O Governo lançou ontem em Washington, nos Estados Unidos, a Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica (BIP, na sigla em inglês), que busca facilitar e ampliar a captação de fundos internacionais para programas ambientais.
Dentre os projetos-pilotos que constam na vitrine da plataforma está o da Fortescue, empresa australiana que promete investir US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 20 bilhões) na exploração de hidrogênio verde no Ceará. A companhia foi a primeira a assinar um pré-contrato com o Governo do Ceará para se instalar no Complexo do Pecém.
No último dia 18, a empresa recebeu licença de instalação, dada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), para começar as obras de preparação da unidade de produção de hidrogênio e amônia verde em uma área de 121 hectares, localizada no setor 2 da Zona de Processamento para Exportação (ZPE Ceará).
O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia, com o uso de 2.100 MW de energia renovável. A expectativa é gerar cerca de 5 mil empregos na fase de construção, de acordo com dados informados pela empresa no Estudo de Impacto Ambiental.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que o lançamento da Plataforma Brasil de Investimento Climático e para a Transformação Ecológica é uma demonstração clara do compromisso do governo do presidente Lula com o desenvolvimento sustentável.
"A plataforma facilitará a divulgação das oportunidades de negócios no país, nos setores da chamada economia verde, atraindo ainda mais investimentos produtivos para o Brasil, que se traduzem na geração de emprego e renda."
O programa é uma iniciativa dos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Fazenda, de Minas e Energia e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. E tem por objetivo facilitar investimentos internacionais para projetos que visam o desenvolvimento sustentável no país, focando na transição energética e no combate a mudança climática.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, acredita que a plataforma é um dos resultados da força-tarefa para mobilização global contra a mudança do clima.
"Será essencial para a implementação do Plano Clima, atraindo investimentos de outros países para acelerar e dar escala à descarbonização da economia brasileira."
A iniciativa também tem cooperação com instituições como Bloomberg Philanthropies, a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ, na sigla em inglês), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o Fundo Verde para o Clima (GCF).
De acordo com o Governo, os projetos serão oriundos tanto do setor público quanto do privado, incluindo a possibilidade de apoiar os esforços de transição de cidades e estados brasileiros. Dentro desses setores, a plataforma já identificou e incluiu projetos-piloto como meio de testar os critérios de seleção do pipeline da BIP, o modelo operacional e os fóruns de tomada de decisão.
Ao todo, os projetos totalizam US$ 10,8 bilhões em capital a ser mobilizado, uma vez tomada a decisão final de investimento. Além da Fortescue, também constam na lista de projetos-pilotos outras seis iniciativas, cujos projetos já foram validados pelo BNDES.
Os empreendedores sociais e ambientais interessados em incluir um projeto de desenvolvimento sustentável na plataforma devem entrar em contato com o bip@bndes.gov.br. O BNDES analisará o empreendimento, podendo inseri-lo no BIP.
"A plataforma é a realização de um ano e meio de iniciativas do Ministério da Fazenda que permitiram um novo horizonte para a agenda climática do Brasil. Essa é conclusão de um processo de estruturação de marcos regulatório e financeiros para financiamentos verdes e que dará início a uma nova onda de investimentos", afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (com Agência Brasil)
Além da Fortescue, as seguintes empresas podem ser beneficiadas com a captação de recursos:
O Brasil tem o objetivo de reduzir suas emissões em 53% até 2030 e já atualizou as metas para 2035. Essas metas incluem o foco de combater o desmatamento, práticas agrícolas sustentáveis, descarbonização industrial, fontes diversificadas de energia renovável.
Apesar dos esforços passados e em andamento, os planos climáticos brasileiros receberam apenas uma fração do financiamento necessário para atingir as metas climáticas do país.
A BIP busca expandir e otimizar os investimentos de transição, de todas as fontes, em apoio ao Plano de Transformação Ecológica do governo em setores-chave
Energia Limpa, apoiando esforços para viabilizar energia solar off-grid, redes inteligentes, indústrias de energia eólica offshore, combustíveis sustentáveis, bioinsumos agrícolas, hidrogênio de baixo carbono, eficiência energética e minerais críticos.
Soluções baseadas na natureza e bioeconomia , incluindo a restauração e o manejo sustentável da vegetação nativa, a redução do desmatamento, a agricultura regenerativa e o manejo de resíduos
Indústria e Mobilidade , catalisando os esforços de descarbonização em setores como aço, alumínio e cimento, mobilidade urbana elétrica e fertilizantes verdes
A BIP trabalhará com fundos e programas públicos existentes, como o Restaura Amazônia, iniciativas parceiras, incluindo o Laboratório de Investimentos da Natureza do Brasil, parcerias com bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) e fundos ambientais e climáticos.
O BNDES será responsável pela Secretaria do BIP, que será apoiada pelo Programa de Preparação do Fundo Verde para o Clima (GCF) para o Brasil e pelas Bloomberg Philanthropies.
Plataforma Brasil de Investimento Climático (BIP)
O que é a Plataforma Brasil de Investimento Climático (BIP)?
A plataforma busca expandir e otimizar os investimentos de transição, de todas as fontes, em apoio ao Plano de Transformação Ecológica do governo em setores-chave.
Como vai funcionar?
O BNDES será responsável pela Secretaria do BIP, que será apoiada pelo Programa de Preparação do Fundo Verde para o Clima (GCF) para o Brasil e pelas Bloomberg Philanthropies.
O programa trabalhará com fundos e programas públicos existentes, como o Restaura Amazônia, iniciativas parceiras, incluindo o Laboratório de Investimentos da Natureza do Brasil, parcerias com bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) e fundos ambientais e climáticos.
Quais são os projetos-pilotos na plataforma?
> Acelen Renewables , que está desenvolvendo uma proposta de combustíveis renováveis de US$ 3 bilhões, visando produzir 1 bilhão de litros por ano de diesel verde e combustível sustentável para aviação a partir de macaúba, uma planta brasileira;
> Corredores para a Vida, liderado pela Ambipar Environment e pelo Ipê, que busca US$ 95 milhões para restaurar um dos maiores corredores ecológicos do Brasil na Mata Atlântica
- projeto da Atlas Agro, avaliado em US$ 1,15 bilhão, será a primeira planta de fertilizantes verdes em escala industrial no Brasil;
> A Biomas investirá US$ 150 milhões na restauração de 14.000 hectares de vegetação na Amazônia e na Mata Atlântica
> Fortescue que está criando uma planta de hidrogênio verde de US$ 5 bilhões;
> Projeto Caldeira da Meteoric Resources visa arrecadar US$ 425 milhões para financiar o desenvolvimento de métodos de extração de baixa emissão para elementos de terras raras;
> A Vale possui um projeto para induzir o investimento de US$2,5 bilhões na construção de polos industriais no Brasil para a produção de hidrogênio verde e ferro briquetado a quente (HBI)
Fonte: Governo Federal