A Black Friday, que este ano acontece em 29 de novembro, vem se estabelecendo como uma das datas comerciais mais importantes, ficando atrás apenas do Natal e Dia das Mães, movimentando o varejo no fim do ano.
As principais razões que levam os habitantes da capital cearense a adquirir produtos durante este período, são em grande parte voltadas para aproveitar as promoções dos itens necessários e antecipar as compras natalinas. Em comparação aos anos anteriores, 32,5% dos consumidores visam gastar menos, enquanto 27,9% planejam desembolsar mais. O estudo foi realizado pela Fecomércio, por meio do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC).
Outros motivos que impulsionam as compras nesta época do ano são os descontos oferecidos nas mercadorias de interesse, disponibilidade de mais produtos, a economia feita ao longo do ano, e recebimento do décimo terceiro salário. Os itens mais buscados incluem eletrodomésticos, artigos de vestuário, calçados, eletrônicos, artigos para o lar e smartphones.
O cartão de crédito é a forma de pagamento favorita nesta Black Friday, de acordo com a pesquisa da Abecs, Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços. O artifício é citado por quase metade dos entrevistados, seguido por pix, dinheiro, cartão de débito, boleto bancário e cartão de loja. Consumidores mais jovens, principalmente até 34 anos, têm o maior índice de intenção de compra: 69% entre a população de 18 a 24 anos e 61% entre os que têm de 25 a 34 anos.
Em relação ao local, 50% das pessoas consultadas afirmaram preferir as lojas físicas, enquanto 49% dão preferência ao e-commerce. Há quem pretenda realizar as compras das duas formas, esses representam 4% do total. Uma minoria (5%) diz ainda não saber.
Realizar uma análise é fundamental para uma Black Friday sem prejuízos. Muitos compradores, desconfiam sobre a veracidade das promoções. O CEO e cofundador do site Reclame Aqui, Edu Neves, entende com base na nova pesquisa divulgada pela plataforma, que o consumidor de forma inconsciente, está aprendendo a jogar com a data.
Em virtude da descrença em encontrar grandes descontos, somado à cautela financeira que já vem crescendo nos últimos meses, os compradores estão de olho na “xepa das promoções” avaliando que apenas no final do dia, irão encontrar o desconto que desejam.
Entre os consumidores pesquisados 43,94% devem gastar entre R$1 mil e R$4 mil e 27,05% entre R$100 e R$500. O alto ticket médio se fundamenta na razão das pessoas terem em seu radar de compra, itens eletrônicos de linha branca, como geladeira, máquina de lavar e fogão, mercadorias de maior valor agregado sendo mais difíceis de apresentar grandes descontos. A junção de alto valor, com a dificuldade do varejo de fornecer preços reduzidos, faz com que o parcelamento seja um grande direcionador de decisão aos compradores.
Para a professora de Marketing da Universidade Federal do Ceará, Claudia Buhamra, a data com o tempo acabou se descaracterizando um pouco especialmente no Brasil, pois deixou de ser apenas em uma sexta-feira e muitas vezes acontece em uma semana inteira e ainda há casos em que empresas fazem um mês todo. Assim, perde-se a característica de promoção: o tempo limitado, fazendo com que as pessoas respondam à urgência anunciada.
De acordo com ela, qualquer poder de compra dado ao público, traz vantagens porque aquece o processo de compra e venda, gira a economia, gera mais negócios e empregos. Agora é preciso tomar cuidado com outro fator: a inadimplência.
“No momento atual, em que o brasileiro está envolvido com tanta dívida, qualquer oferta com benefício real oferecida ao consumidor é válida. Os empresários precisam estar atentos para entregarem promoções reais, visando não caírem em descrédito, comprometendo não só as vendas naquele momento, mas também a imagem das empresas”, alerta a profissional.
A ocasião vem para complementar as ações de fim de ano, ajudando os estabelecimentos a liquidarem seus estoques e facilitar a dinâmica do varejo que, segundo Cláudia, vive altos e baixos por ser bastante sazonal.
Como se proteger na Black Friday
Para saber como se proteger neste período, a advogada Caitlin Mulholland, diretora do Departamento de Direito da PUC-Rio e coordenadora do Mestrado Profissional em Direito Civil Contemporâneo e Prática Jurídica da instituição, fala sobre o cenário e sugere orientações práticas para garantir a segurança.
"A cada ano, surgem novas estratégias fraudulentas na internet, com criminosos criando perfis falsos de empresas que oferecem descontos e promoções irresistíveis. Consumidores desatentos, atraídos por ofertas vantajosas, podem acabar fornecendo dados pessoais ou financeiros a golpistas", alerta Caitlin.
A especialista em Direito Digital, aconselha que os consumidores tomem certos cuidados, como verificar a autenticidade dos sites e plataformas antes de realizar qualquer compra, checar se a URL possui o prefixo "https" e se há um cadeado ao lado do endereço da página, sinalizando que a navegação é segura.
"É fundamental também evitar clicar em links recebidos por e-mail ou redes sociais, especialmente de fontes desconhecidas", complementa.
Para se dar bem nessa data, monitore os preços antes de sair comprando, nem todo desconto é uma oportunidade, tendo em vista que algumas lojas aumentam os valores dos produtos semanas antes para simular promoções. Apesar de estar se consolidando como uma das melhores datas para o comércio, algumas promoções de Natal ou início de ano podem ser mais proveitosas, então fazer uma avaliação do que vale a pena consumir e do que se pode esperar, é essencial.
O Instituto de defesa dos consumidores (Idec) disponibiliza em seu site (https://idec.org.br/blackfriday) uma seção com diversas informações sobre os cuidados que se deve adotar, os direitos na hora da compra, como resolver problemas, além das perguntas gerais mais frequentes.