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Venda de veículos usados no Ceará cresce, mas enfrenta demora em transferências
Economia

Venda de veículos usados no Ceará cresce, mas enfrenta demora em transferências

|APONTA SETOR| Apesar de segmento ter registrado alta na comercialização em setembro, resultado no acumulado do ano é de expansão abaixo da média da região Nordeste
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AUTOMÓVEIS responderam por quase a metade do total de veículos usados vendidos em setembro de 2024 no Ceará (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA AUTOMÓVEIS responderam por quase a metade do total de veículos usados vendidos em setembro de 2024 no Ceará

A venda de veículos usados no Ceará registrou alta de 0,8% no acumulado do ano, abaixo da média da região Nordeste que fica em torno de 10%, conforme aponta o Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores (Sindivel-CE) do Estado.

Uma das causas para esse cenário praticamente estagnado nas vendas do segmento seria, conforme o presidente do Sindivel-CE, Éverton Fernandes, a demora no processo de transferência de veículos por parte do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE).

Os servidores do órgão entraram em greve no dia 3 de abril. A paralisação durou 21 dias e o ritmo de atendimento, segundo apontam os revendedores automotivos no Estado, ainda não teria sido completamente restabelecido e estaria comprometendo a finalização dos negócios fechados pelo setor, o que é contestado pelo Detran-CE.

No mês de setembro, contudo, a venda de veículos usados registrou forte expansão em relação a setembro do ano passado, avançando 16,5%.

Ao todo, foram vendidas 37.128 unidades, ante 31.878 comercializadas em período equivalente de 2023. Por outro lado, quando é feita a comparação com o mês de agosto de 2024, quando foram vendidas 42.033 unidades, há uma queda de 11,7%.

Para o presidente do Sindivel-CE, “mesmo já tendo passado bastante tempo desde o fim da greve, o Detran ainda apresenta uma deficiência em seu quadro funcional e não está conseguindo dar a velocidade necessária para atender ao aumento da demanda de serviços”. Ele acrescenta que os carros “continuam registrados em nome dos antigos proprietários, e, em alguns casos, estamos demorando para entregar os veículos porque o Detran está demorando para realizar o procedimento de transferência”.

Apesar do problema ter se acentuado após a greve, Éverton Fernandes afirma que a demora nesses processos já vem ocorrendo desde 2023. “Nossos dados são baseados nas transferências realizadas no Detran, e enfrentamos um grande déficit de documentos transferidos ao longo do ano. Desde o ano passado, temos sofrido com dificuldades em agendamentos no Detran. Se você tentar agendar pelo site, a espera pode chegar a 10 ou 12 dias, e, após isso, mais 10 ou 12 dias para receber o documento”, exemplifica.

“A situação é complicada. Enquanto alguns estados conseguem realizar a transferência de veículos em apenas um minuto, aqui estamos enfrentando problemas. Eu percebi que eles estão fazendo algumas mudanças internas, mas o processo está muito lento e isso tem causado problemas para o mercado, dificultando a venda de veículos. O Detran não consegue transferir na mesma velocidade, o que gera multas, e acabamos tendo que pagar mais caro por serviços como a transferência e a vistoria externa”, lamenta o presidente do Sindivel-CE.

Nem mesmo mutirões realizados pelo órgão para amenizar o problema estariam minimizando a demora, conforme Fernandes. “O Detran tem tentado fazer mutirões, mas quem paga pelo mutirão é quem solicita o serviço. Se eu perder o mutirão, vou ter que pagar a mais por esse serviço. Eles têm tentado oferecer serviços nos fins de semana, mas ainda não estão conseguindo atender à demanda”, observa.

Por sua vez, o Detran respondeu à queixa do setor, por meio de nota, “que o fluxo de transferência de veículos ocorre de forma regular, sem qualquer tipo de atraso ou problema”, acrescentando que a demanda reprimida “por conta da paralisação dos serviços, gerada pela greve de servidores, foi devidamente sanada e atendida”.

O órgão conclui o comunicado afirmando “que todo o processo de transferência veicular acontece dentro da normalidade, com o devido acompanhamento e respeito às normas exigidas, para assim garantir a segurança necessária à documentação do proprietário”. (Colaborou Beatriz Cavalcante)

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No Ceará, quando se fala de veículos usados, a maior parte das unidades vendidas tem 13 anos ou mais de uso. Em seguida, aparecem os carros entre 4 e 8 anos de uso

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