, além de ser fundamental”.
“Mas o que observamos é que o maior crescimento, de fato, está no sertão, em áreas que estão utilizando a quantidade de água que temos disponível, o crescimento é maior. Aracati já era uma área representativa, com empresas grandes como a Mares, que está lá, e também Beberibe, aqui próximo ao litoral, mas o crescimento maior tem sido no sertão”, completa.
Além do camarão, a PPM detalha que o Estado é o quarto do Brasil em criação de caprinos e também de ovinos, com um rebanho que corresponde a 9% e 11,7% do rebanho nacional, respectivamente.
Entretanto, a quantidade de caprinos diminuiu 2%, descendo para 1,2 milhão de animais, e o de ovinos se manteve estável, com 2,5 milhões de animais.
Os municípios do Estado que se destacaram na criação dessas espécies foram Tauá, a 337 km de Fortaleza, e Independência, a 305 km, que ficaram, respectivamente, em primeiro e segundo lugar nos dois segmentos.
Especificamente no ramo bovino, que acelerou um pouco mais em 2023, conquistando novo recorde e chegando a 3,4% e 2,8 milhões de cabeças. O ano foi o sexto seguido em crescimento.
Morada Nova, como em 2022, foi líder no ranking municipal do Estado, contando 101 mil cabeças, ou 3,6% do efetivo estadual. Depois vêm Quixeramobim, Iguatu e Acopiara.
Neste sentido, a pesquisa do IBGE relata que o valor de produção dos principais produtos pecuários cearenses chegou a R$ 4,5 bilhões, valor 7,8% maior do que o registrado em 2022.
A produção de leite do Ceará alcançou 1,1 bilhão de litros em 2023. No total foram contabilizadas 696,5 mil vacas ordenhadas, 4,6% a mais que em 2022, sendo esse total de vacas ordenhadas o maior já registrado da série histórica da pesquisa.
No Estado, Morada Nova é líder com 107,7 milhões de litros de leite. Ante 2022, verifica-se um aumento de 12,1% na produção do município.
A cidade de Quixeramobim, segundo lugar no Estado, obteve produção de 73,3 milhões de litros de leite.
Em relação aos dados da produção leiteira, Amílcar pontua não concordar com o posto ocupado por Morada Nova.
“Achamos que o maior polo de produção de leite é a cidade de Quixeramobim. Nossos números indicam que Quixeramobim produz em torno de 230 mil litros, enquanto Morada Nova produz 160 mil. Porém, há muita demanda por leite de Morada Nova, e isso acaba sendo entendido como se Morada Nova fosse o maior produtor, o que não é o caso”.
Ainda, sobre o setor, o profissional pontua o trabalho incentivado por meio da Faec, como o “Selo Arte”, voltado para simplificar as inspeções sanitárias.
Outro rebanho em crescimento é o de suínos, com alta de 3,1% em 2023, totalizando 1,3 milhão de animais. O número de matrizes de suínos também aumentou, em 10,4%, alcançando 219,9 mil matrizes.
Os cinco principais municípios do Estado em efetivo de suínos foram os mesmos de 2022: Viçosa do Ceará, Granja, Massapê, Morada Nova e Canindé.
Apesar do recorde de produção, Silveira pontua que o insumo é vendido para outros estados, como o Piauí.
“Então, o Ceará é um grande fornecedor de mel para o Piauí, e essa produção acaba sendo contabilizada lá. Portanto, somos grandes produtores de mel, mas o Piauí leva o crédito pela exportação. A Federação da Agricultura tem trabalhado com a assistência técnica, e o mel é a segunda maior atividade, depois da pecuária leiteira”.
O efetivo de galináceos, que inclui galos, galinhas, frangos, frangas, pintinhos e pintainhas, estimado foi de 37,3 milhões de cabeças no Estado do Ceará, um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior.
Desse total, 15,5 milhões, ou seja, 41,6%, são de galinhas, uma alta de 2,7% em relação a 2022.
Beberibe, a 82 km da Capital, lidera na quantidade de galináceos, com 12,1% do efetivo no estado do Ceará.
Outro destaque do município é de que ele possui o quinto maior número de galinhas e quinta maior produção de ovos do Brasil.
No Estado, foi contabilizada a produção recorde de 290,3 milhões de dúzias de ovos.
Depois de Beberibe, nos dois setores, vem Horizonte, Cascavel, Aquiraz e Pacajus, que juntos concentraram 55,1% da criação de galinhas e 67,2% da produção de ovos do Estado em 2023.
A produção estadual de mel atingiu 5,7 mil toneladas. Valor representou recorde na série histórica da pesquisa.
Destacam-se Santana do Cariri, maior município produtor do País, e detentor de 27,2% da produção estadual; seguido no ranking estadual por Morada Nova (4%) e Tabuleiro do Norte (3,1%).
Por último, a PPM destaca o salto de 14% da criação de peixes em cativeiro (piscicultura) no Ceará, totalizando 7,8 mil toneladas em 2022.
Essa elevação foi puxada por Jaguaribara, maior produção estadual (44%) e com crescimento de 53,3% em relação à 2021.
Além disso, Alto Santo é o terceiro no ranking de produção (4,7%) e apresentou crescimento de 30% em comparação ao ano anterior.
Das espécies, a tilápia nunca perdeu o posto de líder. Em 2022, foram 99,5% da produção total de peixes.
A cidade de Jaguaribara foi a principal produtora, responsável pela produção de 56,7% do total, seguida por General Sampaio e Alto Santo.
No Estado, só desta espécie, foram produzidas 11,2 mil toneladas, 41,3% a mais do que em 2022. Esse crescimento é observado desde 2020.
O índice da produção de peixes foi contabilizado como um “grande avanço” pelo presidente da Faec.
“Tivemos problemas com a crise hídrica, que prejudicou a criação de tilápia no Açude Castanhão, mas os produtores do Ceará foram buscar alternativas em outros reservatórios, e agora estão voltando. Nossa expectativa é que, em 2025, o Castanhão retome sua capacidade de produção, passando dos 50%”. (Colaborou Révinna Nobre)