O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará teve um crescimento de 7,2% no segundo trimestre deste ano, com recuperação do setor industrial, que avançou 9,93%, e destaque para calçados, confecções e têxtil. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O resultado cearense foi o maior entre os estados que calcularam o PIB trimestral no segundo trimestre, em que São Paulo teve um avanço de 4,5%, logo após Pernambuco (4,1%), Paraná (2,89%), Espírito Santo (2,8%), Bahia (2,2%) e Minas Gerais (1,2%).
Além da intensidade de crescimento da indústria ter sido mais forte, a área de serviços, por outro lado, também apresentou alta de 4,48%, puxada por comércio, serviços de veículos e serviços prestados às famílias. Já a agropecuária avançou 32,52%, com destaque para o milho e o feijão, beneficiada pela boa quadra chuvosa no Estado.
De acordo com o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, o desempenho da economia cearense tem sido forte nos últimos trimestres, mas que a alta do agronegócio, especificamente, ocorre após um período de baixa anterior na base de comparação.
"Os dados do segundo trimestre mostram uma recuperação, principalmente porque tivemos uma boa quadra de chuvas. Essa boa quadra de chuvas teoricamente deveria aparecer no segundo trimestre e não no primeiro", detalha.
A expectativa do especialista é que esse crescimento se mantenha nos próximos trimestres deste ano, talvez não em um volume tão significativo quanto no do segundo. Comércio e serviços deverão vir bem à frente, assim como a indústria deverá manter a possibilidade de crescimento.
Isso ocorre em meio a um cenário nacional muito bom, na sua visão, com redução da taxa de desemprego e crescimento de modo geral. "Então, como temos uma ligação com algumas cadeias produtivas, é provável que continuemos mantendo esse ritmo", informa.
Esses dados cearenses superam em mais do que o dobro o crescimento do PIB brasileiro, que foi de 3,3% no segundo trimestre. Algo semelhante ocorreu no primeiro trimestre, quando o Estado avançou 5,2% e o Brasil, 2,5%. O governador Elmano de Freitas (PT) acredita estar "no caminho correto."
O economista Ricardo Coimbra vê, ainda, que o segmento de construção civil cearense foi fortalecido por um programa estadual similar ao Minha Casa, Minha Vida, denominado Entrada Moradia, o qual estimulou mais a economia e o PIB por consequência.
"À medida que temos uma melhoria na geração de emprego e uma redução da taxa de desemprego, isso acaba potencializando o segmento do comércio e dos serviços. É um ciclo positivo, e, quando o ciclo está indo bem, geramos essa potencialidade", detalha.
Além disso, Ricardo diz que o histórico da economia cearense vem crescendo, em média, mais do que as outras economias da região Nordeste devido ao estímulo nas cadeias produtivas e à atração de novos investimentos no Estado ao longo dos anos.
"É um conjunto de fatores que vem acontecendo de forma contínua e gradual. A cada momento que observamos algumas evoluções, devemos refletir sobre o conjunto dessas ações. São microvariáveis que, juntas, geram um determinado reflexo", acrescenta. (Com Armando de Oliveira Lima)
Principais DESTAQUES do PIB no Ceará e Brasil
1º trimestre de 2024 (comparado ao trimestre imediatamente anterior)
Ceará: 2,70%
Brasil: 0,80%
2º trimestre de 2024 (comparado ao trimestre imediatamente anterior)
Ceará: 7,2%
Brasil: 3,3%
Desempenho dos estados no 2º trimestre já divulgados:
1º Ceará: 7,2%
2º São Paulo: 4,5%
3º Pernambuco: 4,1%
4º Paraná: 2,89%
5º Espírito Santo: 2,8%
Evolução do PIB
por trimestre
2024
1° trimestre: 2,70%
2º trimestre: 7,20%
2023
1º trimestre: 2,83%
2º trimestre: 1,26%
3º trimestre: 0,03%
4º trimestre: 1,23%
2022
1º trimestre: -0,65%
2º trimestre: 2,83%
3º trimestre: -1,98%
4º trimestre: -1,71%
2021
1º trimestre: -2,19%
2º trimestre: 2,35%
3º trimestre: 0,95%
4º trimestre: -0,93%
2020
1º trimestre: -4,17%
2º trimestre: -13,75%
3º trimestre: 16,53%
4º trimestre: 1,41%
Fonte: Ipece