O panorama atual da condição das estradas cearenses é que uma em cada quatro quilômetros está em condição ruim ou péssima. Isso representa um montante de 756 km entre estradas estaduais e federais. Os dados fazem parte da Pesquisa CNT de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O levantamento anual aponta ainda que que apenas 48 km da malha rodoviária cearense está em ótima condição, o equivalente a 1,3% dos 3.772 km avaliados.
Do total, 78,7% das rodovias apareceu na pesquisa em condição regular ou boa. Ainda foram identificados 203 pontos críticos, que são locais em estradas com quedas de barreira, ponte caída ou estreita, erosão na pista ou buracos grandes, além de situações críticas de interdições em partes da via, estreitamentos e etc.
Dentre os três itens analisados para gerar a avaliação - pavimento, sinalização e geometria da via -, os principais problemas encontrados nas rodovias cearenses foram que mais de 30% da pavimentação estão em condição "ruim" ou "péssima", cenário similar à geometria das vias.
O levantamento ainda projeta o volume de recursos necessários para recuperação da malha viária cearense, seja para manutenção dos trechos ou para ações emergenciais de reconstrução e restauração. Seriam R$ 3,7 bilhões necessários, sendo que R$ 885 milhões para manutenção.
A Pesquisa CNT de Rodovias tem como objetivo realizar um levantamento das características e avaliar as condições da malha rodoviária pavimentada brasileira que afetam, direta ou indiretamente, as condições de trafegabilidade e segurança.
O levantamento avaliou, aproximadamente, 111.853 quilômetros, consolidando-se como a maior e mais completa análise sobre a infraestrutura rodoviária do país.
O presidente da CNT, Vander Costa, ressalta que prover uma infraestrutura de qualidade é essencial e a 27ª edição da Pesquisa traz uma mensagem clara: “investir em infraestrutura gera resultados, embora ainda seja necessário ampliar os recursos e o orçamento destinados à melhoria das rodovias.”
Vander pontua ainda que a pauta de melhoria da infraestrutura de transporte é um processo de longo prazo, que exige constância e comprometimento.
Os dados da CNT também permitem fazer o comparativo direto entre a condição das estradas estaduais e federais.
Eles apontam a maior parte das rodovias federais está em condição "boa", com 994 km (44% do total). Dentro desse recorte, 38 km (1,68%) estão em "ótimas" condições, enquanto outros 128 km (5,67%) estão em "péssimas" condições.
Já no caso das estradas estaduais, a maior parte está em condição regular, com 1.073 km (70,8% do total). Apenas 10 km (0,6%) de estradas estaduais estão em condições "ótimas", enquanto 19 km (1,25%) estão em "péssimas" condições.
Pelo lado das rodovias federais, a que está em piores condições, segundo os critérios da Pesquisa CNT são a BR-122 e a BR-226. Já entre as estaduais, os destaques negativos são a CE-168 e a CE-183.
Questionado pelo O POVO, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que monitora mensalmente a condição da malha rodoviária sob sua jurisdição. O Dnit destaca que o seu índice próprio de condição de manutenção apontou em outubro que 93% das estradas federais cearenses estão em condições "boas" ou "regulares".
"No caso do Ceará, o DNIT administra aproximadamente 2,3 mil quilômetros de rodovias. Sendo que 99% desta extensão está coberta por contratos de manutenção/conservação e restauração", disse em nota.
Já o Governo do Ceará, por meio da Superintendência de Obras Públicas (SOP), afirma que a malha estadual envolve 13,8 mil km e que desenvolve o Ceará de Ponta a Ponta, para execução de obras de duplicação, pavimentação e restauração, e o Programa de Recuperação Funcional, para identificar e reparar trechos danificados.
"A Superintendência de Obras Pública (SOP) informa que realiza melhorias e o monitoramento constante da infraestrutura rodoviária do Ceará, para garantir sobretudo a segurança e a trafegabilidade".
ANÁLISE DAS RODOVIAS POR JURISDICÃO - Estadual x Federal
Ótimo: 10 km (0,66%)
Bom: 181 km (11,95%)
Regular: 1.073 km (70,83%)
Ruim: 232 km (15,3%)
Péssimo: 19km (1,25%)
Ótimo: 38 km (1,68%)
Bom: 994 km (44%)
Regular: 720 km (31,9%)
Ruim: 377 km (16,7%)
Péssimo: 128 km (5,67%)
Fonte: CNT