A Hapvida perdeu 86 mil clientes e registrou um prejuízo líquido de R$ 71,3 milhões no terceiro trimestre deste ano. As perdas financeiras foram, no entanto, menores do que as registradas em igual período de 2023, com R$ 206,7 milhões.
Em relação aos beneficiários, havia cerca de 15,848 milhões no terceiro trimestre de 2023, caindo para 15,762 milhões em igual período de 2024. A retração anual foi de 0,5%, enquanto o comparativo trimestral teve alta de 0,1%.
Todavia, o resultado ajustado da Hapvida ficou com lucro líquido de R$ 324,5 milhões, alta anual de 24,3%, ao eliminar o impacto de despesas específicas, como planos de incentivo, carteira de clientes e marcas & patentes.
Ontem, as ações ordinárias da Hapvida (HAPV3) chegaram a cair mais de 8% durante o pregão, mas fechou o dia com baixa de 6,34%, a R$ 3,10. Foi uma das principais quedas do dia do Ibovespa.
O ticket médio mensal, isto é, o custo mensal pago por clientes nos planos de saúde passou de R$ 251,8 no terceiro trimestre de 2023 para R$ 276 no terceiro trimestre de 2024, aumentando 9,6% no período.
A operadora finalizou o trimestre com 794 unidades assistenciais próprias em todo o País, nove a mais do que em igual período de 2023. Os leitos hospitalares operacionais detinham 5.823 unidades no terceiro trimestre de 2024, ante 5.704 em 2023.
A companhia informou que a qualidade assistencial e o acolhimento dos beneficiários têm sido prioridades crescentes para a administração. "Desde 2023, importantes esforços foram realizados para garantir melhorias contínuas na operação."
De forma detalhada, o trimestre foi finalizado com 85 hospitais, 77 unidades de pronto atendimento, 341 clínicas e 291 unidades de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial.
De acordo com os analistas Guilherme Vianna, Luis Assis e Luis Degaspari, da Genial Investimentos, o terceiro trimestre trouxe sinais mistos, com desafios na retenção de beneficiários e nas despesas administrativas.
"Embora o número de beneficiários tenha apresentado leve queda, a recomposição de preços contribuiu para mitigar o impacto na receita, garantindo um avanço sólido", detalharam os analistas.
Eles ressaltam, neste cenário, que o desempenho da companhia permanece pautado por adaptações a um contexto de judicialização crescente e pela recomposição de preços, "fatores que pressionam tanto a receita quanto os custos operacionais".
Além disso, a recomposição de preços e a revisão de contratos estão permitindo que a Hapvida ajuste suas margens em meio a um ambiente de aumento de custos, fortalecendo a rentabilidade da operação, segundo a Genial.
A verticalização dos serviços da operadora de saúde cearense, isto é, com hospitais e laboratórios próprios, bem como a padronização de protocolos, têm beneficiado esforços de controle de custos, de acordo com os analistas.
"A expectativa é que essas iniciativas de reprecificação continuem contribuindo para a sustentabilidade das margens nos próximos trimestres, reforçando o compromisso da Hapvida com a eficiência operacional e a gestão de sinistralidade", complementaram.
Já a receita líquida totalizou R$ 7,3 bilhões nos três meses analisados, um crescimento anual de 6,6%, ante R$ 6,8 bilhões em 2023. No comparativo trimestral, a alta foi de 2,6%, contra R$ 7,1 bilhões no segundo trimestre.
A receita foi beneficiada, principalmente, pelo aumento das linhas de negócios de planos de saúde e odontológicos por meio dos reajustes de preços, para alcançar equilíbrio nos contratos e na recomposição do ticket médio, segundo a empresa.
"Essa estratégia mais do que compensou a leve retração no número de beneficiários na comparação anual, a redução de receita de serviços médico-hospitalares e a descontinuação de outras linhas de negócio em outras atividades", disse no balanço.
A sinistralidade — proporção entre custos e receitas — ficou em níveis gerenciáveis, a 70,4%, com melhora anual de 1,5 ponto percentual (p.p.); fruto de esforços de reprecificação da carteira e reajustes agressivos de preços, para a Genial.
Um dos principais indicadores do mercado financeiro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 762,6 milhões no terceiro trimestre, com alta de 2,8% no ano contra ano.
"Apesar das pressões, a companhia apresentou uma sólida geração de caixa e melhorou sua posição de alavancagem, refletindo a eficiência nas iniciativas de reestruturação", de acordo com análise da Genial Investimentos.
"O desafio, contudo, permanece em manter a trajetória de crescimento e rentabilidade à medida que a empresa ajusta suas operações para otimizar resultados futuros", acrescentaram os analistas de investimentos.