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Ceará é 5º do Brasil em maior percentual de mulheres chefiando os lares, diz IBGE
Economia

Ceará é 5º do Brasil em maior percentual de mulheres chefiando os lares, diz IBGE

O índice de mulheres na categoria de pessoa responsável pelo domicílio é maior que o dos homens no Estado, caindo a classificação delas como esposas. No ranking, o Ceará fica atrás apenas de Pernambuco, Sergipe, Maranhão e Amapá
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MAIOR inserção das mulheres no mercado de trabalho está entre os fatores que contribuem para mudança de cenário (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS MAIOR inserção das mulheres no mercado de trabalho está entre os fatores que contribuem para mudança de cenário

O Ceará é a quinta unidade da federação do Brasil com o maior percentual de mulheres chefiando os lares. No Estado, elas representam 52,6% (1,6 milhão) das pessoas que se identificam como responsável pelo domicílio contra 47,4% (1,4 milhão) dos homens. 

Vale lembrar que o índice de pessoas que se declararam no comando das casas cearenses foi de 34,4%, de acordo com o Censo 2022, na pesquisa "Composição domiciliar e óbitos informados - Resultados do Universo - Ceará", divulgada nesta sexta-feira, 25 de outubro. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Esta é uma mudança significativa em relação à realidade apresentada em 2010. À época, o percentual de pessoas que se declaravam chefes era de 28,1%, sendo que o de homens responsáveis (60,4%) era substancialmente maior do que o de mulheres (39,6%).

Com isso, o Ceará está entre os 10 estados cujo índice delas na chefia do lar é maior do que 50%. Esses locais, portanto, são onde as mulheres estão majoritariamente na condição de pessoa responsável.

No ranking nacional, o Estado fica atrás apenas de Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%) e Amapá (52,9%).

Completam a lista: Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas e Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).

Brasil

No Brasil, segundo o Censo 2022, esta é a primeira vez que o percentual de mulheres responsáveis pelas unidades domésticas praticamente se equipara a dos homens.

Sendo 50,9% dos lares chefiados por eles (37 milhões) e 49,1% por elas (36 milhões). Houve mudança importante em relação a 2010, quando o percentual de homens responsáveis (61,3%) era substancialmente maior que o de mulheres (38,7%).

“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do País. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, que as unidades da federação acompanharam o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino””, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.

Mulheres passam a ser mais classificadas como chefes do lar do que como esposas no Ceará

Outra mudança ante 2010 é que naquele período elas eram mais representadas como cônjuges ou companheiras de sexo diferente (27,9%).

No Censo de 2022 houve uma inversão, pois, considerando o total, 33,8% das mulheres foram categorizadas como responsáveis pela unidade doméstica.

Já as consideradas como esposas ou companheiras de sexo diferente chegaram a 15,7%.

Mulheres lideram lares maiores no Ceará

Além disso, no Ceará, elas tendem a liderar lares maiores. Há uma proporção maior de unidades domésticas com dois moradores entre as mulheres responsáveis (28%) em comparação aos homens responsáveis (25,4%).

Também há uma proporção maior da espécie estendida entre as mulheres responsáveis (21,4%) em comparação aos homens responsáveis (13,4%).

Pardos lideram os responsáveis pelo lar no Ceará

Outra característica que o IBGE traz é que, entre os responsáveis em 2022, a predominância é dos pardos (64,7%).

Depois vêm 26,1% da cor ou raça branca, e de 8,5% da cor ou raça preta. Responsáveis amarelos são 0,17% e indígenas, 0,45%.

Na comparação com 2010, o percentual de pessoas responsáveis que se declararam brancas era maior, 31,6%. Pardos representavam 60,6%, e 6,1% se declararam da cor ou raça preta.

Por sexo, em 2022, há um índice maior brancos na chefia do lar quando se fala de homens (27,2%) e também de pretos (9,3%).

Do sexo feminino há mais brancas (25,2%) e pretas (7,9%).

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As desigualdades que sobrecarregam quem está à frente dos domicílios

A economista e diretora de economia popular e solidária da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Silvana Parente, afirmou que o cenário de chefia feminina nos lares não é exatamente feliz. Pelo contrário, é preocupante, já que as mulheres estão submetidas a uma taxa de desemprego maior e a salários mais baixos do que os dos homens.

"Entre as famílias, a renda per capita é menor nas famílias chefiadas por mulheres. Essa situação não é uma boa notícia. Isso se deve também a mudanças na estrutura social, como separações, divórcios, o aumento do número de mulheres solteiras e outros modelos de família."

Ela pontuou, ainda, que as mulheres enfrentam, muitas vezes, o mercado de trabalho sozinhas, sem contar com um apoio no núcleo familiar. "Elas enfrentam um outro desafio: o trabalho doméstico não remunerado. Isso recai sobre essas mulheres um peso maior. Por isso, eu digo que a estatística não é boa".

Já a economista Desirée Mota destacou que as mulheres têm procurado se qualificar e se posicionar no mercado de trabalho em patamares mais altos. "Hoje, temos várias mulheres em posições de liderança, como presidentes de empresas. Isso deve-se à qualificação e à busca por especializações, principalmente nas áreas financeiras."

Além disso, Desirée vê uma mudança estrutural entre os estados brasileiros. Já que, antes, São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados das regiões Sudeste e Sul tinham uma representatividade maior de mulheres chefiando os lares, mas isso mudou com a ampliação da inserção das mulheres no mercado de trabalho.

"O século XX trouxe essa mudança de cultura e de hábitos, exigindo um perfil de mulheres mais independentes. Essa independência é refletida nas pesquisas, que colocam nosso estado como o 5º do Brasil nesse aspecto", afirma.

A economista ressaltou, também, que há uma questão racial no contexto, onde as mulheres brancas acabam sendo mais responsáveis pela chefia dos lares do que as mulheres pretas. Ela explicou que mulheres pretas enfrentam mais dificuldades no mercado de trabalho devido ao racismo estrutural. (Ana Luiza Serrão)

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