Logo O POVO+
Manifestantes protestam contra escala 6x1 no Centro de Fortaleza
Economia

Manifestantes protestam contra escala 6x1 no Centro de Fortaleza

Líderes sindicais, militantes e trabalhadores se misturam na Praça do Ferreira e pedem a aprovação da PEC que limita a semana de trabalho a 36 horas no País
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
MANIFESTANTES protestam contra escala 6x1 na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza (Foto: Cíntia Duarte)
Foto: Cíntia Duarte MANIFESTANTES protestam contra escala 6x1 na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza

Manifestantes se reuniram ontem, feriado da Proclamação da República, para protestar contra a escala 6x1 (seis dias de trabalho e um de descanso). Ato ocorreu na Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza, assim como em diversas outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus e Recife.

Líderes sindicais, representantes do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e trabalhadores se misturam na Praça e celebraram o avanço da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita a semana de trabalho a 36 horas, encabeçada pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP).

“Estamos muito felizes com essa mobilização”, aponta Jéssica Fontenele, líder do VAT. “A gente finalmente conseguiu colocar contra a parede aqueles que fazem falso discurso contra os trabalhadores. É difícil enganar. Ou você é contra ou você é favor”, argumentou ela.

“Está ficando constrangedor para os donos do poder assumirem francamente que são contra a classe trabalhadora. Nossa expectativa é conseguir mais assinaturas, tanto na PEC, quanto na petição pública de apoio”.

Kazol Fernandes, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), defende o ato em praça pública. “A gente entende que essa luta não tem que ser travada só numa cúpula, só no parlamento. É uma luta que precisa ser travada nas ruas, com a classe trabalhadora”.

A fortalezense acrescenta que, apesar da PEC ter obtido as assinaturas necessárias para tramitação, “a gente ainda precisa vir às ruas, precisa fazer uma frente, reivindicar a aprovação da proposta”.

Um dos manifestantes presentes foi Ivar Ellery, que já trabalhou na escala 6x1 no âmbito de restaurantes. “Como uma pessoa casada, não tinha tempo para passar com minha esposa, minha família”, afirma.

“O único dia de descanso na escala 6x1 [domingo] acaba não sendo de descanso. A gente cozinha, limpa a casa, lava a roupa. É uma jornada que nos cansa de uma forma tão grande, porque realmente não há descanso”.

Na visão de Ivar, a escala 6x1 objetiva “extrair o máximo de trabalho possível com o menor custo possível. Isso cansa a pessoa, que não tem o retorno emocional e financeiro. Essa é a luta de todo mundo que está aqui hoje na Praça do Ferreira. Conseguir ter melhorias, ter descanso”. 

Em São Paulo, os manifestantes reuniram-se na Avenida Paulista. De um carro de som, uma das líderes do ato, Priscila Araújo Kashimira, ressaltou que os jovens estão entre os mais afetados pela jornada de trabalho 6x1, pela dificuldade em conciliar os estudos para tentar entrar em uma instituição de ensino superior. Outros trabalhadores prejudicados pela atual jornada são funcionários de shoppings e telemarketing. Ela criticou as empresas de telemarketing por sujeitar os funcionários a intervalos curtos, "de menos de 20 minutos para almoço".

No Rio de Janeiro, o protesto levou uma multidão à Cinelândia. Enquanto em Brasília representantes de diferentes categorias e movimentos sociais se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto, na região central.

Centrais sindicais e outros movimentos sociais já se manifestaram a favor da redução da jornada de trabalho, enquanto entidades patronais e de empresários se posicionaram contra alegando impactos significativos nos custos das empresas e alertaram para o risco de demissão.

Entenda

Atualmente, a escala 6x1 (seis dias trabalhados e um dia de folga) é mais comum nos setores comerciais e de serviços, onde a folga semanal pode ser dividida em dias alternados na semana, sendo preferencialmente aos domingos.

Após computar a marca de mais de 171 assinaturas para início da tramitação, a PEC começará a ser discutida na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara. No colegiado, haverá a designação de um relator para o texto, que poderá modificar o projeto por meio de um substitutivo, além de acatar sugestões de outros deputados federais.

Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, a proposta seguirá para a apreciação de uma comissão especial. Somente após esse trâmite, o texto ficará apto a ser pautado no plenário.

Com informações de Cíntia Duarte e Agência Brasil

O que você achou desse conteúdo?